As mulheres no trabalho e o trabalho das mulheres: um estudo sobre as trabalhadoras fumageiras do recôncavo baiano

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Elizabete Rodrigues da
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: http://www.repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/6381
Resumo: O presente tema de pesquisa “As mulheres no trabalho e o trabalho das mulheres: um estudo sobre as trabalhadoras fumageiras do Recôncavo Baiano” objetivou estudar, no âmbito da história, a presença das mulheres trabalhadoras no contexto industrial fumageiro do Recôncavo baiano, no período que circunscreve a primeira metade do século XX, abarcando desde a instalação, o auge econômico dessa indústria até o início do agravamento da crise fumageira na região. Trata-se de uma presença que não é apenas numérica, mas que carrega as experiências vividas no trabalho, bem como, outros conteúdos e práticas engendradas social e culturalmente em seu tempo. Esta presença se expressa nas relações tecidas no âmbito do trabalho, denuncia a/uma natureza desse trabalho que se organizou a partir da “divisão sexual do trabalho”, tanto no âmbito dos estabelecimentos fabris quanto no trabalho a domicílio, sob os fundamentos das relações sociais patriarcais e que aqui foram compreendidas a partir de um “olhar” feminista respaldado na abordagem histórica e política de Palmero, Dahlerup e Costa. Foi, portanto, um exercício que exigiu pensar o tema a partir da perspectiva das próprias mulheres quando revisitavam suas memórias. É a partir da concepção de memória em Le Goff e Halbwachs que é possível entender que a história vivida e lembrada pelas pessoas deve ser compreendida como algo vivo socialmente, “com sentido”. Para adentrar a este campo, recorreu-se à fonte oral, bem como, à leitura dos documentos impressos, a partir de uma perspectiva feminista com base na Epistemologia Standpoint elaborada por Nancy Harstock e Sandra Harding. Partindo das experiências comuns das trabalhadoras, Thompson ofereceu a compreensão de que elas devem ser reconhecidas como um fenômeno construído historicamente no grupo. Mas, ao conceber que as experiências são gendradas buscou-se em Scott a noção de gênero como base para rejeitar o determinismo biológico e realçar o caráter relacional das definições de feminino-masculino, além de compreender o significado e a natureza da opressão das mulheres trabalhadoras. Para fazer a leitura da resistência empreendida pelas trabalhadoras contra a opressão e a exploração sofridas, baseou-se na concepção de poder em Foucault, ao entender que os indivíduos nunca são o alvo inerte ou consentido do poder, são sempre centros de transmissão, possibilitando compreender a atuação das trabalhadoras. Das fontes escritas examinadas, destacam-se as “Fichas de Registro de Empregados” das fábricas de charutos Suerdieck e C. Pimentel e uma série de imagens e documentos avulsos dispostos na FAMAM, APEB, Arquivo Público de São Félix e nos acervos particulares e pessoais, a exemplo dos Memoriais Anuais das Irmãs da Santa Cruz e das Carteiras de Trabalho e fotografias cedidas, na maioria, por seus familiares. Os caminhos percorridos partiram dos mais intangíveis e subjetivos para reconstruir a situação histórica e a vida das mulheres fumageiras do Recôncavo Baiano, identificando suas estratégias de sobrevivência e de resistência para vencer as necessidades materiais, a exploração no/do trabalho, a discriminação sexual regada de opressão, assim como a invisibilidade social, e tentar romper com a clausura da inferioridade a que eram submetidas na situação de mulheres naquela região.
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