“Meliante dotado de elevada periculosidade”: raça e classe na decretação da prisão preventiva por furto em Salvador

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Leão, Bernardo Sodré Carneiro
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/35005
Resumo: As experiências vivenciadas pelo pesquisador durante a atuação no Patronato de Presos e Egressos da Bahia perante o sistema penitenciário soteropolitano instigaram o desenvolvimento de estudos criminológicos acerca da operatividade real do controle penal. Partindo de pesquisas qualitativas sobre o sistema punitivo, com o apoio da Defensoria Pública do Estado da Bahia (2019), que nos forneceu o banco de dados do relatório, decidimos realizar um estudo majoritariamente qualitativo para analisar as decisões proferidas nas audiências ocorridas na comarca de Salvador. O presente trabalho se propôs a investigar a seletividade penal nas prisões preventivas decretadas exclusivamente pelos crimes de furto, nessa cidade no ano de 2018. O questionamento do qual partimos é o seguinte: de que forma os marcadores de raça, classe social e gênero aparecem na construção do juízo de periculosidade na fundamentação dessas decisões? A hipótese consiste na presença da perigosidade do sujeito dentre as fundamentações adotadas pelas autoridades judiciárias para decretar prisões como um resquício da criminologia positivista. Ademais, desenvolvemos a pesquisa sobre a ótica da criminologia crítica, associada à teoria agnóstica da pena e à perspectiva racial da questão criminal, bem como utilizamos conceitos como processos de criminalização, etiquetamento e encarceramento em massa. Procurou-se verificar a presença dos marcadores de raça, classe social e gênero na construção desse juízo de perigosidade. Para tanto, realizamos uma pesquisa documental, ex post facto, nas 477 decisões proferidas, com a coleta de dados quantitativos e qualitativos, por meio da análise de conteúdo nas decisões registradas nas audiências de custódia pelo delito de furto. Os resultados demonstram que mesmo que não tenha sido afirmado nada acerca do perfil racial dos sujeitos, o fato de 53 dentre 67 encarcerados serem identificados como pretos, pardos ou negros revela quem são as pessoas vistas pelas autoridades judiciárias como temíveis. Assim, ficam evidentes os indícios de que o juízo de temibilidade foi elaborado para classificar os sujeitos biológica, social ou antropologicamente inferiores e tendentes à criminalidade. Portanto, a sua manutenção nas fundamentações é um indicativo da presença dessas noções estereotipadas e racistas nas agências judiciais e policiais brasileiras. Como sugestões para encaminhamentos futuros, propomos o desenvolvimento de políticas públicas estatais de efetiva reparação histórica, de modo que o espaço ocupado pelo sistema penal seja cada vez mais reduzido por programas de distribuição de renda e de direitos fundamentais e sociais.
id UFBA-2_6260e76cca4c5995c62d72cd3a9f4ad5
oai_identifier_str oai:repositorio.ufba.br:ri/35005
network_acronym_str UFBA-2
network_name_str Repositório Institucional da UFBA
repository_id_str 1932
spelling 2022-04-05T13:07:28Z2022-01-262022-04-05T13:07:28Z2020-11-12https://repositorio.ufba.br/handle/ri/35005As experiências vivenciadas pelo pesquisador durante a atuação no Patronato de Presos e Egressos da Bahia perante o sistema penitenciário soteropolitano instigaram o desenvolvimento de estudos criminológicos acerca da operatividade real do controle penal. Partindo de pesquisas qualitativas sobre o sistema punitivo, com o apoio da Defensoria Pública do Estado da Bahia (2019), que nos forneceu o banco de dados do relatório, decidimos realizar um estudo majoritariamente qualitativo para analisar as decisões proferidas nas audiências ocorridas na comarca de Salvador. O presente trabalho se propôs a investigar a seletividade penal nas prisões preventivas decretadas exclusivamente pelos crimes de furto, nessa cidade no ano de 2018. O questionamento