Quilombo Boqueirão da Arara, Ceará: memórias, histórias e práticas educativas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Sucupira, Tânia Gorayeb
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Texto Completo: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/14353
Resumo: Este trabalho apresenta a contemporaneidade da comunidade quilombola do povoado Boqueirão da Arara, no Ceará, ressaltando práticas educativas e culturais que são disseminadas entre seu povo, em um esforço de perceber a existência de traços ancestrais africanos que resistem, desde a época da escravidão. Dissertar sobre temas que tratam da negritude do povo brasileiro é transitar por universo historicamente rico e polêmico. Por um lado, o Brasil é herdeiro da cultura da civilização africana, cujos traços estão evidentes nas artes, religião, vocabulário e culinária, por exemplo, mas, por outro, a sociedade deste país carrega o estigma do escravismo, condenável por sua violência brutal. A marca racial também é responsável por desigualdades sociais antigas e que perduram repercutindo em problemáticas relacionais protagonizadas entre indivíduos e grupos, de cunho pejorativo e preconceituoso. Os dados postos justificam a importância de ampliar pesquisas sistematizadas nas comunidades negras, formadas por descendentes de antigos cativos e relevam a questão norteadora do estudo: no contexto atual, quais práticas culturais e educativas estão presentes no quilombo Boqueirão da Arara? Desta forma, tem-se como objetivo principal identificar as práticas educativas e compreender o construto cultural desta comunidade tradicional, destacando, em especial, as vivências que carregam traços de ancestralidade. Para tanto, espera-se analisar as memórias dos remanescentes quilombolas, especialmente aqueles mais velhos, em acordo com Bosi (1994), reconstituindo histórias de vida, além de conhecer práticas educativas e observar mobilidades sociais nas vivências do cotidiano, compreendendo os dados sob nova perspectiva, de forma a ressignificar e atualizar concepções acerca de quilombo e quilombola cristalizadas no senso coletivo. Consoante Delory-Momberger (2006) e Wunenburguer (2007), quando defendem a ampliação do universo imagético na descrição do objeto a ser estudado, esta pesquisa serve-se de registros fotográficos, em grande parte, para representar o meio ambiente e apresentar o povo da comunidade. A pesquisa qualitativa recorre ao método História Oral e utiliza técnicas de entrevistas semiestruturadas, segundo orientação em Josso (2006) e Freitas (2002), para buscar em reminiscências colhidas nas memórias individual e coletiva, como orientam Bergson (1999); Pollak (1992); Halbwachs (2004) e Martinho Rodrigues (2013), elementos que expõem o seu percurso histórico: aspectos vivenciais, mobilidades sociais, heranças culturais, práticas educativas e saberes ancestrais. Em acordo com Gil (1999), é a revisão bibliográfica empreendida que descortina o histórico de luta por visibilidade para as questões etnicorraciais. O movimento popular negro visto em Moura (2012) promoveu uma série de debates e reivindicações que resultaram em conquistas cidadãs específicas, como ações afirmativas e políticas de inclusão de afro-brasileiros nos espaços institucionais. Ao final deste estudo verificam-se saberes tradicionais que foram herdados de antepassados, como o cultivo de pomares e o trabalho artesanal com rendas, por exemplo, cuja prática antiga é disseminada naturalmente entre as gerações. É possível concluir que, no contexto social atual, o quilombo permanece como exemplo de espaço de rebelião e resistência, porém não mais para fugir de cativeiro. Os remanescentes quilombolas do Boqueirão da Arara continuam a lutar, mas para terem assegurados seus direitos enquanto comunidade tradicional de descendentes de antigos escravos, bem como por garantia de sobrevivência digna e acesso a bens sociais essenciais, como educação, saúde e trabalho.
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Por um lado, o Brasil é herdeiro da cultura da civilização africana, cujos traços estão evidentes nas artes, religião, vocabulário e culinária, por exemplo, mas, por outro, a sociedade deste país carrega o estigma do escravismo, condenável por sua violência brutal. A marca racial também é responsável por desigualdades sociais antigas e que perduram repercutindo em problemáticas relacionais protagonizadas entre indivíduos e grupos, de cunho pejorativo e preconceituoso. Os dados postos justificam a importância de ampliar pesquisas sistematizadas nas comunidades negras, formadas por descendentes de antigos cativos e relevam a questão norteadora do estudo: no contexto atual, quais práticas culturais e educativas estão presentes no quilombo Boqueirão da Arara? Desta forma, tem-se como objetivo principal identificar as práticas educativas e compreender o construto cultural desta comunidade tradicional, destacando, em especial, as vivências que carregam traços de ancestralidade. Para tanto, espera-se analisar as memórias dos remanescentes quilombolas, especialmente aqueles mais velhos, em acordo com Bosi (1994), reconstituindo histórias de vida, além de conhecer práticas educativas e observar mobilidades sociais nas vivências do cotidiano, compreendendo os dados sob nova perspectiva, de forma a ressignificar e atualizar concepções acerca de quilombo e quilombola cristalizadas no senso coletivo. Consoante Delory-Momberger (2006) e Wunenburguer (2007), quando defendem a ampliação do universo imagético na descrição do objeto a ser estudado, esta pesquisa serve-se de registros fotográficos, em grande parte, para representar o meio ambiente e apresentar o povo da comunidade. A pesquisa qualitativa recorre ao método História Oral e utiliza técnicas de entrevistas semiestruturadas, segundo orientação em Josso (2006) e Freitas (2002), para buscar em reminiscências colhidas nas memórias individual e coletiva, como orientam Bergson (1999); Pollak (1992); Halbwachs (2004) e Martinho Rodrigues (2013), elementos que expõem o seu percurso histórico: aspectos vivenciais, mobilidades sociais, heranças culturais, práticas educativas e saberes ancestrais. Em acordo com Gil (1999), é a revisão bibliográfica empreendida que descortina o histórico de luta por visibilidade para as questões etnicorraciais. O movimento popular negro visto em Moura (2012) promoveu uma série de debates e reivindicações que resultaram em conquistas cidadãs específicas, como ações afirmativas e políticas de inclusão de afro-brasileiros nos espaços institucionais. Ao final deste estudo verificam-se saberes tradicionais que foram herdados de antepassados, como o cultivo de pomares e o trabalho artesanal com rendas, por exemplo, cuja prática antiga é disseminada naturalmente entre as gerações. É possível concluir que, no contexto social atual, o quilombo permanece como exemplo de espaço de rebelião e resistência, porém não mais para fugir de cativeiro. Os remanescentes quilombolas do Boqueirão da Arara continuam a lutar, mas para terem assegurados seus direitos enquanto comunidade tradicional de descendentes de antigos escravos, bem como por garantia de sobrevivência digna e acesso a bens sociais essenciais, como educação, saúde e trabalho.www.teses.ufc.brVasconcelos, José GerardoSucupira, Tânia Gorayeb2015-12-08T15:39:17Z2015-12-08T15:39:17Z2015info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfSUCUPIRA, Tânia Gorayeb. 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