Saberes, conhecimento e práticas medicinais tradicionais na cosmovisão indígena dos povos originários Kariri-Xocó, Fulni-Ô e Fulkaxó: uma análise cognitiva.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Araújo, Manuela Barreto de
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/33226
Resumo: A produção de saúde, na contemporaneidade, está constituída por saberes e tecnologias de diferentes naturezas. Com a emergência e a hegemonia dos saberes biomédicos, diferentes racionalidades, saberes e práticas de produção de saúde, inclusive muito anteriores à biomedicina, foram sendo naturalizada a concepção de que a saúde se relaciona ao corpo biológico e é voltada a essa dimensão que as iniciativas de cuidado são predominantemente voltadas. Entretanto, coexistem diferentes formas de compreender a saúde, seja nas dimensões de sua racionalidade, seja na articulação de saberes tradicionais e ancestrais. A coexistência é constrangida, frequentemente, por estratégias de difusão que hierarquizam os saberes e as práticas e, não raro, combatem e exterminam aqueles que não respondem à vigência atual, como os saberes da medicina tradicional indígena. Esta pesquisa tem como objetivo principal compreender as práticas, saberes e conhecimentos indígenas através de sua medicina tradicional. Esses saberes e as práticas que eles embasam se articulam com a natureza, constituindo um ambiente multirreferencial de aprendizagem e possibilitando a produção e difusão de conhecimentos oportunos para a sociedade. O campo empírico foi desenvolvido por meio da observação e vivência das práticas dos povos Kariri-Xocó, Fulni-ô e Fulkaxó, sendo realizada predominantemente na Reserva Thá-fene em Lauro de Freitas-Bahia. O problema de pesquisa foi como a difusão do conhecimento da medicina tradicional indígena pode contribuir para promoção da saúde e qualidade de vida das pessoas? Para dar conta de alcançar este intento e analisar as informações produzidas no campo empírico, foi escolhida como trilha metodológica a perspectiva multirreferencial. Foram utilizadas como técnicas de coleta de dados a análise documental, a pesquisa bibliográfica e a investigação participante. Os dados foram produzidos por meio de grupo focal, observação e diário de campo, registrados em gravador, máquina fotográfica e filmadora. Os dados foram tratados por intermédio de triangulação de fontes. Para embasar o estudo, foram produzidos diálogos com teorias originadas de autores indígenas, teóricos da complexidade, multirreferencialidade, polilógica, do campo morfogenético e de formulações sobre a energia plantas, que permitem a compreensão da natureza e sua relação com o ser humano como entidade biológica, social, afetiva, psicológica/emocional, espiritual, que são constituintes da diversidade de corpos. Entre os principais resultados produzidos, destaca-se a elaboração de uma representação gráfica em forma de mandala/constelação fito galáctica, que representa o conjunto de saberes, práticas e conhecimentos que orientam os processos saúde-doença-cuidado na perspectiva indígena, a constituição, em interação com os indígenas, de um espaço/conjunto de referências e ações, chamado “OWCA AYAM”, concebido como um espaço multireferencial de aprendizagem (AMA), e destinado ao cuidado e ações educativas em saúde, na perspectiva indígena, o que vem possibilitando o desenvolvimento de ações intersetoriais envolvendo o cuidado em saúde, a educação não formal e o exercício da cidadania. O desenvolvimento deste estudo propiciou a abertura de diálogos e ações que transcendem à produção científica, o que certamente não se esgotará com o final formal deste estudo.
