AS PREPOSIÇÕES INTRODUTORAS DE DATIVO EM VERBOS DITRANSITIVOS DINÂMICOS NO PORTUGUÊS RURAL DA BAHIA: EVIDÊNCIAS DO CONTATO ENTRE LÍNGUAS
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFBA |
Texto Completo: | http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/28508 |
Resumo: | Esta tese tem por objeto de estudo a (não) realização das preposições a e para, introdutoras de dativo alvo/meta de verbos ditransitivos de movimento e de transferência no português afro-brasileiro. O aporte teórico-metodológico que serve como base para a construção da argumentação nesta pesquisa valida-se na Teoria da variação e mudança laboviana, na abordagem formalista, e nas teorias da aquisição de línguas em contato. Os objetivos foram delimitados da seguinte forma: i) descrever os aspectos linguísticos e extralinguísticos no tocante à variação e mudança dessas preposições; ii) desenvolver a explicação para os resultados da análise dos dados do português afro-brasileiro, com base nas teorias de aquisição de segunda língua em situação de contato entre o português brasileiro e línguas africanas, devido ao número considerável de africanos das zonas bantas que teriam sido enviados para o Brasil, sobretudo para a Bahia. A hipótese explicativa se desenvolve em torno do fato de que o item prepositivo para teria se inserido em contextos dativos alvo/meta, a partir de um processo de relexificação (LEFEVBRE, 1998; 2002) pela interpretação do traço [deslocamento] equivalente às preposições prefixais ku, mu e bu, das línguas de substrato banto. Esse processo teria iniciado na situação de contato intenso entre línguas que se instaurou durante todo o período colonial, com os desembarques sucessivos de africanos no Brasil por causa do tráfico. Em consequência desses fatos históricos, verifica-se a perda do núcleo aplicativo, nos termos de Pylkkänen (2002), expresso morfologicamente na língua alvo pela preposição dummy a e clíticos dativos de terceira pessoa lhe/lhes, devido à escassez e à ambiguidade de inputs, resultando na seleção (inconsciente) do parâmetro de uma gramática não marcada (ROBERTS, 2007): a construção ditransitiva preposicionada (CDP), em concorrência com outra gramática mais marcada: a construção aplicativa (COD).O resultado da análise dos dados no corpus do português afro-brasileiro evidencia que a gramática não marcada tem vencido a competição, tendo em vista a alta frequência na faixa etária mais jovem, em detrimento das demais variantes: a e Ø, demonstrando uma mudança em curso no que se refere à distribuição dessas variantes pelas faixas etárias nas quatro das comunidades rurais afro-brasileiras em estudo, a saber: Helvécia, Rio de Contas, Cinzento e Sapé. Além disso, os dados apontam para o seguinte resultado: as três estratégias são covariantes apenas com verbos discendi e de transferência material; a alta frequência da preposição para em contextos semânticos verbais mais concretos e o uso frequente das demais variantes, a e Ø, em contextos mais abstratos; a ordem V OD prep.+DAT favorece a preposição para, enquanto a ordem V DAT OD favorece a e Ø; a variante do padrão português ocorre em alta frequência dativos anafóricos, enquanto a variante sem preposição ocorre em contextos com DP lexicais; Sapé é a comunidade que mais favorece a realização da variante padrão da língua alvo por sua proximidade à capital baiana, enquanto o apagamento da preposição ocorre principalmente em Helvécia e Cinzento, enquanto que Rio de Contas é a comunidade que mais possui ocorrência da variante inovadora. |
id |
UFBA-2_5abb35ea0742931531b22497f0edfd94 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:repositorio.ufba.br:ri/28508 |
network_acronym_str |
UFBA-2 |
network_name_str |
Repositório Institucional da UFBA |
repository_id_str |
1932 |
spelling |
