O escorpião atrás do espelho: a tortura no regime de 1964 e o declínio da narrativa

• Autor(a) principal: Ramos, Francisco Régis Lopes
• Data de Publicação: 2016
• Tipo de documento: Livro
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
• Texto Completo: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/39230
• topic: Historiografia do Brasil; Ditatura no Brasil; Tortura no Brasil

Compreender a historicidade desse sofrimento é exatamente o meu intuito. Procuro perceber como interdições e constrangimentos marcam as denúncias contra o regime de 1964. Pergunto-me sobre a representação da tortura nos relatos. Especificamente, indago-me sobre a sequência de fatos que fazem a narrativa ter sentido. Mas não me atenho somente à ficção, porque a entendo como parte de outros relatos, orais ou escritos. Os textos escritos podem ser divididos em, pelos menos, três modalidades: testemunhais (quando o torturado relata em primeira pessoa),literários (quando o relato é de um personagem ou sobre um personagem de romances, novelas ou contos) ou jornalísticos (quando o relato aparece em forma de reportagem). A divisão, obviamente, pressupõe não apenas a existência de conexões e trocas entre as modalidades, mas também a deliberada disposição dos autores em borrar as fronteiras, gerando textos ambíguos, como é o caso de Érico Veríssimo, que faz da fantástica cidadela de Antares um microcosmo da realidade do Brasil.