Mortalidade relacionada às doenças tropicais negligenciadas no Brasil, 2000-2011 : magnitude, padrões espaço-temporais e fatores associados

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Martins-Melo, Francisco Rogerlândio
Data de Publicação: 2016
Outros Autores: Ramos Júnior, Alberto Novaes, Heukelbach, Jorg
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Texto Completo: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/18546
Resumo: Introdução: O Brasil é responsável pela maior parte da carga de doença relacionada às Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs) na América Latina. Objetivo: Descrever as tendências temporais, padrões espaço-temporais e fatores associados à mortalidade relacionada às DTNs no Brasil. Material e Métodos: Foi realizada uma série de estudos ecológicos baseados em dados secundários de mortalidade provenientes do Sistema de Informações sobre Mortalidade. Foram incluídos todos os óbitos relacionados às DTNs registrados no Brasil no período de 2000 a 2011. A tese foi organizada em sete eixos temáticos de acordo com suas especificidades metodológicas e doenças analisadas: tendências temporais e padrões espaço-temporais da mortalidade relacionada ao grupo de DTNs (Eixo 1) e DTNs específicas com elevado impacto de mortalidade no Brasil (esquistossomose, hanseníase, neurocisticercose, leishmaniose visceral e coinfecção leishmaniose visceral e HIV/aids) (Eixos 2 a 6); análise dos fatores socioeconômicos, demográficos, ambientais/climáticos e de assistência à saúde associados à mortalidade relacionada às DTNs em nível municipal no Brasil, utilizando modelos de regressão linear multivariada e regressão espacial local (Eixo 7). Resultados: No período de estudo, 12.491.280 óbitos foram registrados no Brasil. Foram identificadas 100.814 (0,81%) declarações de óbitos em que pelo menos uma causa de morte relacionada às DTNs foi mencionada. A doença de Chagas foi a DTN mais mencionada (72.827; 72,0%), seguido pela esquistossomose (8.756; 8,7%) e hanseníase (7.732; 7,6%). O coeficiente médio padronizado de mortalidade foi de 5,67 óbitos/100.000 habitantes (intervalo de confiança de 95% [IC 95%]: 5,56-5,77). Os maiores coeficientes de mortalidade foram observados em pessoas do sexo masculino, com ≥70 anos de idade, raça/cor preta e residente na região Centro-Oeste. Os coeficientes de mortalidade apresentaram tendência de declínio significativo em nível nacional no período (variação percentual anual [APC]: -2,1%; IC 95%: -2,8; -1,3), com diminuição da mortalidade nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, aumento na região Norte e estabilidade na região Nordeste. Foram identificados clusters de alto risco em todas as regiões brasileiras, destacando-se um cluster que abrange uma ampla área geográfica na região central do Brasil. A análise de regressão linear multivariada mostrou uma associação global positiva entre a mortalidade relacionada às DTNs e a taxa de urbanização, migração, índice de Gini, taxa de desemprego, saneamento inadequado, população de raça/cor preta, cobertura do Programa Bolsa Família e temperatura, enquanto houve uma relação negativa com a renda domiciliar, densidade de médicos, extrema pobreza, densidade domiciliar, umidade e precipitação. Os resultados da Regressão Geograficamente Ponderada (GWR) indicaram variações espaciais significativas em todas as associações entre as variáveis explicativas e a mortalidade por DTNs ao longo de todo o país, em que cada fator ecológico teve efeito diferente sobre a mortalidade em diferentes regiões brasileiras. Conclusões: As DTNs continuam sendo importantes causas de morte preveníveis e um problema de saúde pública no Brasil. A sobreposição geográfica e as áreas de alto risco para óbitos relacionados às DTNs chamam atenção para implementação de medidas integradas de controle nas áreas com maior morbidade e mortalidade. A distribuição espacial da mortalidade relacionada às DTNs nos municípios brasileiros está correlacionada com indicadores socioeconômicos, demográficos e ambientais/climáticos, com variações geográficas significativas. Estratégias locais abrangentes e medidas de prevenção e controle para DTNs devem ser formuladas de acordo com essas características nas regiões endêmicas brasileiras.
