Influência de variáveis meteorológicas no número de casos de dengue e consequências socioambientais.

• Autor(a) principal: ROCHA, Divanda Cruz.
• Data de Publicação: 2015
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
• Texto Completo: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/16905
• topic: Dengue no mundo; Dengue en todo el mundo; Dengue worldwide; Dengue no Brasil; Dengue en Brasil; Dengue in Brazil; Dengue no Estado da Paraíba; Dengue in the State of Paraíba; Dengue en el estado de Paraíba; Variáveis meteorológicas; Variables meteorológicas; Meteorological variables; Variáveis sociodemográficas; Variáveis ambientais; Análise epidemiológica; Epidemiological analysis; Epidemiological analysis; Análisis epidemiológico; Recursos Naturais.

A dengue tem sido considerada por alguns pesquisadores como uma doença de caráter socioambiental. Evidencia-se, pois, que a alta concentração de resíduos sólidos, muito comum nas áreas de expansão urbana, e as condições climáticas no Brasil o ano inteiro, têm favorecido a proliferação do mosquito transmissor da dengue. Diante destas reflexões este trabalho teve como objetivo investigar a influência de variáveis meteorológicas no aumento do número de casos de dengue ocorridos no município de Campina Grande-Paraíba, entre o período de janeiro de 2004 a dezembro de 2013. Trata-se de um estudo descritivo, documental, com abordagem quantitativa. A amostra foi constituída de todos os casos confirmados de dengue na população residente em Campina Grande, no período supracitado, que estão notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação, fornecidos pela Secretaria de Estado da Saúde em João Pessoa e Secretaria Municipal de Saúde em Campina Grande. Os dados meteorológicos foram obtidos na estação climatológica do Instituto Nacional de Meteorologia. Enquanto resultado, tem-se que: foram notificados 2.583 casos confirmados de dengue; o ano de 2013 registrou o maior coeficiente de incidência com 342,4 casos de dengue por 100.000 habitantes. O sexo feminino obteve o maior número de casos registrados. A faixa etária com maior acometimento foi entre aqueles com idade de 15 a 24 anos, com nível de escolaridade entre a 5ª e 8ª série incompleta. Observou-se uma correlação moderada negativa entre os casos de dengue e as temperatura média (r = - 0,78), a máxima (r = - 0,78)e a mínima (r = - 0,79); com a umidade relativa do ar houve uma correlação moderada positiva (r = 0,728) e com a precipitação houve correlação moderada positiva também (r = 0,534). Houve boa correlação entre o aumento no número de casos de dengue e as variáveis meteorológicas de forma direta e indireta, o que consequentemente pode ter influenciado no número de casos de dengue registrados no município analisado. Em relação aos impactos socioambientais levantados, destaca-se que a contínua utilização do controle químico no combate aos insetos vetores pode causar grandes desequilíbrios ambientais mediante a eliminação de insetos benéfico, a contaminação do meio ambiente e risco para a saúde dos agentes que trabalham no controle de vetores causadores de endemias. Outro impacto observado são as hospitalizações que geram absenteísmo ao trabalho, repercutindo na redução da produtividade e consequentemente implicam em aumento dos gastos para o Sistema de Saúde e Previdenciário. As relações existentes entre a dengue e as condições socioambientais revelaram que apesar do sexo, escolaridade e faixa etária terem demonstrado influência nos casos de dengue, evidenciou-se que a falta de saneamento adequado foi a principal causa para elevação destes números. O município de Campina Grande vem apresentado ao longo dos anos um aumento significativo no percentual da população atendida com saneamento básico, porém, observa-se que a condição socioambiental do município continua favorecendo a adaptação e proliferação do Aedes aegypti. É relevante destacar, que há necessidade urgente de implementação de políticas públicas de saúde em conjunto com a área ambiental, visando minimizar as condições socioambientais da região, que são favoráveis à expansão do mosquito Aedes aegypti, lembrando que as ações de controle e prevenção da dengue deverão contemplar ações que possibilitem a participação da população de modo permanente e responsável na busca do equilíbrio com o meio ambiente.