BARROS, Isis Juliana Figueiredo deSILVA, Maria Cristina Vieira de FigueiredoCARVALHO, Danniel da SilvaAraújo, Silvana Silva de FariasSALLES, Heloisa Maria Moreira Lima de AlmeidaSOUZA, Lílian Teixeira de2019-01-30T17:09:06Z2019-01-30T17:09:06Z2019-01-302018-08-06Tesehttp://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/28508Esta tese tem por objeto de estudo a (não) realização das preposições a e para, introdutoras de dativo alvo/meta de verbos ditransitivos de movimento e de transferência no português afro-brasileiro. O aporte teórico-metodológico que serve como base para a construção da argumentação nesta pesquisa valida-se na Teoria da variação e mudança laboviana, na abordagem formalista, e nas teorias da aquisição de línguas em contato. Os objetivos foram delimitados da seguinte forma: i) descrever os aspectos linguísticos e extralinguísticos no tocante à variação e mudança dessas preposições; ii) desenvolver a explicação para os resultados da análise dos dados do português afro-brasileiro, com base nas teorias de aquisição de segunda língua em situação de contato entre o português brasileiro e línguas africanas, devido ao número considerável de africanos das zonas bantas que teriam sido enviados para o Brasil, sobretudo para a Bahia. A hipótese explicativa se desenvolve em torno do fato de que o item prepositivo para teria se inserido em contextos dativos alvo/meta, a partir de um processo de relexificação (LEFEVBRE, 1998; 2002) pela interpretação do traço [deslocamento] equivalente às preposições prefixais ku, mu e bu, das línguas de substrato banto. Esse processo teria iniciado na situação de contato intenso entre línguas que se instaurou durante todo o período colonial, com os desembarques sucessivos de africanos no Brasil por causa do tráfico. Em consequência desses fatos históricos, verifica-se a perda do núcleo aplicativo, nos termos de Pylkkänen (2002), expresso morfologicamente na língua alvo pela preposição dummy a e clíticos dativos de terceira pessoa lhe/lhes, devido à escassez e à ambiguidade de inputs, resultando na seleção (inconsciente) do parâmetro de uma gramática não marcada (ROBERTS, 2007): a construção ditransitiva preposicionada (CDP), em concorrência com outra gramática mais marcada: a construção aplicativa (COD).O resultado da análise dos dados no corpus do português afro-brasileiro evidencia que a gramática não marcada tem vencido a competição, tendo em vista a alta frequência na faixa etária mais jovem, em detrimento das demais variantes: a e Ø, demonstrando uma mudança em curso no que se refere à distribuição dessas variantes pelas faixas etárias nas quatro das comunidades rurais afro-brasileiras em estudo, a saber: Helvécia, Rio de Contas, Cinzento e Sapé. Além disso, os dados apontam para o seguinte resultado: as três estratégias são covariantes apenas com verbos discendi e de transferência material; a alta frequência da preposição para em contextos semânticos verbais mais concretos e o uso frequente das demais variantes, a e Ø, em contextos mais abstratos; a ordem V OD prep.+DAT favorece a preposição para, enquanto a ordem V DAT OD favorece a e Ø; a variante do padrão português ocorre em alta frequência dativos anafóricos, enquanto a variante sem preposição ocorre em contextos com DP lexicais; Sapé é a comunidade que mais favorece a realização da variante padrão da língua alvo por sua proximidade à capital baiana, enquanto o apagamento da preposição ocorre principalmente em Helvécia e Cinzento, enquanto que Rio de Contas é a comunidade que mais possui ocorrência da variante inovadora.Submitted by Isis Barros (julianaisis@gmail.com) on 2019-01-29T23:43:59Z No. of bitstreams: 1 TESE ISIS BARROS 2018.pdf: 3200956 bytes, checksum: ac3ea94c2faa14d67891f7471b44639d (MD5)Approved for entry into archive by Setor de Periódicos (per_macedocosta@ufba.br) on 2019-01-30T17:09:06Z (GMT) No. of bitstreams: 1 TESE ISIS BARROS 2018.pdf: 3200956 bytes, checksum: ac3ea94c2faa14d67891f7471b44639d (MD5)Made available in DSpace on 2019-01-30T17:09:06Z (GMT). No. of bitstreams: 1 TESE ISIS BARROS 2018.pdf: 3200956 bytes, checksum: ac3ea94c2faa14d67891f7471b44639d (MD5)CAPES (1º ano)Linguística HistóricaTeoria e Análise LinguísticaSociolinguística e DialetologiaPreposiçõesDativoConstrução ditransitivaPortuguês afro-brasileiroAquisição de L2AS PREPOSIÇÕES INTRODUTORAS DE DATIVO EM VERBOS DITRANSITIVOS DINÂMICOS NO PORTUGUÊS RURAL DA BAHIA: EVIDÊNCIAS DO CONTATO ENTRE LÍNGUASinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisINSTITUTO DE LETRASPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LÍNGUA E CULTURAUFBABrasilinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFBAinstname:Universidade Federal da Bahia (UFBA)instacron:UFBAORIGINALTESE ISIS BARROS 2018.pdfTESE ISIS BARROS 2018.pdfapplication/pdf3200956https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/28508/1/TESE%20ISIS%20BARROS%202018.pdfac3ea94c2faa14d67891f7471b44639dMD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain1345https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/28508/2/license.txtff6eaa8b858ea317fded99f125f5fcd0MD52TEXTTESE ISIS BARROS 2018.pdf.txtTESE ISIS BARROS 2018.pdf.txtExtracted texttext/plain637886https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/28508/3/TESE%20ISIS%20BARROS%202018.pdf.txt7546af6b5ed25f8d3ac4f37e49c3ab39MD53ri/285082022-03-16 22:10:43.113oai:repositorio.ufba.br:ri/28508VGVybW8gZGUgTGljZW7vv71hLCBu77+9byBleGNsdXNpdm8sIHBhcmEgbyBkZXDvv71zaXRvIG5vIFJlcG9zaXTvv71yaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRkJBLgoKIFBlbG8gcHJvY2Vzc28gZGUgc3VibWlzc++/vW8gZGUgZG9jdW1lbnRvcywgbyBhdXRvciBvdSBzZXUgcmVwcmVzZW50YW50ZSBsZWdhbCwgYW8gYWNlaXRhciAKZXNzZSB0ZXJtbyBkZSBsaWNlbu+/vWEsIGNvbmNlZGUgYW8gUmVwb3NpdO+/vXJpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRhIEJhaGlhIApvIGRpcmVpdG8gZGUgbWFudGVyIHVtYSBj77+9cGlhIGVtIHNldSByZXBvc2l077+9cmlvIGNvbSBhIGZpbmFsaWRhZGUsIHByaW1laXJhLCBkZSBwcmVzZXJ2Ye+/ve+/vW8uIApFc3NlcyB0ZXJtb3MsIG7vv71vIGV4Y2x1c2l2b3MsIG1hbnTvv71tIG9zIGRpcmVpdG9zIGRlIGF1dG9yL2NvcHlyaWdodCwgbWFzIGVudGVuZGUgbyBkb2N1bWVudG8gCmNvbW8gcGFydGUgZG8gYWNlcnZvIGludGVsZWN0dWFsIGRlc3NhIFVuaXZlcnNpZGFkZS4KCiBQYXJhIG9zIGRvY3VtZW50b3MgcHVibGljYWRvcyBjb20gcmVwYXNzZSBkZSBkaXJlaXRvcyBkZSBkaXN0cmlidWnvv73vv71vLCBlc3NlIHRlcm1vIGRlIGxpY2Vu77+9YSAKZW50ZW5kZSBxdWU6CgogTWFudGVuZG8gb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMsIHJlcGFzc2Fkb3MgYSB0ZXJjZWlyb3MsIGVtIGNhc28gZGUgcHVibGljYe+/ve+/vWVzLCBvIHJlcG9zaXTvv71yaW8KcG9kZSByZXN0cmluZ2lyIG8gYWNlc3NvIGFvIHRleHRvIGludGVncmFsLCBtYXMgbGliZXJhIGFzIGluZm9ybWHvv73vv71lcyBzb2JyZSBvIGRvY3VtZW50bwooTWV0YWRhZG9zIGVzY3JpdGl2b3MpLgoKIERlc3RhIGZvcm1hLCBhdGVuZGVuZG8gYW9zIGFuc2Vpb3MgZGVzc2EgdW5pdmVyc2lkYWRlIGVtIG1hbnRlciBzdWEgcHJvZHXvv73vv71vIGNpZW5077+9ZmljYSBjb20gCmFzIHJlc3Ryae+/ve+/vWVzIGltcG9zdGFzIHBlbG9zIGVkaXRvcmVzIGRlIHBlcmnvv71kaWNvcy4KCiBQYXJhIGFzIHB1YmxpY2Hvv73vv71lcyBzZW0gaW5pY2lhdGl2YXMgcXVlIHNlZ3VlbSBhIHBvbO+/vXRpY2EgZGUgQWNlc3NvIEFiZXJ0bywgb3MgZGVw77+9c2l0b3MgCmNvbXB1bHPvv71yaW9zIG5lc3NlIHJlcG9zaXTvv71yaW8gbWFudO+/vW0gb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMsIG1hcyBtYW5077+9bSBhY2Vzc28gaXJyZXN0cml0byAKYW8gbWV0YWRhZG9zIGUgdGV4dG8gY29tcGxldG8uIEFzc2ltLCBhIGFjZWl0Ye+/ve+/vW8gZGVzc2UgdGVybW8gbu+/vW8gbmVjZXNzaXRhIGRlIGNvbnNlbnRpbWVudG8KIHBvciBwYXJ0ZSBkZSBhdXRvcmVzL2RldGVudG9yZXMgZG9zIGRpcmVpdG9zLCBwb3IgZXN0YXJlbSBlbSBpbmljaWF0aXZhcyBkZSBhY2Vzc28gYWJlcnRvLgo=Repositório InstitucionalPUBhttp://192.188.11.11:8080/oai/requestopendoar:19322022-03-17T01:10:43Repositório Institucional da UFBA - Universidade Federal da Bahia (UFBA)false |
dc.title.pt_BR.fl_str_mv |
