Introduzindo argumentos: uma proposta para as sentenças ditransitivas do português brasileiro

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Calindro, Ana Regina Vaz
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-01032016-154938/
Resumo: O objetivo desta tese é discutir uma mudança diacrônica na introdução dos argumentos indiretos das sentenças ditransitivas do português brasileiro (PB). Desde o século XIX, o PB iniciou uma reanálise das estratégias possíveis para a introdução de seus objetos indiretos (OI), generalizando o uso da preposição lexical para em detrimento da preposição a, nos contextos de verbos ditransitivos de movimento, transferência e criação dar, enviar, preparar, respectivamente. Ao mesmo tempo em que essa mudança ocorreu, a expressão morfológica do argumento dativo representada pelo clítico dativo de terceira pessoa lhe(s) também foi substituída por outras estratégias, tais como objetos pronominais para / a ele(s)/ ela(s) (cf. Gomes, 2003; Freire, 2005; Torres Morais & Berlinck, 2006, 2007; Torres Morais & Salles 2010). Com o intuito de apresentar uma análise abrangente desse processo de mudança histórica no PB, analisei um corpus jornalístico composto por 223 primeiras capas da Folha de São Paulo escritas entre as décadas de 1920 e 2010, recolhidas do livro 90 anos de história nas capas mais importantes da Folha. Dessa forma, o PB não possui mais a expressão de caso dativo, nem através da preposição funcional a, nem do clítico dativo lhe(s), portanto assumo nesta tese que, diferentemente do PE, a introdução dos argumentos indiretos em PB não pode ser feita através de núcleos aplicativos. Assim sendo, o PB passou de um tipo de língua que apresentava evidência de Caso dativo para uma variante na qual apenas Caso oblíquo é atribuído ao OI por meio de preposições transitivas lexicais. Desse modo, proponho que os argumentos indiretos em PB são introduzidos por uma projeção pP (cf. Svenonius 2003, 2004, 2007; Wood 2012).
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