O trabalhador e o jogo do trabalho nos galpões de alegorias dos bois-bumbás de Parintins
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2018 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAM |
Texto Completo: | https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/8465 |
Resumo: | Este estudo assume o propósito de verificar os significados socioculturais da atividade laboral realizada nos galpões de alegorias dos bois-bumbás de Parintins, buscando perceber o trabalho como um jogo que se configura em prazer, empenho, felicidade, dor, sofrimento e angustia, presentes na labuta diária dos trabalhadores que se criam e recriam-se nesse processo. Isto nos instigou a realizar uma releitura da noção de trabalho trazida pela modernidade, centrada na fábrica e na divisão dos afazeres, a partir de cada especialidade, para nos centrarmos no homem amazônico e nas multiplicidades de seu modo de vida que interfere em seu fazer artístico. A pesquisa assumiu o aporte teórico-metodológico das ciências humanas e sociais, numa perspectiva da História Vista de Baixo, ancorada no conceito de Thompson, tendo por base dados empíricos e fontes orais. As experiências dos trabalhadores dos galpões de alegorias dos bois-bumbás de Parintins foram analisadas, buscando compor uma outra história e um novo contexto social local, repondo no campo da pesquisa temas até pouco tempo negligenciados pela historiografia. O local principal de nossa pesquisa assentou-se nos galpões onde são produzidos as fantasias e alegorias dos bois-bumbás Caprichoso e Garantido, ambos localizado na cidade de Parintins, no Amazonas. São nesses galpões que trabalham ferreiros soldadores, escultores, pintores ou pistoladores, artesãos e auxiliares. Sujeitos que compuseram nossa amostra e que nos, forneceram subsídios para construirmos um outro entendimento sobre o trabalhador e o trabalho na festa de boi-bumbá. Dentre os múltiplos resultados constatados ficou patente o fato de que o trabalho nos galpões dos bois-bumbás de Parintins, é encarado pelos trabalhadores como um jogo competitivo, envolvendo a ludicidade e a rivalidade, ao mesmo tempo em que esses trabalhadores não deixam de reivindicar seus direitos trabalhistas, expressando seu inconformismo e insatisfação salarial frente a um tipo de trabalho que comporta riscos e precariedade, e que nos possibilitou enxergar semelhanças e contradições existentes no trabalho do galpão com outras formas de trabalho. Desse modo, evidenciamos a importância do artista dos galpões dos bois-bumbás que em seu trabalho jogam pelo prazer de competir, e dessa forma, ainda constroem e reforçam uma identidade regional. Essas conclusões apontam para o fato de que o silenciamento de cada jogada é facilmente confundido com o conformismo, e o isolamento necessário para a criação artística, por vezes, é interpretado como ausência de coragem para lutar por seus direitos. Mas agir assim é necessário, muita gente ainda quer entrar nesse jogo, e existe um exército de artistas de reserva em prontidão, o que favorece as diretorias e os artistas de ponta, ao mesmo tempo em que dificulta um melhoramento das condições salariais e de trabalho nos galpões de boi-bumbá. |
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O trabalhador e o jogo do trabalho nos galpões de alegorias dos bois-bumbás de ParintinsFestejosCultura popularParintins (AM)AlegoriasFolclore do boiCIÊNCIAS HUMANASTrabalhadoresBoi-bumbáFestival de ParintinsEste estudo assume o propósito de verificar os significados socioculturais da atividade laboral realizada nos galpões de alegorias dos bois-bumbás de Parintins, buscando perceber o trabalho como um jogo que se configura em prazer, empenho, felicidade, dor, sofrimento e angustia, presentes na labuta diária dos trabalhadores que se criam e recriam-se nesse processo. Isto nos instigou a realizar uma releitura da noção de trabalho trazida pela modernidade, centrada na fábrica e na divisão dos afazeres, a partir de cada especialidade, para nos centrarmos no homem amazônico e nas multiplicidades de seu modo de vida que interfere em seu fazer artístico. A pesquisa assumiu o aporte teórico-metodológico das ciências humanas e sociais, numa perspectiva da História Vista de Baixo, ancorada no conceito de Thompson, tendo por base dados empíricos e fontes orais. As experiências dos trabalhadores dos galpões de alegorias dos bois-bumbás de Parintins foram analisadas, buscando compor uma outra história e um novo contexto social local, repondo no campo da pesquisa temas até pouco tempo negligenciados pela historiografia. O local principal de nossa pesquisa assentou-se nos galpões onde são produzidos as fantasias e alegorias dos bois-bumbás Caprichoso e Garantido, ambos localizado na cidade de Parintins, no Amazonas. São nesses galpões que trabalham ferreiros soldadores, escultores, pintores ou pistoladores, artesãos e auxiliares. Sujeitos que compuseram nossa amostra e que nos, forneceram subsídios para construirmos um outro entendimento sobre o trabalhador e o trabalho na festa de boi-bumbá. Dentre os múltiplos resultados constatados ficou patente o fato de que o trabalho nos galpões dos bois-bumbás de Parintins, é encarado pelos trabalhadores como um jogo competitivo, envolvendo a ludicidade e a rivalidade, ao mesmo tempo em que esses