Projeto Pingo Dágua em Quixeramobim-CE: um exemplo de desenvolvimento local

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pinheiro, José César Vieira
Data de Publicação: 2004
Outros Autores: Fabre, Nicolas Arnaud
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Texto Completo: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/5183
Resumo: Este trabalho foi inspirado no projeto Pingo d’Água instituído pela Prefeitura Municipal de Quixeramobim, no Vale do Riacho Forquilha-CE. Trata-se de uma microbacia relativamente pequena onde residem cerca de 5.000 pessoas e onde as chuvas são extremamente irregulares. Nos anos secos, as precipitações pluviométricas são da ordem de 200 mm. A prefeitura articulou-se com universidades cearenses e da França, que enviou uma equipe técnica nas áreas de agronomia e hidrologia, com experiência em ex-colônias francesas da África, com poços tubulares manuais (PTM). O problema passou a ser o engajamento dos produtores nesta iniciativa, considerando que os mesmos acreditavam que todas as possibilidades de obter mais água haviam se esgotado. Afinal de contas, fora o uso de açudes e desde seus avós e pais, a maioria acostumou-se a utilizar nas épocas secas, cacimbas, geralmente dentro do leito do riacho. A construção de caçimbões, poços de alvenaria de grande diâmetro (1 a 6 m), cara e demorada, estava reservada a alguns fazendeiros ricos, além de poços profundos no cristalino com baixa vazão, salinidade da água e preços proibitivos. A outra opção, quando o quadro se agravava, era a utilização de carros-pipa. Assim, o projeto de perfuração de PTM foi visto inicialmente com a mais absoluta incredulidade, tanto por parte dos produtores locais, que nasceram e cresceram naquele sertão seco quanto por técnicos e autoridades estaduais e municipais. Através da análise de aerofotogrametrias, imagens de satélite e do trabalho de campo, foram locados e perfurados PTM com profundidades variando entre 2 e 10 metros. A vazão mínima obtida foi de 8.000 l/h, máxima de 75.000 l/h e média de 20.000 l/h de água com ótima qualidade. O surpreendente de tudo isto é o custo médio de apenas R$ 400,00/poço, com requerimento de mão-de-obra local. O equipamento de perfuração custa apenas R$ 2.500,00 sendo integralmente financiado pela prefeitura. O projeto conseguiu grandes transformações na área e em seu entorno, aumentando efetivamente a renda e o emprego dos beneficiários. Alguns residentes que migraram para outras regiões do País retornaram as suas origens na expectativa de aproveitar as novas oportunidades surgidas. Os resultados do projeto foram tão promissores que o Governo do Estado pretende transformá-lo em modelo para outras regiões do Ceará. Com base na análise de alguns elementos teóricos-metodológicos que fundamentam o modelo de planejamento vigente pretende-se contribuir para responder a seguinte questão: Quais os riscos que projetos desta natureza poderiam enfrentar para obterem êxito, dentro do atual modelo de planejamento adotado no Brasil?
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