História de um europeísmo brasileiro: estranhando assimetrias pós-coloniais nas relações Brasil-França

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pellissier, Yann
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/27574
Resumo: Este trabalho de tese estuda relações de poder à luz dos princípios de simetria discutidos pela antropologia contemporânea (LATOUR, 1997, VIVEIROS, 2002). Para realizar este objetivo, discuto um percurso acadêmico que me fez redescobrir a antropologia francesa e brasileira. Foi ao longo deste caminho que aprendi a questionar desigualdades pós-coloniais, no fim desta trajetória, cheguei na proposta de uma antropologia europeísta. A pesquisa começa com reflexões sobre desigualdades na França, passa por uma descrição do elitismo de jovens paulistas, transita no interior da Bahia entre duas formações antropológicas assimétricas e termina com uma descrição da construção de um novo bairro de alto padrão na cidade de Salvador. Na contramaré dos fluxos que incitam os antropólogos brasileiros a realizar a sua pós-graduação na Europa, foi uma formação baiana que me propiciou – enquanto francês – a identificar aspectos importantes das relações de poder e hierarquias em contextos pós-coloniais. Abordo, criticamente, a naturalização da violência nas relações “norte-sul” e de outras relações assimétricas seguindo as etapas da minha formação franco-brasileira. Esse olhar reflexivo resulta em descrições etnográficas sobre operações do imperialismo tanto em nossa disciplina quanto na vida daqueles que participaram de minha trajetória de pesquisa. Argumento que a violência da opressão deve ser enxergada, também, a partir da perspectiva dominante. O princípio de simetria serve tanto para reequilibrar as relações de poder estudadas – colocar os polos das assimetrias no mesmo plano – quanto para evidenciar outras formas de dominação – relacionar as assimetrias no mesmo plano. Assim, com este trabalho contribuo para uma reflexão sobre os desafios políticos da antropologia contemporânea: tomar consciência da existência de problemas, deixar os movimentos contrários acontecer e tentar não falar pelos outros são estratégias que mobilizei neste trabalho para defender uma antropologia mais à esquerda (GOLDMAN, 2014). Aqui procuro trazer as coisas de “volta para a vida” (INGOLD, 2012), a começar com as “coisas” que os antropólogos consideram poderosas. É por esta razão que passamos da França para o Brasil, da capital paulista para o interior da Bahia, da cidade de Salvador para um novo bairro de alto padrão: foi para falar do imperialismo europeu e do evolucionismo colonial, do racismo, do machismo e do elitismo, do cientificismo da antropologia e do poder do Estado e do Capital.
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A pesquisa começa com reflexões sobre desigualdades na França, passa por uma descrição do elitismo de jovens paulistas, transita no interior da Bahia entre duas formações antropológicas assimétricas e termina com uma descrição da construção de um novo bairro de alto padrão na cidade de Salvador. Na contramaré dos fluxos que incitam os antropólogos brasileiros a realizar a sua pós-graduação na Europa, foi uma formação baiana que me propiciou – enquanto francês – a identificar aspectos importantes das relações de poder e hierarquias em contextos pós-coloniais. Abordo, criticamente, a naturalização da violência nas relações “norte-sul” e de outras relações assimétricas seguindo as etapas da minha formação franco-brasileira. Esse olhar reflexivo resulta em descrições etnográficas sobre operações do imperialismo tanto em nossa disciplina quanto na vida daqueles que participaram de minha trajetória de pesquisa. Argumento que a violência da opressão deve ser enxergada, também, a partir da perspectiva dominante. O princípio de simetria serve tanto para reequilibrar as relações de poder estudadas – colocar os polos das assimetrias no mesmo plano – quanto para evidenciar outras formas de dominação – relacionar as assimetrias no mesmo plano. Assim, com este trabalho contribuo para uma reflexão sobre os desafios políticos da antropologia