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spelling Araújo, Manuela Barreto deAraújo, Manuela Barreto deRocha, José CláudioSantos, LilianaSousa, Leliana SantosGaleffi, Dante AugustoFerla, Alcindo AntônioRocha, José CláudioSantos, Liliana2021-04-07T13:33:18Z2021-04-07T13:33:18Z2021-04-072020-12-15Tesehttp://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/33226A produção de saúde, na contemporaneidade, está constituída por saberes e tecnologias de diferentes naturezas. Com a emergência e a hegemonia dos saberes biomédicos, diferentes racionalidades, saberes e práticas de produção de saúde, inclusive muito anteriores à biomedicina, foram sendo naturalizada a concepção de que a saúde se relaciona ao corpo biológico e é voltada a essa dimensão que as iniciativas de cuidado são predominantemente voltadas. Entretanto, coexistem diferentes formas de compreender a saúde, seja nas dimensões de sua racionalidade, seja na articulação de saberes tradicionais e ancestrais. A coexistência é constrangida, frequentemente, por estratégias de difusão que hierarquizam os saberes e as práticas e, não raro, combatem e exterminam aqueles que não respondem à vigência atual, como os saberes da medicina tradicional indígena. Esta pesquisa tem como objetivo principal compreender as práticas, saberes e conhecimentos indígenas através de sua medicina tradicional. Esses saberes e as práticas que eles embasam se articulam com a natureza, constituindo um ambiente multirreferencial de aprendizagem e possibilitando a produção e difusão de conhecimentos oportunos para a sociedade. O campo empírico foi desenvolvido por meio da observação e vivência das práticas dos povos Kariri-Xocó, Fulni-ô e Fulkaxó, sendo realizada predominantemente na Reserva Thá-fene em Lauro de Freitas-Bahia. O problema de pesquisa foi como a difusão do conhecimento da medicina tradicional indígena pode contribuir para promoção da saúde e qualidade de vida das pessoas? Para dar conta de alcançar este intento e analisar as informações produzidas no campo empírico, foi escolhida como trilha metodológica a perspectiva multirreferencial. Foram utilizadas como técnicas de coleta de dados a análise documental, a pesquisa bibliográfica e a investigação participante. Os dados foram produzidos por meio de grupo focal, observação e diário de campo, registrados em gravador, máquina fotográfica e filmadora. Os dados foram tratados por intermédio de triangulação de fontes. Para embasar o estudo, foram produzidos diálogos com teorias originadas de autores indígenas, teóricos da complexidade, multirreferencialidade, polilógica, do campo morfogenético e de formulações sobre a energia plantas, que permitem a compreensão da natureza e sua relação com o ser humano como entidade biológica, social, afetiva, psicológica/emocional, espiritual, que são constituintes da diversidade de corpos. Entre os principais resultados produzidos, destaca-se a elaboração de uma representação gráfica em forma de mandala/constelação fito galáctica, que representa o conjunto de saberes, práticas e conhecimentos que orientam os processos saúde-doença-cuidado na perspectiva indígena, a constituição, em interação com os indígenas, de um espaço/conjunto de referências e ações, chamado “OWCA AYAM”, concebido como um espaço multireferencial de aprendizagem (AMA), e destinado ao cuidado e ações educativas em saúde, na perspectiva indígena, o que vem possibilitando o desenvolvimento de ações intersetoriais envolvendo o cuidado em saúde, a educação não formal e o exercício da cidadania. O desenvolvimento deste estudo propiciou a abertura de diálogos e ações que transcendem à produção científica, o que certamente não se esgotará com o final formal deste estudo.ABSTRACT Contemporary health production is constituted by knowledge and