Padrões de beleza e transtornos do comportamento alimentar em mulheres negras de Salvador / Bahia
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2013 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFBA |
Texto Completo: | http://www.repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/13187 |
Resumo: | As mulheres negras são uma parcela da população para a qual as determinações sociais se impõem de forma mais agressiva, dificultando a autoestima, as relações, e fomentando a ideia de que são seres hierarquicamente de menor valor social, estando atrás do homem, branco ou negro, e da mulher branca. Renegar as características das mulheres negras e fazer com que o modelo de beleza preferido seja o das loiras, magras, sem quadris, com seios pequenos, “lábios e narizes finos”, foi um dos grandes ganhos do racismo vigente. Em se tratando dos vários tipos de mulheres negras, a gorda certamente fica num dos patamares mais baixos de valorização social. Portanto, avaliar o impacto de padrões de beleza construídos socialmente no desenvolvimento de comportamentos destruidores e agressores e que inferiorizam tipos fenotípicos diversos, como o das mulheres negras, excluindo-as ou dificultando sua inserção social, é uma forma de contribuir para a definição de meios e instrumentos eficazes de melhoria da saúde desse grupamento populacional. Portanto, o objetivo deste trabalho foi compreender a relação entre os padrões de beleza construídos socialmente, o desenvolvimento da imagem corporal e os comportamentos de risco para transtornos do comportamento alimentar entre mulheres negras de Salvador/Bahia; Identificar a influência dos ideais de beleza na construção da imagem corporal, bem como analisar a percepção da imagem corporal das mulheres de Salvador/Bahia levando em consideração o pertencimento étnico/racial; ; Conhecer a relação entre a imagem corporal dessas mulheres e o desenvolvimento dos transtornos do comportamento alimentar; Identificar e compreender os fatores protetores ou fragilizadores para o desenvolvimento dos transtornos do comportamento alimentar entre essas mulheres. A investigação constou de duas fases, uma quantitativa, na qual procurou-se identificar a prevalência de risco para transtornos do comportamento alimentar na cidade de Salvador, e a segunda,qualitativa, com o objetivo de aprofundar a relação entre o risco para estes transtornos e os padrões de beleza construídos socialmente. Na primeira fase foi utilizado um instrumento de investigação, composto de quatro questionários autoaplicáveis, em jovens na faixa etária entre 15 a 30 anos, estudantes do ensino médio e dos cursos de nutrição, psicologia, medicina, enfermagem e educação física, de instituições públicas e privadas. O primeiro questionário coletou informações sobre identificação das jovens, dados sociais, satisfação corporal, vivência do racismo e percepção de existência de rede de apoio social e familiar; o segundo indicava o risco para desenvolvimento dos transtornos do comportamento alimentar (Eating Attitude Test – EAT-26); o terceiro (Body Shape Questionnaire - BSQ), visava caracterizar a imagem corporal destas mulheres; e o último questionário (Beck Depression Inventory - BDI), avaliava possíveis graus de depressão presentes nas mesmas. Na fase qualitativa foram utilizadas duas estratégias metodológicas, os grupos focais e as entrevistas individuais com história de vida. As narrativas dos grupos focais e das entrevistas foram submetidas à análise, através de uma abordagem hermenêutica. O artigo Transtornos Alimentares em Grupos Diversos Etnicamente: uma Revisão proporcionou o entendimento de que estes transtornos estão presentes entre asiáticos, negros e latinos, mas a diversidade de valores e costumes entre esses grupos interfere no seu desenvolvimento e prevalência. A identidade étnica e a o processo de integração social têm um papel