A literatura como mecanismo de luta pelo reconhecimento social de mulheres negras na obra Um Defeito de Cor

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Prestes, Luciana da Trindades
Data de Publicação: 2017
Outros Autores: Prestes, Emília Maria da Trindade
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Afro-Ásia (Online)
Texto Completo: https://periodicos.ufba.br/index.php/afroasia/article/view/25869
Resumo: O texto descreve e analisa a obra Um defeito de cor (2006), da brasileira Ana Maria Gonçalves, considerado um dos livros mais importantes da literatura do século XXI. A ideia é demonstrar, por meio das memórias de Kahinde/Luísa, uma mulher negra, ex-escrava, cega e à beira da morte, como a atual literatura produzida por escritoras afrodescendentes, ao plasmar em suas obras um modelo original de raça e de gênero, permite explorar a história sob um ângulo diferente daquele usualmente adotado pela literatura tradicional, possibilitando novas representações valorativas e a superação de estereótipos preconceituosos e excludentes relacionados com raça e gênero. A obra em análise, por transcender as narrativas tradicionais e ser portadora de mensagens capazes de traduzir desejos de valorização, superação de condições concretas de existência e de emancipação de pessoas oprimidas, abre caminho para descentralizar os discursos conservadores que fomentaram, historicamente, estereótipos preconceituosos e invisibilizaram as identidades de indivíduos negros e as lutas para conquistar direitos historicamente negados. Consideramos que esta literatura histórica contemporânea e crítica é capaz de se converter em um poderoso mecanismo de luta em favor do reconhecimento social da raça negra, particularmente da mulher.Palavras-chave: Literatura de mulheres negras - histórias de escravas - reconhecimento social de negras.AbstractThe text describes and analyzes the work Um defeito de Cor (2006) by the Brazilian author Ana Maria Gonçalves, considered one of the most important books of 21st century Brazilian literature. The idea is to demonstrate, through the memories of Kahinde / Luisa, a black woman, ex-slave, blind and on the verge of death, how the current literature produced by Afro-descendant women writers, by translating into their works an original model of race and gender, allows us to explore history from a different angle than those models usually adopted in traditional literature, making possible new representations of value and overcoming biased and exclusionary stereotypes related to race and gender.  By transcending traditional narratives, carrying messages capable of translating desires for valorization and overcoming the concrete conditions of existence and emancipation of oppressed people, the literary work under analysis paves the way for decentralizing conservative discourses that historically fostered prejudiced stereotypes and made invisible the identities of black people and their struggles to conquer historically denied rights. We consider that this historical and critical literature can become a powerful mechanism of struggle in favor of the social recognition of the black race, particularly women.Keywords: Black women literature - slave stories - black people - social recognition.
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