technologies of different natures. With the emergence and hegemony of biomedical knowledge, different rationalities, knowledge and health production practices, even much earlier than biomedicine, the conception that health is related to the biological body has been naturalized and it is turned to this dimension that initiatives of care are predominantly focused. However, different ways of understanding health coexist, either in the dimensions of its rationality, or in the articulation of traditional and ancestral knowledge. Coexistence is often constrained by diffusion strategies that hierarchize knowledge and practices and, not infrequently, fight and exterminate those who do not respond to the current validity, such as the knowledge of traditional indigenous medicine. This research has as main objective to understand the practices, knowledge and indigenous knowledge through its traditional medicine. These knowledges and the practices they are based on are articulated with nature, constituting a multi-referential learning environment and enabling the production and diffusion of knowledge appropriate for society. The empirical field was developed through observation and experience of the practices of the Kariri-Xocó, Fulni-ô and Fulkaxó peoples, being carried out predominantly in the Thá-fene Reserve in Lauro de Freitas-Bahia. The research problem was how can the dissemination of knowledge of traditional indigenous medicine contribute to promoting people's health and quality of life? In order to achieve this goal and analyze the information produced in the empirical field, the multi-referential perspective was chosen as the methodological trail. Document analysis, bibliographic research and participatory research were used as data collection techniques. The data were produced by means of a focus group, observation and field diary, recorded in a recorder, camara and video camara. The data were treated by means of triangulation of sources. To support the study, dialogues were produced with theories originated from indigenous authors, theorists of complexity, multi-referentiality, polylogic, from the morphogenetic field and from formulations about plant energy, which allow the understanding of nature and its relationship with human beings as a biological entity, social, affective, psychological / emotional, spiritual, which are constituents of the diversity of bodies. Among the main results produced, we highlight the elaboration of a graphic representation in the form of mandala / phyto-galactic constellation, which represents the set of knowledge, practices and knowledge that guide the health-disease-care processes in the indigenous perspective, the constitution, in interaction with the indigenous people, from a space / set of references and actions, called “OWCA AYAM”, conceived as a multi-referential learning space (AMA), and destined to the care and educational actions in health, in the indigenous perspective, which comes enabling the development of intersectoral actions involving health care, non-formal education and the exercise of citizenship. The development of this study led to the opening of dialogues and actions that transcend scientific production, which certainly will not end with the formal end of this study.Submitted by Manuela Barreto de Araújo (manuvidafeliz@gmail.com) on 2021-03-30T20:34:21Z No. of bitstreams: 1 Manuela Barreto de Araújo.pdf: 2839758 bytes, checksum: ce1cfa4a29b3fa9baa0164f3e39a0de1 (MD5)Approved for entry into archive by Ana Miria Moreira (anamiriamoreira@hotmail.com) on 2021-04-07T13:33:18Z (GMT) No. of bitstreams: 1 Manuela Barreto de Araújo.pdf: 2839758 bytes, checksum: ce1cfa4a29b3fa9baa0164f3e39a0de1 (MD5)Made available in DSpace on 2021-04-07T13:33:18Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Manuela