do qual partimos é o seguinte: de que forma os marcadores de raça, classe social e gênero aparecem na construção do juízo de periculosidade na fundamentação dessas decisões? A hipótese consiste na presença da perigosidade do sujeito dentre as fundamentações adotadas pelas autoridades judiciárias para decretar prisões como um resquício da criminologia positivista. Ademais, desenvolvemos a pesquisa sobre a ótica da criminologia crítica, associada à teoria agnóstica da pena e à perspectiva racial da questão criminal, bem como utilizamos conceitos como processos de criminalização, etiquetamento e encarceramento em massa. Procurou-se verificar a presença dos marcadores de raça, classe social e gênero na construção desse juízo de perigosidade. Para tanto, realizamos uma pesquisa documental, ex post facto, nas 477 decisões proferidas, com a coleta de dados quantitativos e qualitativos, por meio da análise de conteúdo nas decisões registradas nas audiências de custódia pelo delito de furto. Os resultados demonstram que mesmo que não tenha sido afirmado nada acerca do perfil racial dos sujeitos, o fato de 53 dentre 67 encarcerados serem identificados como pretos, pardos ou negros revela quem são as pessoas vistas pelas autoridades judiciárias como temíveis. Assim, ficam evidentes os indícios de que o juízo de temibilidade foi elaborado para classificar os sujeitos biológica, social ou antropologicamente inferiores e tendentes à criminalidade. Portanto, a sua manutenção nas fundamentações é um indicativo da presença dessas noções estereotipadas e racistas nas agências judiciais e policiais brasileiras. Como sugestões para encaminhamentos futuros, propomos o desenvolvimento de políticas públicas estatais de efetiva reparação histórica, de modo que o espaço ocupado pelo sistema penal seja cada vez mais reduzido por programas de distribuição de renda e de direitos fundamentais e sociais.The experiences lived by the researcher while working at the Patronato de Presos e Egressos da Bahia before the Salvador’s city penitentiary system instigated the development of criminological studies about criminal control’s real operability. Based on qualitative researches on the punitive system, with the support of the Public Defender's Office of the State of Bahia (2019), which provided us with the report's database, we decided to carry out a mostly qualitative study to analyze the decisions made in the hearings that took place in the city of Salvador. The present work aimed to investigate the criminal selectivity in preventive prisons decreed exclusively for theft crimes, in this city in the year 2018. The question from which we start is the following: how race, social class and gender indicators appear in the construction of the dangerousness judgment in the reasoning of these decisions? The hypothesis consists of the presence of the subject's danger among the grounds adopted by magistrates to decree arrests as a remnant of positivist criminology. In addition, we developed this research on the critical criminology’s perspective, associated with the agnostic theory of punishment and the racial perspective of the criminal issue, as well as using concepts such as processes of criminalization, labeling and mass incarceration. We sought to verify the presence of race, social class and gender markers in the construction of this danger judgment. Therefore, we conducted a documentary research, ex post facto, towards the 477 decisions handed down, with the collection of quantitative and qualitative data, through content analysis in the decisions recorded in the custody hearings for the crime of theft. The results show that even if nothing has been said about the racial profile of the subjects, the fact that 53 out of 67 prisoners are identified as black or mixed race reveals who are the people considered fearful by the judicial autorities. Thus, there are evidences that the judgment of dangerousness was designed to classify subjects that