contemporânea: tomar consciência da existência de problemas, deixar os movimentos contrários acontecer e tentar não falar pelos outros são estratégias que mobilizei neste trabalho para defender uma antropologia mais à esquerda (GOLDMAN, 2014). Aqui procuro trazer as coisas de “volta para a vida” (INGOLD, 2012), a começar com as “coisas” que os antropólogos consideram poderosas. É por esta razão que passamos da França para o Brasil, da capital paulista para o interior da Bahia, da cidade de Salvador para um novo bairro de alto padrão: foi para falar do imperialismo europeu e do evolucionismo colonial, do racismo, do machismo e do elitismo, do cientificismo da antropologia e do poder do Estado e do Capital.Ce travail de thèse a cherché à étudier certaines relations de pouvoir à la lumière du principe de symétrie tant discuté par l'anthropologie. Pour atteindre cet objectif, je suis revenu sur un parcours académique qui m'a fait découvrir l’anthropologie française et brésilienne. C’est au long de ce chemin que j’ai construit un regard symétrique sur les relations asymétriques, à la fin de cette trajectoire, je suis arrivé à la proposition d’une anthropologie européiste. La recherche commence par des réflexions sur les inégalités en France, passe par une description de l'élitisme de la jeunesse pauliste, transite à Bahia entre deux formations anthropologiques asymétriques et se termine par une description de la construction d'un nouveau quartier haut de gamme de la ville de Salvador. A contrecourant des flux hégémoniques qui incitent les anthropologues brésiliens à faire leurs études supérieures à l’étranger, c’est une formation bahianaise qui m'a permis – en tant que français – d’identifier certains aspects importants des relations de pouvoir et des hiérarchies en contexte postcolonial. J'aborde de manière critique la naturalisation de la violence des relations « nord-sud » et d'autres relations asymétriques à partir des étapes de ma formation franco-brésilienne. Ce regard réflexif m’a permis de développer des descriptions ethnographiques sur des opérations impérialistes visibles à la fois dans notre discipline et dans la vie de ceux qui ont participé à ma trajectoire de recherche. Suivant la ligne d'une anthropologie symétrique (LATOUR, 1997 ; VIVEIROS, 2002), je soutiens que la violence de l'oppression doit être observée, en toute situation, du point de vue du dominant. Le principe de symétrie sert autant à rééquilibrer les relations de pouvoir étudiées – mettre les pôles des asymétries sur le même plan – qu’à mettre en évidence d'autres formes de domination – mettre en relation toutes les asymétries sur le même plan. Ainsi, avec ce travail, je cherche à contribuer à une réflexion sur les défis politiques de l'anthropologie contemporaine : prendre conscience de l'existence de problèmes, laisser les mouvements contraires exister et ne pas essayer de parler pour les autres sont des stratégies qui ont été mobilisées dans ce travail pour défendre une anthropologie plus à gauche (GOLDMAN, 2014). Ici, j`essaie de ramener les choses à la vie (INGOLD, 2012), en commençant par les «choses» puissantes. C’est pour cette raison que nous passons de la France au Brésil, de la capitale pauliste à la campagne de la Bahia, de Salvador à un nouveau quartier haut de gamme : pour parler de l'impérialisme européen et de l'évolutionnisme colonial, de racisme, de machisme et d'élitisme, du scientifisme de l'anthropologie et du pouvoir de l'État et du Capital.Submitted by Yann Pellissier (yann.pellissier@gmail.com) on 2018-09-28T02:34:27Z No. of bitstreams: 1 HISTÓRIA DE UM EUROPEISMO BRASILEIRO_TESE DE YANN PELLISSIER_PPGA-UFBA_2018.pdf: 5479538 bytes, checksum: 8cf995cf229530e8c5babbff3f69755f (MD5)Approved for entry into archive by Biblioteca Isaías Alves (reposiufbat@hotmail.com) on 2018-10-02T18:05:19Z (GMT) No. of bitstreams: 1 HISTÓRIA DE UM EUROPEISMO BRASILEIRO_TESE DE YANN PELLISSIER_PPGA-UFBA_2018.pdf: 5479538 bytes, checksum: 8cf995cf229530e8c5babbff3f69755f (MD5)Made available in DSpace on 2018-10-02T18:05:19Z (GMT). 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