id UFC-7_10b1cd44c1152c68e9164818c4360163
oai_identifier_str oai:repositorio.ufc.br:riufc/18546
network_acronym_str UFC-7
network_name_str Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
repository_id_str
spelling Mortalidade relacionada às doenças tropicais negligenciadas no Brasil, 2000-2011 : magnitude, padrões espaço-temporais e fatores associadosDoenças NegligenciadasMortalidadeDeterminantes Sociais da SaúdeIntrodução: O Brasil é responsável pela maior parte da carga de doença relacionada às Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs) na América Latina. Objetivo: Descrever as tendências temporais, padrões espaço-temporais e fatores associados à mortalidade relacionada às DTNs no Brasil. Material e Métodos: Foi realizada uma série de estudos ecológicos baseados em dados secundários de mortalidade provenientes do Sistema de Informações sobre Mortalidade. Foram incluídos todos os óbitos relacionados às DTNs registrados no Brasil no período de 2000 a 2011. A tese foi organizada em sete eixos temáticos de acordo com suas especificidades metodológicas e doenças analisadas: tendências temporais e padrões espaço-temporais da mortalidade relacionada ao grupo de DTNs (Eixo 1) e DTNs específicas com elevado impacto de mortalidade no Brasil (esquistossomose, hanseníase, neurocisticercose, leishmaniose visceral e coinfecção leishmaniose visceral e HIV/aids) (Eixos 2 a 6); análise dos fatores socioeconômicos, demográficos, ambientais/climáticos e de assistência à saúde associados à mortalidade relacionada às DTNs em nível municipal no Brasil, utilizando modelos de regressão linear multivariada e regressão espacial local (Eixo 7). Resultados: No período de estudo, 12.491.280 óbitos foram registrados no Brasil. Foram identificadas 100.814 (0,81%) declarações de óbitos em que pelo menos uma causa de morte relacionada às DTNs foi mencionada. A doença de Chagas foi a DTN mais mencionada (72.827; 72,0%), seguido pela esquistossomose (8.756; 8,7%) e hanseníase (7.732; 7,6%). O coeficiente médio padronizado de mortalidade foi de 5,67 óbitos/100.000 habitantes (intervalo de confiança de 95% [IC 95%]: 5,56-5,77). Os maiores coeficientes de mortalidade foram observados em pessoas do sexo masculino, com ≥70 anos de idade, raça/cor preta e residente na região Centro-Oeste. Os coeficientes de mortalidade apresentaram tendência de declínio significativo em nível nacional no período (variação percentual anual [APC]: -2,1%; IC 95%: -2,8; -1,3), com diminuição da mortalidade nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, aumento na região Norte e estabilidade na região Nordeste. Foram identificados clusters de alto risco em todas as regiões brasileiras, destacando-se um cluster que abrange uma ampla área geográfica na região central do Brasil. A análise de regressão linear multivariada mostrou uma associação global positiva entre a mortalidade relacionada às DTNs e a taxa de urbanização, migração, índice de Gini, taxa de desemprego, saneamento inadequado, população de raça/cor preta, cobertura do Programa Bolsa Família e temperatura, enquanto houve uma relação negativa com a renda domiciliar, densidade de médicos, extrema pobreza, densidade domiciliar, umidade e precipitação. Os resultados da Regressão Geograficamente Ponderada (GWR) indicaram variações espaciais significativas em todas as associações entre as variáveis explicativas e a mortalidade por DTNs ao longo de todo o país, em que cada fator ecológico teve efeito diferente sobre a mortalidade em diferentes regiões brasileiras. Conclusões: As DTNs continuam sendo importantes causas de morte preveníveis e um problema de saúde pública no Brasil. A sobreposição geográfica e as áreas de alto risco para óbitos relacionados às DTNs chamam atenção para implementação de medidas integradas de controle nas áreas com maior morbidade e mortalidade. A distribuição espacial da mortalidade relacionada às DTNs nos municípios brasileiros está correlacionada com indicadores socioeconômicos, demográficos e ambientais/climáticos, com variações geográficas significativas. Estratégias locais abrangentes e medidas de prevenção e controle para DTNs