trabalhadores não deixam de reivindicar seus direitos trabalhistas, expressando seu inconformismo e insatisfação salarial frente a um tipo de trabalho que comporta riscos e precariedade, e que nos possibilitou enxergar semelhanças e contradições existentes no trabalho do galpão com outras formas de trabalho. Desse modo, evidenciamos a importância do artista dos galpões dos bois-bumbás que em seu trabalho jogam pelo prazer de competir, e dessa forma, ainda constroem e reforçam uma identidade regional. Essas conclusões apontam para o fato de que o silenciamento de cada jogada é facilmente confundido com o conformismo, e o isolamento necessário para a criação artística, por vezes, é interpretado como ausência de coragem para lutar por seus direitos. Mas agir assim é necessário, muita gente ainda quer entrar nesse jogo, e existe um exército de artistas de reserva em prontidão, o que favorece as diretorias e os artistas de ponta, ao mesmo tempo em que dificulta um melhoramento das condições salariais e de trabalho nos galpões de boi-bumbá.This thesis considers the purpose of verifying the sociocultural meanings of the work activity placed in the allegories sheds of the Boi-Bumbá from Parintins, seeking to have a sense that the work is like a game that is based in pleasure, commitment, happiness, pain, suffering and anguish - feelings presented in the the daily routine of the workers who create and recreate themselves in this process. It induced us to make a rereading of the social notion of work brought by modernity, based in the factory and division of the tasks, from each specialty, to focus on the Amazonian men and the multiplicities of their way of life that interferes in their artistic job. The research assumed the theoretical-methodological contribution of the human and social sciences, in a perspective of 'History From Below', anchored in the concept of Thompson, based on empirical data and oral sources. The experiences of the workers from the sheds of allegories of Parintins' bois-bumbás were analyzed, seeking to compose another history and a new local social context, restoring in the field of research subjects (still) recently neglected by historiography. The main site of our research was places on the sheds where the costumes and allegories of Bois-Bumbás Caprichoso and Garantido are produced, both located in the city of Parintins, in the Amazonas state. In these sheds there are workers like blacksmiths, welders, sculptors, painters, artisans and collaborators. People who composed our sample and who provided us with subsidies to construct another understanding about the worker and the work at the boi-bumbá party. One of the many verified results was the fact that the work in the sheds of the bois-bumbás of Parintins is seen by the workers as a competitive game, involving playfulness and rivalry, at the same time as these workers do not fail to claim their labor rights, expressing their nonconformity and salary dissatisfaction with a type of work that involves risks and precariousness, and that allowed us to see similarities and contradictions existing in the work of the shed with other types of work. In this way, we highlight the importance of the artists of the bois-bumbás sheds that in their work play for the pleasure of competing, and in this way, they still build and reinforce a regional identity. These conclusions point to the fact that the silencing of each move is easily confused with conformism, and the isolation necessary for artistic creation is sometimes interpreted as lacking the courage to fight for their rights. But acting like this is necessary, a lot of people still want to get into that game, and there is an army of standby artists in their way, which benefits high-level directors and artists, while hampering the improvement of pay and working conditions in the boi-bumbá sheds.Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas - FAPEAMUniversidade Federal do AmazonasInstituto de Filosofia, Ciências Humanas e SociaisBrasilUFAMPrograma de Pós-graduação em Sociedade e Cultura na AmazôniaTorres, Iraildes Caldas Torreshttp://lattes.cnpq.br/2677966121712850Silva, Julio Claudio dahttp://lattes.cnpq.br/4009362157043989Nogueira, Wilson de Souzahttp://lattes.cnpq.br/5050275095691550Pinheiro, Harald Sá Peixotohttp://lattes.cnpq.br/8413331972028683Trindade, Deilson do Carmohttp://lattes.cnpq.br/06025162007149652021-09-24T14:15:56Z2018-10-18info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfTRINDADE, Deilson do Carmo. O trabalhador e o jogo do trabalho nos galpões de alegorias dos bois-bumbás de Parintins. 2018. 241 f. Tese (Doutorado em Sociedade e Cultura na Amazônia) - Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2021.https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/8465porhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAMinstname:Universidade Federal do Amazonas (UFAM)instacron:UFAM2021-09-25T05:03:32Zoai:https://tede.ufam.edu.br/handle/:tede/8465Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://200.129.163.131:8080/PUBhttp://200.129.163.131:8080/oai/requestddbc@ufam.edu.br||ddbc@ufam.edu.bropendoar:65922021-09-25T05:03:32Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFAM - Universidade Federal do Amazonas (UFAM)false |
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