Topoi Nocivos e Salubres: as recomendações geográficas da medicina baiana e suas transmutações entre 1870 e 1930

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Paz, Daniel Juracy Mellado Paz
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/32711
Resumo: O papel da Medicina na formação do campo disciplinar do Urbanismo tem sido tema constante na historiografia urbanística. Das várias maneiras como suas construções teóricas afetaram a compreensão do meio urbano, e as prescrições urbanísticas no Brasil, o presente texto aborda um caso específico: as recomendações geográficas. Os topoi nocivos e salubres, os health places dentro de uma cidade específica, a Salvador de 1870 a 1930, a partir das teorias defendidas por sua própria Faculdade de Medicina e de sua classe médica. Por isso, ao lado da literatura fundamental sobre a Medicina baiana, nos debruçamos sobre as teses da Faculdade de Medicina – não só em seu conteúdo direto, mas nas Proposições, espécie de sabatina sobre aspectos gerais da profissão que, mais do que a própria tese, revelavam o lugar comum de então –, sobre os sucessivos periódicos da classe, como O Petiz e a Gazeta Médica da Bahia, periódico fundado em 1866, além de revisar a literatura essencial sobre o tema, de autoria dos médicos e de pesquisas mais recentes desenvolvidas no âmbito acadêmico, além de conferir os almanaques de popularização da Medicina e de produtos farmacêuticos, e os boletins demógrafo-sanitários. Estudamos um fenômeno da ordem do discurso, uma vez que não necessariamente tais concepções e recomendações correspondiam a uma vigência dentro da sociedade. Defendemos que a Medicina é um campo do conhecimento fortemente ancorado em situações concretas, mais do que um sistema que pode ser analisado somente pela sua coerência abstrata interna. Daí a necessidade de uma historiografia que vincule suas formulações aos problemas enfrentados, em toda sua envergadura. Dessa maneira, orientamos a investigação não somente na compreensão dos topoi recomendados, mas em torno de quais problemas eles se orientavam, e quais sítios específicos da cidade estavam em debate. Encontramos uma transição mais suave do que a que habitualmente se aponta entre as teorias mesológicas e bacteriológicas, com a zanutenção de recomendações topográficas e novos arranjos causais. Tanto por uma inércia na adoção de novas concepções, como por concepções que, de fato, prenunciavam conceitos da teoria bacteriológica, como a noção de vírus e contágio, como por correspondências entre a associação dos fatores e circunstâncias, reconhecidos empiricamente mas sem o pleno conhecimento dos elos reais. Assim, dos miasmas aos micróbios, existe um importante capítulo dessa história onde os mosquitos e as poeiras são protagonistas. Assim como as várias facetas do ar, da luz solar e de outras virtudes atmosféricas, e sua influência na interpretação dos sítios de Salvador. Em seguida, conferimos as transmutações da interpretação e combate às três principais moléstias que afligiram a cidade na virada do século – o tuberculose, a malária e o beribéri – por concentrarem os maiores esforços da classe médica, e por ilustrarem as transformações graduais que mencionamos na interpretação dos topoi da cidade. E identificamos o momento em que a Medicina, tal como praticada em Salvador, se destaca das questões urbanísticas, com suas repercussões espaciais e no campo disciplinar urbanístico.
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