Gênero, uma palavra (mal)dita: usos e apropriações de uma categoria analítica dentro e fora da academia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Vasconcelos, Francis Emmanuelle Alves
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Texto Completo: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/44376
Resumo: Gender is an analytical and political category forged by the articulation between social movements and Academia from the second half of the twentieth century, in a tense relationship between the two. These tensions are reintroduced in a deeply transformed way from the beginning of the second decade of the twenty-first century in Brazilian society. Feminism and gender have become (bad) words. Damn because distorted, still, said. Never before in Brazilian history has it been talked about so much about it: books, social networks, websites, politics and right-wing movements. There is a wave of conservatism in Brazil, and part of it has undeniably turned against feminism and what they call "gender ideology." We sought to understand these conflicts. The time frame of the research was between the years 2014 and 2018. We sought to understand, initially, the reflexes that the gender readings have in the life of the gender researchers. For this, interviews with gender researchers were carried out. Secondly, we sought to understand the antifeminist discourses from a vast bibliographical research of antigenic and antifeminist productions, interviews and systematic observations with leaders of right-wing groups and in their meetings promoted in Fortaleza. We identify the following nodes of the conflict: equality, since the idea that women are wanting to be men and women is widespread. Hence the apocalyptic tone that surrounds this discourse, because, as a result of this persecuted equality, humanity would be doomed to the end. Other points of tension: abortion, from strong emotional appeal of protection to life, are reflected in bills that undermine the reproductive rights of women. In addition, conflicts with religions and the spread of the idea of "gender ideology" from there. The hate speech against feminism is one of the front lines of the conservative wave in Brazil that attacks all left-wing ideologies in order to gain space in the country's political power. It has served as political currency and garnered many votes, having led many legislators to the Legislative Houses by Brazil in the last elections. More than understanding these discourses, it remains to seek strategies to face them: in the micro-everyday spaces of family, friends, social networks and in the macro spaces of social movements.
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We sought to understand, initially, the reflexes that the gender readings have in the life of the gender researchers. For this, interviews with gender researchers were carried out. Secondly, we sought to understand the antifeminist discourses from a vast bibliographical research of antigenic and antifeminist productions, interviews and systematic observations with leaders of right-wing groups and in their meetings promoted in Fortaleza. We identify the following nodes of the conflict: equality, since the idea that women are wanting to be men and women is widespread. Hence the apocalyptic tone that surrounds this discourse, because, as a result of this persecuted equality, humanity would be doomed to the end. Other points of tension: abortion, from strong emotional appeal of protection to life, are reflected in bills that undermine the reproductive rights of women. In addition, conflicts with religions and the spread of the idea of "gender ideology" from there. The hate speech against feminism is one of the front lines of the conservative wave in Brazil that attacks all left-wing ideologies in order to gain space in the country's political power. It has served as political currency and garnered many votes, having led many legislators to the Legislative Houses by Brazil in the last elections. More than understanding these discourses, it remains to seek strategies to face them: in the micro-everyday spaces of family, friends, social networks and in the macro spaces of social movements.Gênero é uma categoria analítica e política forjada pela articulação entre movimentos sociais e Academia a partir da segunda metade do século XX, numa relação tensa entre ambos. Essas tensões se reapresentam de modo profundamente transformado a partir do início da segunda década do século XXI na sociedade brasileira. Feminismo e gênero tornaram-se palavras (mal)ditas. Malditas porque distorcidas, ainda assim, ditas. Nunca antes na história brasileira comentou-se tanto a respeito: livros, redes sociais, sites, política e em movimentos de direita. Há uma onda de conservadorismo no Brasil e parte dela tem se voltado, inegavelmente, contra o feminismo e o que chamam de “ideologia de gênero”. Buscou-se entender esses conflitos. O marco temporal da pesquisa deu-se entre os anos de 2014 a 2018. Buscou-se entender, inicialmente, os reflexos que as leituras de gênero têm na vida das pesquisadoras de gênero. Para isso foram feitas entrevistas com pesquisadoras de gênero. Em um segundo momento, buscou-se entender os discursos antifeministas a partir de vasta pesquisa bibliográfica de produções antigênero e antifeminista, entrevistas e observações sistemáticas com líderes de grupos de direita e em seus encontros promovidos em Fortaleza. Identificamos os seguintes nós do conflito: igualdade, posto que se dissemina a ideia de que as mulheres estariam querendo ser homens e estes, mulheres. Daí o tom apocalíptico que ronda esse discurso, pois, em decorrência desta igualdade perseguida, a humanidade estaria fadada ao fim. Outros pontos de tensão: aborto, a partir de forte apelo emocional da proteção à vida, refletem-se em projetos de lei que minam os direitos reprodutivos das mulheres. Além disso, os conflitos com as religiões e a propagação da ideia de “ideologia de gênero” a partir daí. O discurso de ódio contra o feminismo é uma das linhas de frente da onda conservadora no Brasil que ataca todas as ideologias de esquerda no sentido de galgarem espaço no poder político do país. Tem servido como moeda política e angariado muitos votos, tendo levado muitos parlamentares às Casas Legislativas pelo Brasil nas últimas eleições. Mais do que entender esses discursos, resta buscar estratégias para fazer frente a eles: nos espaços microcotidianos da família, dos amigos, das redes sociais e nos espaços macro dos movimentos sociais.Paiva, Antonio Cristian SaraivaVasconcelos, Francis Emmanuelle Alves2019-08-01T14:56:09Z2019-08-01T14:56:09Z2019info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfVASCONCELOS, Francis Emmanuelle Alves. Gênero, uma palavra (mal)dita: usos e apropriações de uma categoria analítica dentro e fora da academia. 2019. 414f.- Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Ceará, Centro de Humanidades, Programa de Pós-graduação em Sociologia, Fortaleza, 2019.http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/44376porreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC)instname:Universidade Federal do Ceará (UFC)instacron:UFCinfo:eu-repo/semantics/openAccess2019-12-11T15:47:09Zoai:repositorio.ufc.br:riufc/44376Repositório InstitucionalPUBhttp://www.repositorio.ufc.br/ri-oai/requestbu@ufc.br || repositorio@ufc.bropendoar:2024-09-11T18:41:26.440340Repositório Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC) - Universidade Federal do Ceará (UFC)false
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