O que devemos aprender com a ciência do índio e o fortalecimento linguístico Kiriri: análise da articulação entre cosmopolítica, ritual, educação e epistemologia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Moraes, Vanessa Coelho
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/35082
Resumo: Esse trabalho foi realizado junto ao povo Kiriri, etnia indígena situada no contexto etnológico do Nordeste que reside no município de Banzaê-BA, em um território demarcado de 12.320 hectares, com uma população aproximada de 4 mil indígenas. Eles passaram por um intenso processo colonial que teve como uma das suas principais consequências o fato de não saberem mais como falar a língua dos antigos. Tudo que conhecem sobre ela é oriundo das palavras que alguns dos mais velhos conhecem e o que aprendem nos rituais com seus antepassados. Seu idioma é muito importante para sua comunidade de tal modo que, através da língua eles efetivam processos de cura, protegem-se de situações de perigo, comunicam-se com seres que habitam seu território como algumas plantas, alguns animais e seus antepassados. Além disso, ao realizarem seus rituais na língua fortalecem-se garantindo a presença e o auxílio das suas entidades de modo mais intenso. Devido à relevância desse fenômeno, atualmente eles buscam modos de falar sua língua cotidianamente. Percebemos que esse processo está implicado com uma epistemologia, educação, ontologia, mitologia, ritual e cosmopolítica específicas. Estudamos como os Kiriri, com suas práticas e saberes, estão buscando falar a língua dos antigos, bem como, se apropriar dos conhecimentos da linguística. Isso envolve duas epistemologias distintas: a ciência do índio, como chamam os saberes oriundos dos rituais e dos seus antepassados, e a ciência acadêmica. Ao aprofundarmos nessa questão, notamos que os saberes indígenas sempre foram desvalorizados em função de uma hiper valoração dos conhecimentos da universidade. Com esse horizonte, buscamos demonstrar a relevância de uma metodologia indígena, descrevendo seus principais aspectos e mostrando como os saberes indígenas não só devem ser valorizados por uma questão de respeito, mas também pela possibilidade de nos proporcionar avanços científicos. Por isso, buscamos descrever no que consiste a epistemologia da ciência do índio para demonstrar como ela pode nos auxiliar a avançar cientificamente
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Além disso, ao realizarem seus rituais na língua fortalecem-se garantindo a presença e o auxílio das suas entidades de modo mais intenso. Devido à relevância desse fenômeno, atualmente eles buscam modos de falar sua língua cotidianamente. Percebemos que esse processo está implicado com uma epistemologia, educação, ontologia, mitologia, ritual e cosmopolítica específicas. Estudamos como os Kiriri, com suas práticas e saberes, estão buscando falar a língua dos antigos, bem como, se apropriar dos conhecimentos da linguística. Isso envolve duas epistemologias distintas: a ciência do índio, como chamam os saberes oriundos dos rituais e dos seus antepassados, e a ciência acadêmica. Ao aprofundarmos nessa questão, notamos que os saberes indígenas sempre foram desvalorizados em função de uma hiper valoração dos conhecimentos da universidade. Com esse horizonte, buscamos demonstrar a relevância de uma metodologia indígena, descrevendo seus principais aspectos e mostrando como os saberes indígenas não só devem ser valorizados por uma questão de respeito, mas também pela possibilidade de nos proporcionar avanços científicos. Por isso, buscamos descrever no que consiste a epistemologia da ciência do índio para demonstrar como ela pode nos auxiliar a avançar cientificamenteThis work was carried out with the Kiriri people, an indigenous ethnic group located in the ethnological context of the Northeast that resides in the municipality of Banzaê-BA, in a demarcated territory of 12,320 hectares, with a population of approximately 4 thousand indigenous people. They went through an intense colonial process that had as one of their main consequences the fact that they no longer know how to speak the language of the ancients. Everything you know about her comes from the words that some of the elders know and what they learn from rituals with their ancestors. Their language is very important for their community in such a way that, through their language, they carry out healing processes, protect themselves from dangerous situations, communicate with beings that inhabit their territory like some plants, some animals and their ancestors. In addition, when performing their rituals in the language, they are strengthened by ensuring the presence and assistance of their entities in a more intense way. I wish to generate this phenomenon, they are currently looking for ways to speak their language everyday. We realize that this process is involved with a specific epistemology, education, ontology, mythology, ritual and cosmopolitics. We studied how the Kiriri, with their practices and knowledge, are trying to speak the language of the ancients, as well as, to appropriate the knowledge of linguistics. This involves two distinct epistemologies: the science of the Indian, as they call the knowledge derived from rituals and their ancestors, and academic science. As we went deeper into this issue, we noticed that indigenous knowledge has always been devalued due to the overvaluation of university knowledge. With this horizon in mind, we seek to demonstrate research on an indigenous methodology, describing its main aspects and showing how indigenous knowledge should not only be valued for the sake of respect, but also for the possibility of giving us scientific advances. Therefore, we seek to describe what the epistemology of Indian science consists of to demonstrate how, in linguistic and anthropological terms, it can help us to advance scientificallySubmitted by vanessa moraes (vanessa_c.m009@hotmail.com) on 2022-04-11T14:38:25Z No. of bitstreams: 1 dissertação-repositorio ufba_vanessa moraes.pdf: 6440142 bytes, checksum: 4155bc538f838388dd80185c6778129a (MD5)Approved for entry into archive by Isaac Viana da Cunha Araújo (isaac.cunha@ufba.br) on 2022-04-11T17:04:31Z (GMT) No. of bitstreams: 1 dissertação-repositorio ufba_vanessa moraes.pdf: 6440142 bytes, checksum: 4155bc538f838388dd80185c6778129a (MD5)Made available in DSpace on 2022-04-11T17:04:31Z (GMT). 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