importante nos fatores de risco e forma de manifestação dessas desordens. A busca e acessibilidade ao tratamento são influenciadas por características sociais, culturais e raciais. No artigo Transtornos Alimentares: patologia ou estilo de vida? compreendeu-se que os transtornos são considerados estilos de vida, nos quais busca-se fugir ao sofrimento através do controle dos corpos e dos desejos. Há uma trama entre controle, poder e dominação, no qual as jovens pleiteiam autonomia e independência, a sociedade define e normatiza seus corpos, e dessa forma, impõem uma dominação, e os profissionais, baseados nos discursos da saúde, intentam ensiná-las como controla-los, tentando exercer de certa forma um poder sobre o outro. No artigo Risco para Transtornos Alimentares entre Estudantes de Salvador/Bahia, considerando a dimensão raça/cor encontrou-se que as estudantes que se identificaram como amarelas ou indígenas têm 3,6 vezes mais chances de comportamentos alimentares desordenados e 4,8 vezes mais possibilidade de estarem insatisfeitas com sua imagem corporal. As pardas possuem 2,5 vezes mais risco de apresentarem esta insatisfação. A depressão é uma comorbidade que deve ser considerada, apesar de não estar associada significativamente com raça/cor. No texto Satisfação com as Características Fenotípicas e Transtornos Alimentares em Estudantes de Salvador/Bahia percebeu-se que as estudantes pardas, de um modo geral, apesar de afirmarem uma satisfação com a sua aparência, expressam um conflito em relação aos traços que as identificam com uma parcela da população que é considerada socialmente menos valorizada. No entanto, não eram mais propensas a desenvolverem transtornos alimentares, o que pode ser explicado por possuírem um referencial de beleza diferente do propagado pela mídia e valorizado socialmente. Na análise dos grupos focais e entrevistas foi possível entender que tanto para as estudantes negras quanto para as não negras a magreza extrema e o excesso não se refletem muito nos desejos das jovens de Salvador. Parece que, apesar de também existir uma perseguição de um corpo perfeito, ideal, este corpo, necessariamente teria o equilíbrio como tônica importante. A insatisfação corporal esteve presente nos dois grupos, independente de apresentarem ou não preocupação com o formato e tamanho corporal. Ao avaliar as narrativas percebeu-se que sinais e sintomas dos transtornos do comportamento alimentar estiveram presentes na vida de sete jovens negras, mesmo o resultado do EAT tendo sido negativo. Os fatores que podem ser considerados protetores ou fragilizadores em relação à manifestação desordenada de comportamentos alimentares foram relacionais, estruturais e os próprios da personalidade. |
id |
UFBA-2_51c8fa24008dd889d583f1ddd8ae2816 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:repositorio.ufba.br:ri/13187 |
network_acronym_str |
UFBA-2 |
network_name_str |
Repositório Institucional da UFBA |
repository_id_str |
1932 |
spelling |
Bittencourt, Liliane de JesusBittencourt, Liliane de JesusTorrenté, Mônica de Oliveira Nunes de2013-10-10T20:13:39Z2013-10-10T20:13:39Z2013http://www.repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/13187As mulheres negras são uma parcela da população para a qual as determinações sociais se impõem de forma mais agressiva, dificultando a autoestima, as relações, e fomentando a ideia de que são seres hierarquicamente de menor valor social, estando atrás do homem, branco ou negro, e da mulher branca. Renegar as características das mulheres negras e fazer com que o modelo de beleza preferido seja o das loiras, magras, sem quadris, com seios pequenos, “lábios e narizes finos”, foi um dos grandes ganhos do racismo vigente. Em se tratando dos vários tipos de mulheres negras, a gorda certamente fica num dos patamares mais baixos de valorização social. Portanto, avaliar o impacto de padrões