AS PREPOSIÇÕES INTRODUTORAS DE DATIVO EM VERBOS DITRANSITIVOS DINÂMICOS NO PORTUGUÊS RURAL DA BAHIA: EVIDÊNCIAS DO CONTATO ENTRE LÍNGUAS |
title |
AS PREPOSIÇÕES INTRODUTORAS DE DATIVO EM VERBOS DITRANSITIVOS DINÂMICOS NO PORTUGUÊS RURAL DA BAHIA: EVIDÊNCIAS DO CONTATO ENTRE LÍNGUAS |
spellingShingle |
AS PREPOSIÇÕES INTRODUTORAS DE DATIVO EM VERBOS DITRANSITIVOS DINÂMICOS NO PORTUGUÊS RURAL DA BAHIA: EVIDÊNCIAS DO CONTATO ENTRE LÍNGUAS BARROS, Isis Juliana Figueiredo de Linguística Histórica Teoria e Análise Linguística Sociolinguística e Dialetologia Preposições Dativo Construção ditransitiva Português afro-brasileiro Aquisição de L2 |
title_short |
AS PREPOSIÇÕES INTRODUTORAS DE DATIVO EM VERBOS DITRANSITIVOS DINÂMICOS NO PORTUGUÊS RURAL DA BAHIA: EVIDÊNCIAS DO CONTATO ENTRE LÍNGUAS |
title_full |
AS PREPOSIÇÕES INTRODUTORAS DE DATIVO EM VERBOS DITRANSITIVOS DINÂMICOS NO PORTUGUÊS RURAL DA BAHIA: EVIDÊNCIAS DO CONTATO ENTRE LÍNGUAS |
title_fullStr |
AS PREPOSIÇÕES INTRODUTORAS DE DATIVO EM VERBOS DITRANSITIVOS DINÂMICOS NO PORTUGUÊS RURAL DA BAHIA: EVIDÊNCIAS DO CONTATO ENTRE LÍNGUAS |
title_full_unstemmed |
AS PREPOSIÇÕES INTRODUTORAS DE DATIVO EM VERBOS DITRANSITIVOS DINÂMICOS NO PORTUGUÊS RURAL DA BAHIA: EVIDÊNCIAS DO CONTATO ENTRE LÍNGUAS |
title_sort |
AS PREPOSIÇÕES INTRODUTORAS DE DATIVO EM VERBOS DITRANSITIVOS DINÂMICOS NO PORTUGUÊS RURAL DA BAHIA: EVIDÊNCIAS DO CONTATO ENTRE LÍNGUAS |
author |
BARROS, Isis Juliana Figueiredo de |
author_facet |
BARROS, Isis Juliana Figueiredo de |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
BARROS, Isis Juliana Figueiredo de |
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv |
SILVA, Maria Cristina Vieira de Figueiredo |
dc.contributor.advisor-co1.fl_str_mv |
CARVALHO, Danniel da Silva |
dc.contributor.referee1.fl_str_mv |
Araújo, Silvana Silva de Farias SALLES, Heloisa Maria Moreira Lima de Almeida SOUZA, Lílian Teixeira de |
contributor_str_mv |
SILVA, Maria Cristina Vieira de Figueiredo CARVALHO, Danniel da Silva Araújo, Silvana Silva de Farias SALLES, Heloisa Maria Moreira Lima de Almeida SOUZA, Lílian Teixeira de |
dc.subject.cnpq.fl_str_mv |
Linguística Histórica Teoria e Análise Linguística Sociolinguística e Dialetologia |
topic |
Linguística Histórica Teoria e Análise Linguística Sociolinguística e Dialetologia Preposições Dativo Construção ditransitiva Português afro-brasileiro Aquisição de L2 |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Preposições Dativo Construção ditransitiva Português afro-brasileiro Aquisição de L2 |
description |
Esta tese tem por objeto de estudo a (não) realização das preposições a e para, introdutoras de dativo alvo/meta de verbos ditransitivos de movimento e de transferência no português afro-brasileiro. O aporte teórico-metodológico que serve como base para a construção da argumentação nesta pesquisa valida-se na Teoria da variação e mudança laboviana, na abordagem formalista, e nas teorias da aquisição de línguas em contato. Os objetivos foram delimitados da seguinte forma: i) descrever os aspectos linguísticos e extralinguísticos no tocante à variação e mudança dessas preposições; ii) desenvolver a explicação para os resultados da análise dos dados do português afro-brasileiro, com base nas teorias de aquisição de segunda língua em situação de contato entre o português brasileiro e línguas africanas, devido ao número considerável de africanos das zonas bantas que teriam sido enviados para o Brasil, sobretudo para a Bahia. A hipótese explicativa se desenvolve em torno do fato de que o item prepositivo para teria se inserido em contextos dativos alvo/meta, a partir de um processo de relexificação (LEFEVBRE, 1998; 2002) pela interpretação do traço [deslocamento] equivalente às preposições prefixais ku, mu e bu, das línguas de substrato banto. Esse processo teria iniciado na situação de contato intenso