O caráter formativo do não-idêntico: uma reflexão a partir da Dialética Negativa de T. Adorno

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Schütz, Rosalvo
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Dialectus
Texto Completo: http://periodicos.ufc.br/dialectus/article/view/5144
Resumo: Atualmente o discurso da valorização da educação é amplamente reconhecido. Esta legitimidade repousa especialmente na sua associação a esperanças emancipatórias legítimas de uma vida e de um mundo melhor. No entanto, a redução do seu significado a referências requeridas pelo mercado bloqueia os potenciais emancipatórios subjacentes a essa legitimidade. A noção de semiformação (Halbbildung), desenvolvida por T. Adorno, dentro do horizonte da chamada indústria cultural, contribui para a compreensão deste mecanismo neutralizador do potencial educativo. No entanto, baseados no próprio Adorno, simultaneamente, somos autorizados a afirmar que nem toda realidade se deixa aprisionar por esta dinâmica. Deste modo, torna-se possível indicar para a importância e centralidade da valorização de aspectos não idênticos ao sistema enquanto constitutivos num processo de formação crítica e solidária. Tornar-se sensível ao não idêntico, nesse sentido, é condição imprescindível para a emergência de qualquer processo emancipatório. Por isso, no campo da educação, a superação da indiferença se torna um desafio incontornável, uma vez que, na indiferença não há experiência. A condição de possibilidade da superação da indiferença só se viabiliza na medida em que existir aquilo que Adorno denomina experiências formativas. Experiências estas que não se deixam reduzir nem a simples adaptação nem a uma suposta emancipação descontextualizada, mas acontecem na tensão necessária entre ambas. As experiências formativas possibilitam a formação cultural (Bildung) do indivíduo que é fundamental para a constituição da sua autonomia. Formar para a autonomia significa, portanto, possibilitar experiências formativas desde a não-identidade e em confronto com o mundo. É o não-idêntico que pode manter viva a esperança que aponta para além das relações de domínio e exploração pressupostos pela sociedade atual. Uma educação com pretensões emancipatórias deveria estar constantemente em diálogo com tais aspectos e aportes.
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