Comunicação e marketing na poesia popular de Rodolfo Coelho Cavalcante

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Kunz, Martine Suzanne
Data de Publicação: 1985
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Texto Completo: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/49093
Resumo: Qual o processo, a trajetória que pode levar uma européia, uma francesa a pesquisar a chamada literatura de cordel? Existe uma literatura popular? Existe uma criatividade autenticamente popular? A arte popular não seria uma invenção de intelectual ou a assimilação submissa de valores oriundos das classes dominantes e impostas por elas? A minha primeira viagem ao Brasil foi nos anos 1975-76. Tinha acabado de apresentar na Sorbonne uma tese de mestrado de literatura sobre Proust e Baudelaire, e resolvi dar uma pausa demorada, aventureira e exótica na minha vida universitária. Acontece que o exotismo se deu às avessas. Chegando em Calumbi, lugarejo perto de Serra Talhada, em Pernambuco, o choque cultural foi enorme e determinante para o fim da minha viagem. Foi em Calumbi que eu me senti o alvo de uma curiosidade desenfreada por parte da população, de um comportamento antropológico selvagem e espontâneo. Cheguei então a pensar que era sempre a mesma classe de gente que estudava os outros. Os brancos estudam os pretos, as classes altas estudam as classes baixas, o primeiro mundo debruça-se sobre o terceiro mundo. Por que não o contrário?[...]Quanto à segunda série de perguntas, nosso trabalho pretende demonstrar que a literatura popular não só existe como expressa, através de uma grande riqueza temática; a alma do seu povo, mais que ela, está sendo submetida a vários fatores de distanciamento. Através do caso estudado, Rodolfo Coelho Cavalcante, poeta e líder da sua classe, e das contradições desse poeta, podemos afirmar que a literatura popular só pode existir e sobreviver como tal na medida em que ela não pretende identificar-se à outra literatura erudita, elitista, hegemônica.[...]
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