de beleza construídos socialmente no desenvolvimento de comportamentos destruidores e agressores e que inferiorizam tipos fenotípicos diversos, como o das mulheres negras, excluindo-as ou dificultando sua inserção social, é uma forma de contribuir para a definição de meios e instrumentos eficazes de melhoria da saúde desse grupamento populacional. Portanto, o objetivo deste trabalho foi compreender a relação entre os padrões de beleza construídos socialmente, o desenvolvimento da imagem corporal e os comportamentos de risco para transtornos do comportamento alimentar entre mulheres negras de Salvador/Bahia; Identificar a influência dos ideais de beleza na construção da imagem corporal, bem como analisar a percepção da imagem corporal das mulheres de Salvador/Bahia levando em consideração o pertencimento étnico/racial; ; Conhecer a relação entre a imagem corporal dessas mulheres e o desenvolvimento dos transtornos do comportamento alimentar; Identificar e compreender os fatores protetores ou fragilizadores para o desenvolvimento dos transtornos do comportamento alimentar entre essas mulheres. A investigação constou de duas fases, uma quantitativa, na qual procurou-se identificar a prevalência de risco para transtornos do comportamento alimentar na cidade de Salvador, e a segunda,qualitativa, com o objetivo de aprofundar a relação entre o risco para estes transtornos e os padrões de beleza construídos socialmente. Na primeira fase foi utilizado um instrumento de investigação, composto de quatro questionários autoaplicáveis, em jovens na faixa etária entre 15 a 30 anos, estudantes do ensino médio e dos cursos de nutrição, psicologia, medicina, enfermagem e educação física, de instituições públicas e privadas. O primeiro questionário coletou informações sobre identificação das jovens, dados sociais, satisfação corporal, vivência do racismo e percepção de existência de rede de apoio social e familiar; o segundo indicava o risco para desenvolvimento dos transtornos do comportamento alimentar (Eating Attitude Test – EAT-26); o terceiro (Body Shape Questionnaire - BSQ), visava caracterizar a imagem corporal destas mulheres; e o último questionário (Beck Depression Inventory - BDI), avaliava possíveis graus de depressão presentes nas mesmas. Na fase qualitativa foram utilizadas duas estratégias metodológicas, os grupos focais e as entrevistas individuais com história de vida. As narrativas dos grupos focais e das entrevistas foram submetidas à análise, através de uma abordagem hermenêutica. O artigo Transtornos Alimentares em Grupos Diversos Etnicamente: uma Revisão proporcionou o entendimento de que estes transtornos estão presentes entre asiáticos, negros e latinos, mas a diversidade de valores e costumes entre esses grupos interfere no seu desenvolvimento e prevalência. A identidade étnica e a o processo de integração social têm um papel importante nos fatores de risco e forma de manifestação dessas desordens. A busca e acessibilidade ao tratamento são influenciadas por características sociais, culturais e raciais. No artigo Transtornos Alimentares: patologia ou estilo de vida? compreendeu-se que os transtornos são considerados estilos de vida, nos quais busca-se fugir ao sofrimento através do controle dos corpos e dos desejos. Há uma trama entre controle, poder e dominação, no qual as jovens pleiteiam autonomia e independência, a sociedade define e normatiza seus corpos, e dessa forma, impõem uma dominação, e os profissionais, baseados nos discursos da saúde, intentam ensiná-las como controla-los, tentando exercer de certa forma um poder sobre o outro. No artigo Risco para Transtornos Alimentares entre Estudantes de Salvador/Bahia, considerando a dimensão raça/cor encontrou-se que as estudantes que se identificaram como amarelas ou indígenas têm 3,6 vezes mais chances de comportamentos alimentares desordenados e 4,8 vezes mais