devem ser formuladas de acordo com essas características nas regiões endêmicas brasileiras.Revista de Medicina da UFC2016-07-21T13:05:38Z2016-07-21T13:05:38Z2016-01info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfMARTINS-MELO, Francisco Rogerlândio ; RAMOS JÚNIOR, Alberto Novaes ; HEUKELBACH, Jorg. Mortalidade relacionada às doenças tropicais negligenciadas no Brasil, 2000-2011 : magnitude, padrões espaço-temporais e fatores associados. Rev Med UFC, Fortaleza, v. 56, n. 1, p. 79-80, jan./jun. 20162447-6595 On linehttp://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/18546Martins-Melo, Francisco RogerlândioRamos Júnior, Alberto NovaesHeukelbach, Jorgporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)instname:Universidade Federal do Ceará (UFC)instacron:UFCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2018-12-12T10:42:39Zoai:repositorio.ufc.br:riufc/18546Repositório InstitucionalPUBhttp://www.repositorio.ufc.br/ri-oai/requestbu@ufc.br || repositorio@ufc.bropendoar:2024-09-11T18:19:29.801554Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC) - Universidade Federal do Ceará (UFC)false
dc.title.none.fl_str_mv Mortalidade relacionada às doenças tropicais negligenciadas no Brasil, 2000-2011 : magnitude, padrões espaço-temporais e fatores associados
title Mortalidade relacionada às doenças tropicais negligenciadas no Brasil, 2000-2011 : magnitude, padrões espaço-temporais e fatores associados
spellingShingle Mortalidade relacionada às doenças tropicais negligenciadas no Brasil, 2000-2011 : magnitude, padrões espaço-temporais e fatores associados
Martins-Melo, Francisco Rogerlândio
Doenças Negligenciadas
Mortalidade
Determinantes Sociais da Saúde
title_short Mortalidade relacionada às doenças tropicais negligenciadas no Brasil, 2000-2011 : magnitude, padrões espaço-temporais e fatores associados
title_full Mortalidade relacionada às doenças tropicais negligenciadas no Brasil, 2000-2011 : magnitude, padrões espaço-temporais e fatores associados
title_fullStr Mortalidade relacionada às doenças tropicais negligenciadas no Brasil, 2000-2011 : magnitude, padrões espaço-temporais e fatores associados
title_full_unstemmed Mortalidade relacionada às doenças tropicais negligenciadas no Brasil, 2000-2011 : magnitude, padrões espaço-temporais e fatores associados
title_sort Mortalidade relacionada às doenças tropicais negligenciadas no Brasil, 2000-2011 : magnitude, padrões espaço-temporais e fatores associados
author Martins-Melo, Francisco Rogerlândio
author_facet Martins-Melo, Francisco Rogerlândio
Ramos Júnior, Alberto Novaes
Heukelbach, Jorg
author_role author
author2 Ramos Júnior, Alberto Novaes
Heukelbach, Jorg
author2_role author
author
dc.contributor.author.fl_str_mv Martins-Melo, Francisco Rogerlândio
Ramos Júnior, Alberto Novaes
Heukelbach, Jorg
dc.subject.por.fl_str_mv Doenças Negligenciadas
Mortalidade
Determinantes Sociais da Saúde
topic Doenças Negligenciadas
Mortalidade
Determinantes Sociais da Saúde
description Introdução: O Brasil é responsável pela maior parte da carga de doença relacionada às Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs) na América Latina. Objetivo: Descrever as tendências temporais, padrões espaço-temporais e fatores associados à mortalidade relacionada às DTNs no Brasil. Material e Métodos: Foi realizada uma série de estudos ecológicos baseados em dados secundários de mortalidade provenientes do Sistema de Informações sobre Mortalidade. Foram incluídos todos os óbitos relacionados às DTNs registrados no Brasil no período de 2000 a 2011. A tese foi organizada em sete eixos temáticos de acordo com suas especificidades metodológicas e doenças analisadas: tendências temporais e padrões espaço-temporais da mortalidade relacionada ao grupo de DTNs (Eixo 1) e DTNs específicas com elevado impacto de mortalidade no Brasil (esquistossomose, hanseníase, neurocisticercose, leishmaniose visceral e coinfecção leishmaniose visceral e HIV/aids) (Eixos 2 a 6); análise dos fatores socioeconômicos, demográficos, ambientais/climáticos e de assistência à saúde associados à mortalidade relacionada às DTNs em nível municipal no Brasil, utilizando