are biologically, socially or anthropologically inferior and tending to criminality. Therefore, their maintenance in the grounds is an indication of the presence of these stereotyped and racist notions in Brazilian judicial and police agencies. As suggestions for future referrals, we propose the development of state public policies for effective historical redress, so that the space occupied by the penal system is increasingly reduced by income distribution programs and fundamental and social rights.Submitted by Núcleo de Monografia e Atividade Complementares (numacdireito@gmail.com) on 2022-01-26T19:23:01Z No. of bitstreams: 1 BERNARDO SODRÉ CARNEIRO LEÃO .pdf: 636643 bytes, checksum: 37d95b5de72a886708572b94763d87ba (MD5)Approved for entry into archive by Ana Valéria de Jesus Moura (anavaleria_131@hotmail.com) on 2022-04-05T13:07:27Z (GMT) No. of bitstreams: 1 BERNARDO SODRÉ CARNEIRO LEÃO .pdf: 636643 bytes, checksum: 37d95b5de72a886708572b94763d87ba (MD5)Made available in DSpace on 2022-04-05T13:07:28Z (GMT). No. of bitstreams: 1 BERNARDO SODRÉ CARNEIRO LEÃO .pdf: 636643 bytes, checksum: 37d95b5de72a886708572b94763d87ba (MD5) Previous issue date: 2020-11-12porUniversidade Federal da BahiaUFBABrasilFaculdade de DireitoPreventive PrisonTheftDangerousnessSelectivityRacial IndicatorCNPQ::CIENCIAS HUMANASPrisão PreventivaFurtoPericulosidadeSeletividadeIndicador Racial“Meliante dotado de elevada periculosidade”: raça e classe na decretação da prisão preventiva por furto em Salvadorinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisPrado, Alessandra Rapacci Mascarenhashttp://lattes.cnpq.br/2158993363327030França, Misael Neto Bispo dahttp://lattes.cnpq.br/7265736545430661Oliveira Filho, Ney Menezes dehttp://lattes.cnpq.br/1010918105635239Leão, Bernardo Sodré Carneiroinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFBAinstname:Universidade Federal da Bahia (UFBA)instacron:UFBATEXTBERNARDO SODRÉ CARNEIRO LEÃO .pdf.txtBERNARDO SODRÉ CARNEIRO LEÃO .pdf.txtExtracted texttext/plain201497https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/35005/3/BERNARDO%20SODR%c3%89%20CARNEIRO%20LE%c3%83O%20.pdf.txt2257e2599f282bb406c938ad5732ab17MD53ORIGINALBERNARDO SODRÉ CARNEIRO LEÃO .pdfBERNARDO SODRÉ CARNEIRO LEÃO .pdfapplication/pdf636643https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/35005/1/BERNARDO%20SODR%c3%89%20CARNEIRO%20LE%c3%83O%20.pdf37d95b5de72a886708572b94763d87baMD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain1866https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/35005/2/license.txt43cd690d6a359e86c1fe3d5b7cba0c9bMD52ri/350052022-04-09 02:07:38.546oai:repositorio.ufba.br:ri/35005TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEKCkNvbSBhIGFwcmVzZW50YcOnw6NvIGRlc3RhIGxpY2Vuw6dhLCB2b2PDqiAobyBhdXRvciAoZXMpIG91IG8gdGl0dWxhciBkb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IpIGNvbmNlZGUgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIApJbnN0aXR1Y2lvbmFsIG8gZGlyZWl0byBuw6NvLWV4Y2x1c2l2byBkZSByZXByb2R1emlyLCAgdHJhZHV6aXIgKGNvbmZvcm1lIGRlZmluaWRvIGFiYWl4byksIGUvb3UgZGlzdHJpYnVpciBhIApzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIApmb3JtYXRvcyDDoXVkaW8gb3UgdsOtZGVvLgoKVm9jw6ogY29uY29yZGEgcXVlIG8gRGVwb3NpdGEgcG9kZSwgc2VtIGFsdGVyYXIgbyBjb250ZcO6ZG8sIHRyYW5zcG9yIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBwYXJhIHF1YWxxdWVyIG1laW8gb3UgZm9ybWF0byAKcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIERlcG9zaXRhIHBvZGUgbWFudGVyIG1haXMgZGUgdW1hIGPDs3BpYSBkZSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIHBhcmEgZmlucyBkZSBzZWd1cmFuw6dhLCBiYWNrLXVwIAplIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gw6kgb3JpZ2luYWwgZSBxdWUgdm9jw6ogdGVtIG8gcG9kZXIgZGUgY29uY2VkZXIgb3MgZGlyZWl0b3MgY29udGlkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EuIApWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgCmRlIG5pbmd1w6ltLgoKQ2FzbyBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gY29udGVuaGEgbWF0ZXJpYWwgcXVlIHZvY8OqIG7Do28gcG9zc3VpIGEgdGl0dWxhcmlkYWRlIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcywgdm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgCm9idGV2ZSBhIHBlcm1pc3PDo28gaXJyZXN0cml0YSBkbyBkZXRlbnRvciBkb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgcGFyYSBjb25jZWRlciBhbyBEZXBvc2l0YSBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgCm5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLCBlIHF1ZSBlc3NlIG1hdGVyaWFsIGRlIHByb3ByaWVkYWRlIGRlIHRlcmNlaXJvcyBlc3TDoSBjbGFyYW1lbnRlIGlkZW50aWZpY2FkbyBlIHJlY29uaGVjaWRvIG5vIHRleHRvIApvdSBubyBjb250ZcO6ZG8gZGEgcHVibGljYcOnw6NvIG9yYSBkZXBvc2l0YWRhLgoKQ0FTTyBBIFBVQkxJQ0HDh8ODTyBPUkEgREVQT1NJVEFEQSBURU5IQSBTSURPIFJFU1VMVEFETyBERSBVTSBQQVRST0PDjU5JTyBPVSBBUE9JTyBERSBVTUEgQUfDik5DSUEgREUgRk9NRU5UTyBPVSBPVVRSTyAKT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgCkVYSUdJREFTIFBPUiBDT05UUkFUTyBPVSBBQ09SRE8uCgpPIERlcG9zaXRhIHNlIGNvbXByb21ldGUgYSBpZGVudGlmaWNhciBjbGFyYW1lbnRlIG8gc2V1IG5vbWUgKHMpIG91IG8ocykgbm9tZShzKSBkbyhzKSBkZXRlbnRvcihlcykgZG9zIGRpcmVpdG9zIAphdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório InstitucionalPUBhttp://192.188.11.11:8080/oai/requestopendoar:19322022-04-09T05:07:38Repositório Institucional da UFBA - Universidade Federal da Bahia (UFBA)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv “Meliante dotado de elevada periculosidade”: raça e classe na decretação da prisão preventiva por furto em Salvador
title “Meliante dotado de elevada periculosidade”: raça e classe na decretação da prisão preventiva por furto em Salvador
spellingShingle “Meliante dotado de elevada periculosidade”: raça e classe na decretação da prisão preventiva por furto em Salvador
Leão, Bernardo Sodré Carneiro
CNPQ::CIENCIAS HUMANAS
Prisão Preventiva
Furto
Periculosidade
Seletividade
Indicador Racial
Preventive Prison
Theft
Dangerousness
Selectivity
Racial Indicator
title_short “Meliante dotado de elevada periculosidade”: raça e classe na decretação da prisão preventiva por furto em Salvador
title_full “Meliante dotado de elevada periculosidade”: raça e classe na decretação da prisão preventiva por furto em Salvador
title_fullStr “Meliante dotado de elevada periculosidade”: raça e classe na decretação da prisão preventiva por furto em Salvador
title_full_unstemmed “Meliante dotado de elevada periculosidade”: raça e classe na decretação da prisão preventiva por furto em Salvador
title_sort “Meliante dotado de elevada periculosidade”: raça e classe na decretação da prisão preventiva por furto em Salvador
author Leão, Bernardo Sodré Carneiro
author_facet Leão, Bernardo Sodré Carneiro
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Prado, Alessandra Rapacci Mascarenhas
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/2158993363327030
dc.contributor.referee1.fl_str_mv França, Misael Neto Bispo da
dc.contributor.referee1Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/7265736545430661
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Oliveira Filho, Ney Menezes de
dc.contributor.referee2Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/1010918105635239
dc.contributor.author.fl_str_mv Leão, Bernardo Sodré Carneiro
contributor_str_mv Prado, Alessandra Rapacci Mascarenhas
França, Misael Neto Bispo da
Oliveira Filho, Ney Menezes de
dc.subject.cnpq.fl_str_mv CNPQ::CIENCIAS HUMANAS
topic CNPQ::CIENCIAS HUMANAS
Prisão Preventiva
Furto
Periculosidade
Seletividade
Indicador Racial
Preventive Prison
Theft
Dangerousness
Selectivity
Racial Indicator
dc.subject.por.fl_str_mv Prisão Preventiva
Furto
Periculosidade
Seletividade
Indicador Racial
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Preventive Prison
Theft
Dangerousness
Selectivity
Racial Indicator