possibilidade de estarem insatisfeitas com sua imagem corporal. As pardas possuem 2,5 vezes mais risco de apresentarem esta insatisfação. A depressão é uma comorbidade que deve ser considerada, apesar de não estar associada significativamente com raça/cor. No texto Satisfação com as Características Fenotípicas e Transtornos Alimentares em Estudantes de Salvador/Bahia percebeu-se que as estudantes pardas, de um modo geral, apesar de afirmarem uma satisfação com a sua aparência, expressam um conflito em relação aos traços que as identificam com uma parcela da população que é considerada socialmente menos valorizada. No entanto, não eram mais propensas a desenvolverem transtornos alimentares, o que pode ser explicado por possuírem um referencial de beleza diferente do propagado pela mídia e valorizado socialmente. Na análise dos grupos focais e entrevistas foi possível entender que tanto para as estudantes negras quanto para as não negras a magreza extrema e o excesso não se refletem muito nos desejos das jovens de Salvador. Parece que, apesar de também existir uma perseguição de um corpo perfeito, ideal, este corpo, necessariamente teria o equilíbrio como tônica importante. A insatisfação corporal esteve presente nos dois grupos, independente de apresentarem ou não preocupação com o formato e tamanho corporal. Ao avaliar as narrativas percebeu-se que sinais e sintomas dos transtornos do comportamento alimentar estiveram presentes na vida de sete jovens negras, mesmo o resultado do EAT tendo sido negativo. Os fatores que podem ser considerados protetores ou fragilizadores em relação à manifestação desordenada de comportamentos alimentares foram relacionais, estruturais e os próprios da personalidade.Submitted by Maria Creuza Silva (mariakreuza@yahoo.com.br) on 2013-10-10T20:13:28Z No. of bitstreams: 1 Tese Liliane Bittencourt. 2013.pdf: 2380812 bytes, checksum: 1edcfb44480b78bd36a87ac41fb35564 (MD5)Approved for entry into archive by Maria Creuza Silva(mariakreuza@yahoo.com.br) on 2013-10-10T20:13:39Z (GMT) No. of bitstreams: 1 Tese Liliane Bittencourt. 2013.pdf: 2380812 bytes, checksum: 1edcfb44480b78bd36a87ac41fb35564 (MD5)Made available in DSpace on 2013-10-10T20:13:39Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Tese Liliane Bittencourt. 2013.pdf: 2380812 bytes, checksum: 1edcfb44480b78bd36a87ac41fb35564 (MD5) Previous issue date: 2013SalvadorTese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, como requesito parcial para obtenção do título de Doutor em Saúde Pública.Transtorno AlimentarImagem CorporalMulher NegraComportamento AlimentarPadrões de beleza e transtornos do comportamento alimentar em mulheres negras de Salvador / Bahiainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisporreponame:Repositório Institucional da UFBAinstname:Universidade Federal da Bahia (UFBA)instacron:UFBAinfo:eu-repo/semantics/openAccessLICENSElicense.txtlicense.txttext/plain1365https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/13187/2/license.txt5371a150bdc863f78dcf39281543bd86MD52ORIGINALTese Liliane Bittencourt. 2013.pdfTese Liliane Bittencourt. 2013.pdfapplication/pdf2380812https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/13187/1/Tese%20Liliane%20Bittencourt.%202013.pdf1edcfb44480b78bd36a87ac41fb35564MD51TEXTTese Liliane Bittencourt. 2013.pdf.txtTese Liliane Bittencourt. 2013.pdf.txtExtracted texttext/plain552982https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/13187/3/Tese%20Liliane%20Bittencourt.