Errantes da Solidão Citadina Contemporânea: entre Hikikomori e Estrangeiros

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pereira, Francine de Almeida
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/17129
Resumo: Na composição do mensageiro da desventura, de viés baumaniano, este trabalho tece reflexões sobre o homem da solidão, em confluência com Tanis, do cidadão ideal ou materializado por uma norma social, do errante e caminhante da solidão citadina, acrescido da figura da solidão fora de suas ramificações negativas, em Katz, configurando os estrangeiros, hikikomori e suas poéticas de si. Pensar esses sujeitos assujeitados, marginalizados, patologizados, e a construção de suas subjetividades, de suas autonarrações e narrações construídas para estes, seus conflitos que não estão ordenados segundo uma patologia depressiva ou suicida, mas rica de questionamentos, de perguntas de validade e legitimação, atravessadas por desejos de pertencimento, de reconhecimento e da construção de laços afetivos, são expressos por um estudo comparado qualitativo entre quatro obras e três formas de mídia contemporânea: um anime, Ergo Proxy, de Shuko Murase, uma narrativa ficcional, Juventude, de Coetzee, um mangá, Bem-vindo a N.H.K., de Tatsuhiko Takimoto e um narrativa jornalística descritiva, em Shutting out the sun, de Zielenziger. Tornar-se-á presente neste texto o questionamento e análise do fenômeno hikikomori - termo japonês, mas que não se dá apenas em território nipônico - que se inscreve numa reclusão quase crônica dos indivíduos assim nomeados, descrição aportada por auto relatos cedidos a Zielenziger e a narração ficcional do dia-a-dia de Tatsuhiro Saito; os processos de aculturação e desculturação vivenciados pelos protagonistas John e Vicent Law, em ambientes citadinos distintos, mas que se tangenciam e conectam em processos xenofóbicos, mixofóbicos e restritivos, fortes influenciadores da construção de si destes sujeitos, e do desenvolvimento de uma narrativa de memória, mudança, devir e solidão para os mesmos. A partir deste cenário, o histórico da solidão é desfiado no homem contra o sistema, o desterritorializado em viagens e aquele na multidão; eles estando algumas vezes em busca do Outro e envolvidos por uma contemporaneidade, de indeterminações, de promessas e esperanças não cumpridas, de tecnologia big brother e criadora de vínculos, prenhes de efemeridade ou de toque e pessoalidade. Esses sujeitos são enredados em exigências, expectativas e processos onde a família e/ou as relações amistosas e amorosas dos mais diversos níveis cirandam suas percepções e representam seu papel institucional foucaultiano por excelência, esgarçando suas autorepresentações e derivando suas prioridades a níveis que quando os escapam pendem para a ruptura, a rasura dos espaços-norma e das percepções de pertença, de entre lugar e de lugar de si. Por fim, no choque entre essas grades de realidade os gêneros batalham, e nestas batalhas as relações de poder em que a norma busca instituir suas danças de dominação e força com esses homens, barganhando através de sua inclusão ou não na sociedade de celebração ininterrupta, tem seus esforços embaralhados pela visão da poética do silêncio, da autonomia de si e dos espaços, e da negação do castramento empreendido nas mais jovens idades, em favor da punção criadora e de afastamento pertencentes aos sujeitos criados e configurados na contemporaneidade
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Tornar-se-á presente neste texto o questionamento e análise do fenômeno hikikomori - termo japonês, mas que não se dá apenas em território nipônico - que se inscreve numa reclusão quase crônica dos indivíduos assim nomeados, descrição aportada por auto relatos cedidos a Zielenziger e a narração ficcional do dia-a-dia de Tatsuhiro Saito; os processos de aculturação e desculturação vivenciados pelos protagonistas John e Vicent Law, em ambientes citadinos distintos, mas que se tangenciam e conectam em processos xenofóbicos, mixofóbicos e restritivos, fortes influenciadores da construção de si destes sujeitos, e do desenvolvimento de uma narrativa de memória, mudança, devir e solidão para os mesmos. A partir deste cenário, o histórico da solidão é desfiado no homem contra o sistema, o desterritorializado em viagens e aquele na multidão; eles estando algumas vezes em busca do Outro e envolvidos por uma contemporaneidade, de indeterminações, de promessas e esperanças não cumpridas, de tecnologia big brother e criadora de vínculos, prenhes de efemeridade ou de toque e pessoalidade. Esses sujeitos são enredados em exigências, expectativas e processos onde a família e/ou as relações amistosas e amorosas dos mais diversos níveis cirandam suas percepções e representam seu papel institucional foucaultiano por excelência, esgarçando suas autorepresentações e derivando suas prioridades a níveis que quando os escapam pendem para a ruptura, a rasura dos espaços-norma e das percepções de pertença, de entre lugar e de lugar de si. 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