A escravidão ilegal noticiada e interpretada na imprensa do Ceará oitocentista

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pedroza, Antônia Márcia Nogueira
Data de Publicação: 2016
Outros Autores: Funes, Eurípedes Antônio
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Texto Completo: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/44855
Resumo: A escravização de negros livres era considerada crime pelo Artigo 179 do Código Criminal de 1830. Todavia, foi usual a prática de escravizar descendentes de africanos, livres e libertos. As estratégias para escravizar ilegalmente eram muitas e essas práticas aconteciam, às vezes, com o conhecimento das autoridades. Contudo, os supostos escravos, livres e libertos pobres não assistiam à opressão passivamente. Eles atuavam dentro e fora da Justiça para obter a liberdade, mantê-la ou readquiri-la. Por um lado, os periódicos foram armas de lutas contra a escravização ilegal, obrigando as autoridades a tomarem decisões políticas, de maneira que expusessem suas interpretações acerca do que era legal e de direito nas ações em que envolviam escravos ou pessoas que estavam sob suspeita de serem escravas, por outro também foram utilizados em defesa da escravidão, da propriedade privada, e em favor da imagem pública de indivíduos condenados pelo crime de reduzir pessoa livre à escravidão. Neste trabalho analisaremos como as posições dos sujeitos envolvidos nas histórias de escravização ilegal, escravizados, escravizadores, advogados, curadores, juízes, etc., aparecem na imprensa cearense do século XIX. O corpus documental que permite essa tarefa investigativa é formado pelas informações jornalísticas de O Araripe 1855 a 1864, O Cearense 1846 a 1884, A Constituição 1863 a 1884 e o Jornal Pedro II ¬ – 1840 a 1884. Motivados pela necessidade de análise intensa dos detalhes nas fontes, estes aparentemente sem valor, mas essenciais na construção de sentido das ações e movimentos dos sujeitos recorreremos ao método indiciário, fundamentado na micro-história italiana. Os resultados obtidos neste estudo revelam que no Brasil escravista do século XIX existia um trânsito permanente entre o mundo da escravidão e o da liberdade, vivenciado principalmente pelos descendentes de africanos, que num dia podiam experimentar a liberdade e no outro, eram jogados no cativeiro.
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