modelos de regressão linear multivariada e regressão espacial local (Eixo 7). Resultados: No período de estudo, 12.491.280 óbitos foram registrados no Brasil. Foram identificadas 100.814 (0,81%) declarações de óbitos em que pelo menos uma causa de morte relacionada às DTNs foi mencionada. A doença de Chagas foi a DTN mais mencionada (72.827; 72,0%), seguido pela esquistossomose (8.756; 8,7%) e hanseníase (7.732; 7,6%). O coeficiente médio padronizado de mortalidade foi de 5,67 óbitos/100.000 habitantes (intervalo de confiança de 95% [IC 95%]: 5,56-5,77). Os maiores coeficientes de mortalidade foram observados em pessoas do sexo masculino, com ≥70 anos de idade, raça/cor preta e residente na região Centro-Oeste. Os coeficientes de mortalidade apresentaram tendência de declínio significativo em nível nacional no período (variação percentual anual [APC]: -2,1%; IC 95%: -2,8; -1,3), com diminuição da mortalidade nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, aumento na região Norte e estabilidade na região Nordeste. Foram identificados clusters de alto risco em todas as regiões brasileiras, destacando-se um cluster que abrange uma ampla área geográfica na região central do Brasil. A análise de regressão linear multivariada mostrou uma associação global positiva entre a mortalidade relacionada às DTNs e a taxa de urbanização, migração, índice de Gini, taxa de desemprego, saneamento inadequado, população de raça/cor preta, cobertura do Programa Bolsa Família e temperatura, enquanto houve uma relação negativa com a renda domiciliar, densidade de médicos, extrema pobreza, densidade domiciliar, umidade e precipitação. Os resultados da Regressão Geograficamente Ponderada (GWR) indicaram variações espaciais significativas em todas as associações entre as variáveis explicativas e a mortalidade por DTNs ao longo de todo o país, em que cada fator ecológico teve efeito diferente sobre a mortalidade em diferentes regiões brasileiras. Conclusões: As DTNs continuam sendo importantes causas de morte preveníveis e um problema de saúde pública no Brasil. A sobreposição geográfica e as áreas de alto risco para óbitos relacionados às DTNs chamam atenção para implementação de medidas integradas de controle nas áreas com maior morbidade e mortalidade. A distribuição espacial da mortalidade relacionada às DTNs nos municípios brasileiros está correlacionada com indicadores socioeconômicos, demográficos e ambientais/climáticos, com variações geográficas significativas. Estratégias locais abrangentes e medidas de prevenção e controle para DTNs devem ser formuladas de acordo com essas características nas regiões endêmicas brasileiras.
publishDate 2016
dc.date.none.fl_str_mv 2016-07-21T13:05:38Z
2016-07-21T13:05:38Z
2016-01
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv MARTINS-MELO, Francisco Rogerlândio ; RAMOS JÚNIOR, Alberto Novaes ; HEUKELBACH, Jorg. Mortalidade relacionada às doenças tropicais negligenciadas no Brasil, 2000-2011 : magnitude, padrões espaço-temporais e fatores associados. Rev Med UFC, Fortaleza, v. 56, n. 1, p. 79-80, jan./jun. 2016
2447-6595 On line
http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/18546
identifier_str_mv MARTINS-MELO, Francisco Rogerlândio ; RAMOS JÚNIOR, Alberto Novaes ; HEUKELBACH, Jorg. Mortalidade relacionada às doenças tropicais negligenciadas no Brasil, 2000-2011 : magnitude, padrões espaço-temporais e fatores associados. Rev Med UFC, Fortaleza, v. 56, n. 1, p. 79-80, jan./jun. 2016
2447-6595 On line
url http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/18546
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Revista de Medicina da UFC
publisher.none.fl_str_mv Revista de Medicina da UFC
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
instname:Universidade Federal do Ceará (UFC)
instacron:UFC
instname_str Universidade Federal do Ceará (UFC)
instacron_str UFC
institution UFC
reponame_str Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
collection Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC) - Universidade Federal do Ceará (UFC)
repository.mail.fl_str_mv bu@ufc.br || repositorio@ufc.br
_version_ 1813028755511181312