Barreto de Araújo.pdf: 2839758 bytes, checksum: ce1cfa4a29b3fa9baa0164f3e39a0de1 (MD5)InterdisciplinarIndígenas - MedicinaSaberPromoção da saúdeDifusão do conhecimentoÍndios Kariri-XocóÍndios FulnióÍndios FulkaxóCognição - AnáliseMedicina tradicional indígenaSaberesAnálise cognitivaTraditional indigenous medicineKnowledgeKnowledge diffusionCognitive analysisSaberes, conhecimento e práticas medicinais tradicionais na cosmovisão indígena dos povos originários Kariri-Xocó, Fulni-Ô e Fulkaxó: uma análise cognitiva.info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisFaculdade de EducaçãoMulti-institucional em Difusão do ConhecimentoFACED /UFBABrasilinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFBAinstname:Universidade Federal da Bahia (UFBA)instacron:UFBAORIGINALManuela Barreto de Araújo.pdfManuela Barreto de Araújo.pdfapplication/pdf2839758https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/33226/1/Manuela%20Barreto%20de%20Ara%c3%bajo.pdfce1cfa4a29b3fa9baa0164f3e39a0de1MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain1442https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/33226/2/license.txt817035eff4c4c7dda1d546e170ee2a1aMD52TEXTManuela Barreto de Araújo.pdf.txtManuela Barreto de Araújo.pdf.txtExtracted texttext/plain445485https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/33226/3/Manuela%20Barreto%20de%20Ara%c3%bajo.pdf.txt9f12531498fa59f11cc0e90a52b5b3fcMD53ri/332262022-07-05 14:04:17.533oai:repositorio.ufba.br:ri/33226VGVybW8gZGUgTGljZW7vv71hLCBu77+9byBleGNsdXNpdm8sIHBhcmEgbyBkZXDvv71zaXRvIG5vIFJlcG9zaXTvv71yaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRkJBLgoKIFBlbG8gcHJvY2Vzc28gZGUgc3VibWlzc8ODwqNvIGRlIGRvY3VtZW50b3MsIG8gYXV0b3Igb3Ugc2V1IHJlcHJlc2VudGFudGUgbGVnYWwsIGFvIGFjZWl0YXIgZXNzZSB0ZXJtbyBkZSBsaWNlbsODwqdhLCBjb25jZWRlIGFvIFJlcG9zaXTDg8KzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVW5pdmVyc2lkYWRlIEZlZGVyYWwgZGEgQmFoaWEgbyBkaXJlaXRvIGRlIG1hbnRlciB1bWEgY8ODwrNwaWEgZW0gc2V1IHJlcG9zaXTDg8KzcmlvIGNvbSBhIGZpbmFsaWRhZGUsIHByaW1laXJhLCBkZSBwcmVzZXJ2YcODwqfDg8Kjby4gCgpFc3NlcyB0ZXJtb3MsIG7Dg8KjbyBleGNsdXNpdm9zLCBtYW50w4PCqW0gb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IvY29weXJpZ2h0LCBtYXMgZW50ZW5kZSBvIGRvY3VtZW50byBjb21vIHBhcnRlIGRvIGFjZXJ2byBpbnRlbGVjdHVhbCBkZXNzYSBVbml2ZXJzaWRhZGUuCgogUGFyYSBvcyBkb2N1bWVudG9zIHB1YmxpY2Fkb3MgY29tIHJlcGFzc2UgZGUgZGlyZWl0b3MgZGUgZGlzdHJpYnVpw4PCp8ODwqNvLCBlc3NlIHRlcm1vIGRlIGxpY2Vuw4PCp2EgZW50ZW5kZSBxdWU6CgogTWFudGVuZG8gb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMsIHJlcGFzc2Fkb3MgYSB0ZXJjZWlyb3MsIGVtIGNhc28gZGUgcHVibGljYcODwqfDg8K1ZXMsIG8gcmVwb3NpdMODwrNyaW8gcG9kZSByZXN0cmluZ2lyIG8gYWNlc3NvIGFvIHRleHRvIGludGVncmFsLCBtYXMgbGliZXJhIGFzIGluZm9ybWHDg8Knw4PCtWVzIHNvYnJlIG8gZG9jdW1lbnRvIChNZXRhZGFkb3MgZGVzY3JpdGl2b3MpLgoKIERlc3RhIGZvcm1hLCBhdGVuZGVuZG8gYW9zIGFuc2Vpb3MgZGVzc2EgdW5pdmVyc2lkYWRlIGVtIG1hbnRlciBzdWEgcHJvZHXDg8Knw4PCo28gY2llbnTDg8KtZmljYSBjb20gYXMgcmVzdHJpw4PCp8ODwrVlcyBpbXBvc3RhcyBwZWxvcyBlZGl0b3JlcyBkZSBwZXJpw4PCs2RpY29zLgoKIFBhcmEgYXMgcHVibGljYcODwqfDg8K1ZXMgc2VtIGluaWNpYXRpdmFzIHF1ZSBzZWd1ZW0gYSBwb2zDg8KtdGljYSBkZSBBY2Vzc28gQWJlcnRvLCBvcyBkZXDDg8Kzc2l0b3MgY29tcHVsc8ODwrNyaW9zIG5lc3NlIHJlcG9zaXTDg8KzcmlvIG1hbnTDg8KpbSBvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcywgbWFzIG1hbnTDg8KpbSBhY2Vzc28gaXJyZXN0cml0byBhb3MgbWV0YWRhZG9zIGUgdGV4dG8gY29tcGxldG8uIEFzc2ltLCBhIGFjZWl0YcODwqfDg8KjbyBkZXNzZSB0ZXJtbyBuw4PCo28gbmVjZXNzaXRhIGRlIGNvbnNlbnRpbWVudG8gcG9yIHBhcnRlIGRlIGF1dG9yZXMvZGV0ZW50b3JlcyBkb3MgZGlyZWl0b3MsIHBvciBlc3RhcmVtIGVtIGluaWNpYXRpdmFzIGRlIGFjZXNzbyBhYmVydG8uCg==Repositório InstitucionalPUBhttp://192.188.11.11:8080/oai/requestopendoar:19322022-07-05T17:04:17Repositório Institucional da UFBA - Universidade Federal da Bahia (UFBA)false
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