description As experiências vivenciadas pelo pesquisador durante a atuação no Patronato de Presos e Egressos da Bahia perante o sistema penitenciário soteropolitano instigaram o desenvolvimento de estudos criminológicos acerca da operatividade real do controle penal. Partindo de pesquisas qualitativas sobre o sistema punitivo, com o apoio da Defensoria Pública do Estado da Bahia (2019), que nos forneceu o banco de dados do relatório, decidimos realizar um estudo majoritariamente qualitativo para analisar as decisões proferidas nas audiências ocorridas na comarca de Salvador. O presente trabalho se propôs a investigar a seletividade penal nas prisões preventivas decretadas exclusivamente pelos crimes de furto, nessa cidade no ano de 2018. O questionamento do qual partimos é o seguinte: de que forma os marcadores de raça, classe social e gênero aparecem na construção do juízo de periculosidade na fundamentação dessas decisões? A hipótese consiste na presença da perigosidade do sujeito dentre as fundamentações adotadas pelas autoridades judiciárias para decretar prisões como um resquício da criminologia positivista. Ademais, desenvolvemos a pesquisa sobre a ótica da criminologia crítica, associada à teoria agnóstica da pena e à perspectiva racial da questão criminal, bem como utilizamos conceitos como processos de criminalização, etiquetamento e encarceramento em massa. Procurou-se verificar a presença dos marcadores de raça, classe social e gênero na construção desse juízo de perigosidade. Para tanto, realizamos uma pesquisa documental, ex post facto, nas 477 decisões proferidas, com a coleta de dados quantitativos e qualitativos, por meio da análise de conteúdo nas decisões registradas nas audiências de custódia pelo delito de furto. Os resultados demonstram que mesmo que não tenha sido afirmado nada acerca do perfil racial dos sujeitos, o fato de 53 dentre 67 encarcerados serem identificados como pretos, pardos ou negros revela quem são as pessoas vistas pelas autoridades judiciárias como temíveis. Assim, ficam evidentes os indícios de que o juízo de temibilidade foi elaborado para classificar os sujeitos biológica, social ou antropologicamente inferiores e tendentes à criminalidade. Portanto, a sua manutenção nas fundamentações é um indicativo da presença dessas noções estereotipadas e racistas nas agências judiciais e policiais brasileiras. Como sugestões para encaminhamentos futuros, propomos o desenvolvimento de políticas públicas estatais de efetiva reparação histórica, de modo que o espaço ocupado pelo sistema penal seja cada vez mais reduzido por programas de distribuição de renda e de direitos fundamentais e sociais.
publishDate 2020
dc.date.issued.fl_str_mv 2020-11-12
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2022-04-05T13:07:28Z
dc.date.available.fl_str_mv 2022-01-26
2022-04-05T13:07:28Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/bachelorThesis
format bachelorThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://repositorio.ufba.br/handle/ri/35005
url https://repositorio.ufba.br/handle/ri/35005
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal da Bahia
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFBA
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
dc.publisher.department.fl_str_mv Faculdade de Direito
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal da Bahia
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFBA
instname:Universidade Federal da Bahia (UFBA)
instacron:UFBA
instname_str Universidade Federal da Bahia (UFBA)
instacron_str UFBA
institution UFBA
reponame_str Repositório Institucional da UFBA
collection Repositório Institucional da UFBA
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/35005/3/BERNARDO%20SODR%c3%89%20CARNEIRO%20LE%c3%83O%20.pdf.txt
https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/35005/1/BERNARDO%20SODR%c3%89%20CARNEIRO%20LE%c3%83O%20.pdf
https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/35005/2/license.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 2257e2599f282bb406c938ad5732ab17
37d95b5de72a886708572b94763d87ba
43cd690d6a359e86c1fe3d5b7cba0c9b
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFBA - Universidade Federal da Bahia (UFBA)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1808459637358329856