%202013.pdf.txt9b42106093ed83174f1f4320b93f523bMD53ri/131872022-07-05 14:02:58.516oai:repositorio.ufba.br:ri/13187VGVybW8gZGUgTGljZW7vv71hLCBu77+9byBleGNsdXNpdm8sIHBhcmEgbyBkZXDvv71zaXRvIG5vIFJlcG9zaXTvv71yaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRkJBLg0KDQogUGVsbyBwcm9jZXNzbyBkZSBzdWJtaXNz77+9byBkZSBkb2N1bWVudG9zLCBvIGF1dG9yIG91IHNldSByZXByZXNlbnRhbnRlIGxlZ2FsLCBhbyBhY2VpdGFyIA0KZXNzZSB0ZXJtbyBkZSBsaWNlbu+/vWEsIGNvbmNlZGUgYW8gUmVwb3NpdO+/vXJpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRhIEJhaGlhIA0KbyBkaXJlaXRvIGRlIG1hbnRlciB1bWEgY++/vXBpYSBlbSBzZXUgcmVwb3NpdO+/vXJpbyBjb20gYSBmaW5hbGlkYWRlLCBwcmltZWlyYSwgZGUgcHJlc2VydmHvv73vv71vLiANCkVzc2VzIHRlcm1vcywgbu+/vW8gZXhjbHVzaXZvcywgbWFudO+/vW0gb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IvY29weXJpZ2h0LCBtYXMgZW50ZW5kZSBvIGRvY3VtZW50byANCmNvbW8gcGFydGUgZG8gYWNlcnZvIGludGVsZWN0dWFsIGRlc3NhIFVuaXZlcnNpZGFkZS4NCg0KIFBhcmEgb3MgZG9jdW1lbnRvcyBwdWJsaWNhZG9zIGNvbSByZXBhc3NlIGRlIGRpcmVpdG9zIGRlIGRpc3RyaWJ1ae+/ve+/vW8sIGVzc2UgdGVybW8gZGUgbGljZW7vv71hIA0KZW50ZW5kZSBxdWU6DQoNCiBNYW50ZW5kbyBvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcywgcmVwYXNzYWRvcyBhIHRlcmNlaXJvcywgZW0gY2FzbyBkZSBwdWJsaWNh77+977+9ZXMsIG8gcmVwb3NpdO+/vXJpbw0KcG9kZSByZXN0cmluZ2lyIG8gYWNlc3NvIGFvIHRleHRvIGludGVncmFsLCBtYXMgbGliZXJhIGFzIGluZm9ybWHvv73vv71lcyBzb2JyZSBvIGRvY3VtZW50bw0KKE1ldGFkYWRvcyBlc2NyaXRpdm9zKS4NCg0KIERlc3RhIGZvcm1hLCBhdGVuZGVuZG8gYW9zIGFuc2Vpb3MgZGVzc2EgdW5pdmVyc2lkYWRlIGVtIG1hbnRlciBzdWEgcHJvZHXvv73vv71vIGNpZW5077+9ZmljYSBjb20gDQphcyByZXN0cmnvv73vv71lcyBpbXBvc3RhcyBwZWxvcyBlZGl0b3JlcyBkZSBwZXJp77+9ZGljb3MuDQoNCiBQYXJhIGFzIHB1YmxpY2Hvv73vv71lcyBzZW0gaW5pY2lhdGl2YXMgcXVlIHNlZ3VlbSBhIHBvbO+/vXRpY2EgZGUgQWNlc3NvIEFiZXJ0bywgb3MgZGVw77+9c2l0b3MgDQpjb21wdWxz77+9cmlvcyBuZXNzZSByZXBvc2l077+9cmlvIG1hbnTvv71tIG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCBtYXMgbWFudO+/vW0gYWNlc3NvIGlycmVzdHJpdG8gDQphbyBtZXRhZGFkb3MgZSB0ZXh0byBjb21wbGV0by4gQXNzaW0sIGEgYWNlaXRh77+977+9byBkZXNzZSB0ZXJtbyBu77+9byBuZWNlc3NpdGEgZGUgY29uc2VudGltZW50bw0KIHBvciBwYXJ0ZSBkZSBhdXRvcmVzL2RldGVudG9yZXMgZG9zIGRpcmVpdG9zLCBwb3IgZXN0YXJlbSBlbSBpbmljaWF0aXZhcyBkZSBhY2Vzc28gYWJlcnRvLg==Repositório InstitucionalPUBhttp://192.188.11.11:8080/oai/requestopendoar:19322022-07-05T17:02:58Repositório Institucional da UFBA - Universidade Federal da Bahia (UFBA)false |
dc.title.pt_BR.fl_str_mv |
Padrões de beleza e transtornos do comportamento alimentar em mulheres negras de Salvador / Bahia |
title |
Padrões de beleza e transtornos do comportamento alimentar em mulheres negras de Salvador / Bahia |
spellingShingle |
Padrões de beleza e transtornos do comportamento alimentar em mulheres negras de Salvador / Bahia Bittencourt, Liliane de Jesus Transtorno Alimentar Imagem Corporal Mulher Negra Comportamento Alimentar |
title_short |
Padrões de beleza e transtornos do comportamento alimentar em mulheres negras de Salvador / Bahia |
title_full |
Padrões de beleza e transtornos do comportamento alimentar em mulheres negras de Salvador / Bahia |
title_fullStr |
Padrões de beleza e transtornos do comportamento alimentar em mulheres negras de Salvador / Bahia |
title_full_unstemmed |
Padrões de beleza e transtornos do comportamento alimentar em mulheres negras de Salvador / Bahia |
title_sort |
Padrões de beleza e transtornos do comportamento alimentar em mulheres negras de Salvador / Bahia |
author |
Bittencourt, Liliane de Jesus |
author_facet |
Bittencourt, Liliane de Jesus |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Bittencourt, Liliane de Jesus Bittencourt, Liliane de Jesus |
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv |
Torrenté, Mônica de Oliveira Nunes de |
contributor_str_mv |
Torrenté, Mônica de Oliveira Nunes de |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Transtorno Alimentar Imagem Corporal Mulher Negra Comportamento Alimentar |
topic |
Transtorno Alimentar Imagem Corporal Mulher Negra Comportamento Alimentar |
description |
