Relações entre trabalho e cultura no campo no Tabuleiro de Russas (1960-2000)

• Autor(a) principal: Lima, Marcelo de Sousa
• Data de Publicação: 2016
• Outros Autores: Sousa, Fabíola Cristiany Oliveira de, Mendes, Volgan Timbó, Oliveira, Elaine Cristine Sousa de, Viana Junior, Mario Martins
• Tipo de documento: Artigo de conferência
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
• Texto Completo: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/59851
• topic: Campesinato; Agroindústria - Aspectos sociais - Brasil; Agricultura familiar

A conflitualidade no espaço agrário brasileiro entre dois grandes paradigmas sobre o campo é questão central nas discussões sobre campesinato no Brasil: de um lado, o paradigma do capitalismo agrário afirma a hegemonia das agroindústrias e a forma mecanizada de produção de alimentos e do trabalho; de outro, o paradigma da questão agrária aponta a agricultura familiar como uma realidade viva no Brasil, onde a posição de protagonista é dos agricultores familiares. Este embate está expresso nos múltiplos conflitos presentes nas relações entre Estado/capital x pobres do campo na segunda metade do século XX no Brasil. No Ceará, o projeto dos perímetros irrigados, política pública de grande irrigação iniciada no Nordeste brasileiro a partir dos anos 1960, ajuda a entender esta intensa relação entre estas duas formas de produção que, em síntese, representam “modos de vidas” distintos. Neste trabalho pretendo analisar as diferentes formas de trabalho no campo cearense, mais especificamente no Tabuleiro de Russas, região do Médio Jaguaribe, entre os anos de 1960 e 2000. As imposições via DNOCS (Departamento Nacional de Obras contra as Secas) sobre a forma de produção de alimentos e a introdução da mecanização produz um novo cenário de relações de trabalho, de relações sociais, constituindo um período de disputa de projeto para o campo brasileiro, onde a proposta das grandes empresas agroindustriais com seu discurso de “modernização” da agricultura ganha muito terreno e mais e mais legitima o seu processo de concentração de terras e riquezas. A análise parte do trabalho com fontes orais realizado pelo grupo COMTER (Núcleo de Estudos em Memória e Conflitos Territoriais), onde agricultores e agricultoras das comunidades do Peixe, Lagoa dos Cavalos, Cipó, Fazenda Maia e Junco foram entrevistados no ano de 2015 e 2016. Além do trabalho com as entrevistas, também perscrutarei fontes do próprio acervo do DNOCS referente ao projeto do Perímetro Irrigado do Tabuleiro de Russas.