entre línguas que se instaurou durante todo o período colonial, com os desembarques sucessivos de africanos no Brasil por causa do tráfico. Em consequência desses fatos históricos, verifica-se a perda do núcleo aplicativo, nos termos de Pylkkänen (2002), expresso morfologicamente na língua alvo pela preposição dummy a e clíticos dativos de terceira pessoa lhe/lhes, devido à escassez e à ambiguidade de inputs, resultando na seleção (inconsciente) do parâmetro de uma gramática não marcada (ROBERTS, 2007): a construção ditransitiva preposicionada (CDP), em concorrência com outra gramática mais marcada: a construção aplicativa (COD).O resultado da análise dos dados no corpus do português afro-brasileiro evidencia que a gramática não marcada tem vencido a competição, tendo em vista a alta frequência na faixa etária mais jovem, em detrimento das demais variantes: a e Ø, demonstrando uma mudança em curso no que se refere à distribuição dessas variantes pelas faixas etárias nas quatro das comunidades rurais afro-brasileiras em estudo, a saber: Helvécia, Rio de Contas, Cinzento e Sapé. Além disso, os dados apontam para o seguinte resultado: as três estratégias são covariantes apenas com verbos discendi e de transferência material; a alta frequência da preposição para em contextos semânticos verbais mais concretos e o uso frequente das demais variantes, a e Ø, em contextos mais abstratos; a ordem V OD prep.+DAT favorece a preposição para, enquanto a ordem V DAT OD favorece a e Ø; a variante do padrão português ocorre em alta frequência dativos anafóricos, enquanto a variante sem preposição ocorre em contextos com DP lexicais; Sapé é a comunidade que mais favorece a realização da variante padrão da língua alvo por sua proximidade à capital baiana, enquanto o apagamento da preposição ocorre principalmente em Helvécia e Cinzento, enquanto que Rio de Contas é a comunidade que mais possui ocorrência da variante inovadora. |
publishDate |
2018 |
dc.date.submitted.none.fl_str_mv |
2018-08-06 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2019-01-30T17:09:06Z |
dc.date.available.fl_str_mv |
2019-01-30T17:09:06Z |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2019-01-30 |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
format |
doctoralThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/28508 |
dc.identifier.other.none.fl_str_mv |
Tese |
identifier_str_mv |
Tese |
url |
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/28508 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
INSTITUTO DE LETRAS |
dc.publisher.program.fl_str_mv |
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LÍNGUA E CULTURA |
dc.publisher.initials.fl_str_mv |
UFBA |
dc.publisher.country.fl_str_mv |
Brasil |
publisher.none.fl_str_mv |
INSTITUTO DE LETRAS |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da UFBA instname:Universidade Federal da Bahia (UFBA) instacron:UFBA |
instname_str |
Universidade Federal da Bahia (UFBA) |
instacron_str |
UFBA |
institution |
UFBA |
reponame_str |
Repositório Institucional da UFBA |
collection |
Repositório Institucional da UFBA |
bitstream.url.fl_str_mv |
https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/28508/1/TESE%20ISIS%20BARROS%202018.pdf https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/28508/2/license.txt https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/28508/3/TESE%20ISIS%20BARROS%202018.pdf.txt |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
ac3ea94c2faa14d67891f7471b44639d ff6eaa8b858ea317fded99f125f5fcd0 7546af6b5ed25f8d3ac4f37e49c3ab39 |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 MD5 MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Institucional da UFBA - Universidade Federal da Bahia (UFBA) |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1808459582846009344 |