ROUSSEAU E O SENTIMENTO DE EXISTÊNCIA COMO RECURSO AUTOBIOGRÁFICO E AUTOFORMATIVO
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista Dialectus |
Texto Completo: | http://periodicos.ufc.br/dialectus/article/view/43140 |
Resumo: | A obra rousseauniana encarna o sentimento de existência quando a solidão aparece da forma expressiva observada n’Os Devaneios do caminhante solitário, nas Confissões e nos Diálogos: Rousseau, juiz de Jean Jacques, obras autobiográficas do filósofo. Diante da impossibilidade histórica de recuperar a unidade perdida na máscara das relações sociais e de alcançar a felicidade que a vida mundana não lhe havia proporcionado, Jean Jacques volta se para a interioridade, escolhendo o isolamento como condição existencial. Na impossibilidade de transformar o mundo exterior, recorre à reforma interior visando à redenção individual. Nosso interesse na obra de Rousseau se concentra no deslocamento desta, começada como uma filosofia da história universal em direção a uma literatura que imprime uma “experiência existencial” (STAROBINSKI, 2011, p. 52). Conforme Burgelin (1978), Starobinski (2011) e Prado Jr. (2008), os quais consideram Rousseau um precursor das filosofias da existência, intencionamos destacar essa abordagem para a existência na obra literária e autobiográfica rousseauniana, colocando a como problema filosófico para daí extrair um problema filosófico educacional concernente à autoformação. Pretendemos enfatizar a visão de um autor personagem examinador de sua experiência vital e que, ao identificar situações cruciais e banais, transforma as em matéria prima para seu pensamento, para o filosofar e para a confecção de um si mesmo. Concluímos que a solidão para Rousseau é também um recurso para a fabricação do “eu” tanto na vida quanto em sua obra. Nos textos autobiográficos, a solidão é um meio para o indivíduo empreender o exame estético de consciência intencionando melhor compreender a si mesmo. Concluímos igualmente que o sentimento de existência equivale à consciência de existir, a qual, abrangendo razão e sentimento, significa intenção e atitude que encontram na linguagem sua possibilidade mais recorrente de expressão. Desse modo, o sentimento de existir instaura nossa existência no sentido de que dele emerge a consciência de si cuja intensificação, em Rousseau, necessita da solidão para exaltar o sentimento de existência. O conceito de existência em Rousseau somente adquire a devida relevância se entendido na concretude de um sentimento de existir no contexto da condição humana de um estar no mundo que vivencia e indaga a própria existência. |
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