Compostos per- e polifluoroalquilados em ambientes tropicais: degradação, dispersão e biomagnificação

• Autor(a) principal: Miranda, Daniele de Almeida
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
• Texto Completo: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/32936
• topic: Biodiversidade; Ecologia marinha; Toxicologia ambiental; Baía de Todos os Santos; PFAS; Biomagnificação; Biomonitoramento

Compostos per- e polifluoroalquilados (PFAS) são amplamente utilizados em diversas aplicações como surfactantes, pesticidas, espuma de combate a incêndio, etc. Esses compostos são conhecidos mundialmente não somente pela sua versatilidade de usos, mas também devido às suas características de persistência, toxicidade e bioacumulação. Também por essas características, os PFAS estão presentes em diversas matrizes ambientais. Uma vez no ambiente, uma série de processos naturais (e.g., degradação, dispersão e biomagnificação) governa o destino, toxicidade e transporte desses compostos, porém, esses processos naturais ainda são pouco estudados. O principal objetivo desta tese foi estabelecer ligações entre a presença de PFAS em compartimentos bióticos e abióticos em ambientes tropicais e os processos que controlam os padrões de distribuição observados. A pesquisa foi desenvolvida em solos de manguezal (Jaguaripe-BA), em águas oceânicas (oceano Atlântico Tropical Oeste) e na cadeia trófica de um estuário (rio Subaé-BA). Inicialmente, um experimento manipulativo de degradação de um formicida a base de PFAS (i.e., Sulfluramida) foi realizado em solos de mangue. O ambiente anóxico dos solos do mangue atuou como reservatório de contaminantes, retardando a exportação dos produtos de degradação, mais tóxicos, para áreas adjacentes. No estudo seguinte, a ocorrência de PFAS ao longo de um transecto no oeste do Oceano Atlântico Tropical (TAO) (15ºN-23ºS) foi estudada para avaliar a influência da circulação na dispersão desses compostos. Diferentes perfis espaciais e verticais de PFAS foram observados ao longo da coluna d’água entre as zonas do TAO (i.e., Atlântico Norte, Equador, Atlântico Sul e águas costeiras brasileiras). Correntes superficiais, ressurgência costeira, e a origem das massas de água foram fatores importantes para explicar as concentrações de PFAS e as distribuições verticais dos compostos ao longo do transecto no TAO. Por último, no estudo de biomagnificação, PFAS foram encontrados em todas as 21 espécies estudadas, distribuídas em 3 níveis tróficos em um estuário tropical. A biomagnificação de perfluorooctano sulfônico (PFOS), N-Etil perfluorooctano sulfonamida (EtFOSA) e ácido perfluoronanóico (PFNA) foi observada na cadeia trófica estudada do estuário do rio Subaé. O perfil de PFAS encontrado nesse estuário indicou a presença de fontes difusas desses compostos para os organismos. Os resultados observados nos estudos mostraram que a presença e o comportamento dos PFAS estão relacionados a fatores referentes aos compostos como padrão de utilização, fontes para o ambiente e suas propriedades, além dos processos químicos e biológicos naturais que controlam a interação dos PFAS com o ambiente.