A experiência de ser migrante em situação de refúgio: pelas fronteiras da geograficidade

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Virgens, Daniela Araujo
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/35603
Resumo: Este trabalho é uma reflexão, com base em uma perspectiva fenomenológica, sobre como é ser migrante em situação de refúgio, a partir de um olhar que busca desvelar a relação entre o Estado-nação e a existência, que é atravessada pelas questões da identidade e da diferença, do eu e do outro, da familiaridade e do estranhamento. A noção de geograficidade é importante no entendimento da transformação da relação com a terra natal, da tomada de decisão de partir, da travessia, das relações com o local de destino e as novas relações transnacionais. A partir do diálogo com autores como Martin Heidegger, Eric Dardel, Eduardo Marandola Júnior e Angelo Serpa, entre outros estudiosos importantes para entender a relação entre a Fenomenologia e a Geografia, foi necessário ir além e buscar na interdisciplinaridade algumas explicações para o fenômeno estudado. Dessa forma, autores do campo da Filosofia, da Sociologia, da Antropologia, do Direito, da Psicanálise, entre outras áreas, se revelaram necessários nesse diálogo ao longo do processo de pesquisa e de escrita. A análise do tema ocorre, principalmente, a partir das histórias de vida contadas em entrevistas realizadas na pesquisa de campo nas cidades de São Paulo e Salvador. Com a pandemia da covid-19 foram inseridas também algumas análises baseadas em projetos realizados pelo Museu da Imigração de São Paulo, que gentilmente cedeu material para esta pesquisa, além de outros projetos que tiveram seu material disponibilizado nas redes sociais digitais. Como alguns dos resultados obtidos e reflexões realizadas, é possível mencionar que um aspecto importante observado foi a necessidade de repensarmos não apenas a definição, mas também a utilização do termo refugiado(a) com pessoas que se percebem como estigmatizadas pela contínua referência ao termo nos seus cotidianos. Foi necessário também fazer uma análise entre a tomada de decisão de partir e o medo como afeto que é sentido na escala do corpo e suas motivações, que vão desde a escala familiar até a nacional, como o medo das instituições do Estado. Outra questão que surgiu foi a das experiências de travessia dos limites das fronteiras e o fato de que a fronteira acompanha o(a) migrante em situação de refúgio para onde quer que vá, a partir de uma transitoriedade que se manifesta como diferentes formas de fronteiras nas relações de identidade e alteridade ao longo da sua trajetória. Por fim, as reflexões trazidas levantaram questões que vão desde o primeiro contato com pessoas desconhecidas e com instituições de acolhimento, que por muitas vezes chegam a definir as suas trajetórias, passando pela relação com a língua portuguesa, as questões relacionadas ao documento, que se revelam como acessos e barreiras, inclusive para pessoas documentadas e, por último, as fendas que se abrem, especialmente nas relações familiares, e as pontes que vão sendo construídas ao longo do processo de familiarização no local de destino.
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Como alguns dos resultados obtidos e reflexões realizadas, é possível mencionar que um aspecto importante observado foi a necessidade de repensarmos não apenas a definição, mas também a utilização do termo refugiado(a) com pessoas que se percebem como estigmatizadas pela contínua referência ao termo nos seus cotidianos. Foi necessário também fazer uma análise entre a tomada de decisão de partir e o medo como afeto que é sentido na escala do corpo e suas motivações, que vão desde a escala familiar até a nacional, como o medo das instituições do Estado. Outra questão que surgiu foi a das experiências de travessia dos limites das fronteiras e o fato de que a fronteira acompanha o(a) migrante em situação de refúgio para onde quer que vá, a partir de uma transitoriedade que se manifesta como diferentes formas de fronteiras nas relações de identidade e alteridade ao longo da sua trajetória. Por fim, as reflexões trazidas levantaram questões que vão desde o primeiro contato com pessoas desconhecidas e com instituições de acolhimento, que por muitas vezes chegam a definir as suas trajetórias, passando pela relação com a língua portuguesa, as questões relacionadas ao documento, que se revelam como acessos e barreiras, inclusive para pessoas documentadas e, por último, as fendas que se abrem, especialmente nas relações familiares, e as pontes que vão sendo construídas ao longo do processo de familiarização no local de destino.This work is a reflection, based on a phenomenological perspective, on how is to be a migrant in a situation of refuge from a gaze that seeks to unveil the relationship between the nation-state and the existence, which is crossed by the issues of identity and difference, the self and the other, familiarity and strangeness. The notion of geographicality is important to understand the transformation of the relationship with the homeland, the decision-making to leave, the crossing, the relationship with the place of destination and the new transnational relations. From the dialogue with authors such as Martin Heidegger, Eric Dardel, Eduardo Marandola Júnior and Angelo Serpa, among other important scholars to understand the relationship between phenomenology and Geography, it was necessary to go beyond and seek in interdisciplinarity some explanations for the phenomenon studied. Thus, authors from the fields of philosophy, sociology, anthropology, law, psychoanalysis, among other areas, proved necessary in this dialogue throughout the research and writing process. The analysis of the theme occurs mainly from the life stories told in interviews conducted in the field research in the cities of São Paulo and Salvador. After the covid-19 pandemic it was inserted some analyses based on projects carried out by the Immigration Museum of São Paulo, which kindly provided material for this research, in addition to other projects that had their material made available on digital social networks. As some of the results obtained and reflections carried out, it is possible to mention that an important aspect observed was the need to rethink not only the definition, but also the use of the term refugee with people who perceive themselves as stigmatized by the continuous reference to the term in their daily lives. It was also necessary to make an analysis between the decision to leave and fear as an affection that is felt on the scale of the body and its motivations, ranging from the family scale to the national one, such as fear of state institutions. Another issue that arose was the experience of crossing the boundaries of borders and the fact that the border follows the migrant in a situation of refuge wherever s/he goes, from a transience that manifests itself as different forms of borders in the relations of identity and otherness along his trajectory. Finally, the reflections brought up questions ranging from the first contact with unknown people and with host institutions, which often come to define their trajectories, through the relationship with the Portuguese language, the issues related to the document, which reveal themselves as accesses and barriers, including for documented people and, finally, the cracks that open, especially in family relationships, and the bridges that are being built throughout the process of familiarization at the place of destination.Submitted by Pós-graduação em geografia (pggeogr@ufba.br) on 2022-06-15T18:27:12Z No. of bitstreams: 1 Daniela Araujo Virgens - A experiência de ser migrante em situação de refúgio.pdf: 3167053 bytes, checksum: 1cd7da4c2ba078e5e18991a7d8028677 (MD5)Approved for entry into archive by Solange Rocha (soluny@gmail.com) on 2022-06-29T14:04:32Z (GMT) No. of bitstreams: 1 Daniela Araujo Virgens - A experiência de ser migrante em situação de refúgio.pdf: 3167053 bytes, checksum: 1cd7da4c2ba078e5e18991a7d8028677 (MD5)Made available in DSpace on 2022-06-29T14:04:32Z (GMT). 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