As mulheres negras são uma parcela da população para a qual as determinações sociais se impõem de forma mais agressiva, dificultando a autoestima, as relações, e fomentando a ideia de que são seres hierarquicamente de menor valor social, estando atrás do homem, branco ou negro, e da mulher branca. Renegar as características das mulheres negras e fazer com que o modelo de beleza preferido seja o das loiras, magras, sem quadris, com seios pequenos, “lábios e narizes finos”, foi um dos grandes ganhos do racismo vigente. Em se tratando dos vários tipos de mulheres negras, a gorda certamente fica num dos patamares mais baixos de valorização social. Portanto, avaliar o impacto de padrões de beleza construídos socialmente no desenvolvimento de comportamentos destruidores e agressores e que inferiorizam tipos fenotípicos diversos, como o das mulheres negras, excluindo-as ou dificultando sua inserção social, é uma forma de contribuir para a definição de meios e instrumentos eficazes de melhoria da saúde desse grupamento populacional. Portanto, o objetivo deste trabalho foi compreender a relação entre os padrões de beleza construídos socialmente, o desenvolvimento da imagem corporal e os comportamentos de risco para transtornos do comportamento alimentar entre mulheres negras de Salvador/Bahia; Identificar a influência dos ideais de beleza na construção da imagem corporal, bem como analisar a percepção da imagem corporal das mulheres de Salvador/Bahia levando em consideração o pertencimento étnico/racial; ; Conhecer a relação entre a imagem corporal dessas mulheres e o desenvolvimento dos transtornos do comportamento alimentar; Identificar e compreender os fatores protetores ou fragilizadores para o desenvolvimento dos transtornos do comportamento alimentar entre essas mulheres. A investigação constou de duas fases, uma quantitativa, na qual procurou-se identificar a prevalência de risco para transtornos do comportamento alimentar na cidade de Salvador, e a segunda,qualitativa, com o objetivo de aprofundar a relação entre o risco para estes transtornos e os padrões de beleza construídos socialmente. Na primeira fase foi utilizado um instrumento de investigação, composto de quatro questionários autoaplicáveis, em jovens na faixa etária entre 15 a 30 anos, estudantes do ensino médio e dos cursos de nutrição, psicologia, medicina, enfermagem e educação física, de instituições públicas e privadas. O primeiro questionário coletou informações sobre identificação das jovens, dados sociais, satisfação corporal, vivência do racismo e percepção de existência de rede de apoio social e familiar; o segundo indicava o risco para desenvolvimento dos transtornos do comportamento alimentar (Eating Attitude Test – EAT-26); o terceiro (Body Shape Questionnaire - BSQ), visava caracterizar a imagem corporal destas mulheres; e o último questionário (Beck Depression Inventory - BDI), avaliava possíveis graus de depressão presentes nas mesmas. Na fase qualitativa foram utilizadas duas estratégias metodológicas, os grupos focais e as entrevistas individuais com história de vida. As narrativas dos grupos focais e das entrevistas foram submetidas à análise, através de uma abordagem hermenêutica. O artigo Transtornos Alimentares em Grupos Diversos Etnicamente: uma Revisão proporcionou o entendimento de que estes transtornos estão presentes entre asiáticos, negros e latinos, mas a diversidade de valores e costumes entre esses grupos interfere no seu desenvolvimento e prevalência. A identidade étnica e a o processo de integração social têm um papel importante nos fatores de risco e forma de manifestação dessas desordens. A busca e acessibilidade ao tratamento são influenciadas por características sociais, culturais e raciais. No artigo Transtornos Alimentares: patologia ou estilo de vida? compreendeu-se que os transtornos são considerados estilos de vida, nos quais busca-se fugir ao sofrimento através do controle dos corpos e dos desejos. Há uma trama entre controle, poder e dominação, no qual as jovens pleiteiam autonomia e independência, a sociedade define e normatiza seus corpos, e dessa forma, impõem uma dominação, e os profissionais, baseados nos discursos da saúde, intentam ensiná-las como controla-los, tentando exercer de certa forma um poder sobre o outro. No artigo Risco para Transtornos Alimentares entre Estudantes de Salvador/Bahia, considerando a dimensão raça/cor encontrou-se que as estudantes que se identificaram como amarelas ou indígenas têm 3,6 vezes mais chances de comportamentos alimentares desordenados e 4,8 vezes mais possibilidade de estarem insatisfeitas com sua imagem corporal. As pardas possuem 2,5 vezes mais risco de apresentarem esta insatisfação. A depressão é uma comorbidade que deve ser considerada, apesar de não estar associada significativamente com raça/cor. No texto Satisfação com as Características Fenotípicas e Transtornos Alimentares em Estudantes de Salvador/Bahia percebeu-se que as estudantes pardas, de um modo geral, apesar de afirmarem uma satisfação com a sua aparência, expressam um conflito em relação aos traços que as identificam com uma parcela da população que é considerada socialmente menos valorizada. No entanto, não eram mais propensas a desenvolverem transtornos alimentares, o que pode ser explicado por possuírem um referencial de beleza diferente do propagado pela mídia e valorizado socialmente. Na análise dos grupos focais e entrevistas foi possível entender que tanto para as estudantes negras quanto para as não negras a magreza extrema e o excesso não se refletem muito nos desejos das jovens de Salvador. Parece que, apesar de também existir uma perseguição de um corpo perfeito, ideal, este corpo, necessariamente teria o equilíbrio como tônica importante. A insatisfação corporal esteve presente nos dois grupos, independente de apresentarem ou não preocupação com o formato e tamanho corporal. Ao avaliar as narrativas percebeu-se que sinais e sintomas dos transtornos do comportamento alimentar estiveram presentes na vida de sete jovens negras, mesmo o resultado do EAT tendo sido negativo. Os fatores que podem ser considerados protetores ou fragilizadores em relação à manifestação desordenada de comportamentos alimentares foram relacionais, estruturais e os próprios da personalidade. |
publishDate |
2013 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2013-10-10T20:13:39Z |
dc.date.available.fl_str_mv |
2013-10-10T20:13:39Z |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2013 |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
format |
doctoralThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://www.repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/13187 |
url |
http://www.repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/13187 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, como requesito parcial para obtenção do título de Doutor em Saúde Pública. |
publisher.none.fl_str_mv |
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, como requesito parcial para obtenção do título de Doutor em Saúde Pública. |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da UFBA instname:Universidade Federal da Bahia (UFBA) instacron:UFBA |
instname_str |
Universidade Federal da Bahia (UFBA) |
instacron_str |
UFBA |
institution |
UFBA |
reponame_str |
Repositório Institucional da UFBA |
collection |
Repositório Institucional da UFBA |
bitstream.url.fl_str_mv |
https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/13187/2/license.txt https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/13187/1/Tese%20Liliane%20Bittencourt.%202013.pdf https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/13187/3/Tese%20Liliane%20Bittencourt.%202013.pdf.txt |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
5371a150bdc863f78dcf39281543bd86 1edcfb44480b78bd36a87ac41fb35564 9b42106093ed83174f1f4320b93f523b |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 MD5 MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Institucional da UFBA - Universidade Federal da Bahia (UFBA) |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1808459462179028992 |