Levantamento etnobotânico das plantas medicinais comercializadas por raizeiros no município de Esperança – PB e comparação com dados da literatura.

• Autor(a) principal: MORAIS, Vanessa Domingos de.
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
• Texto Completo: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/9385
• topic: Município de Esperança; Plantas medicinais; Raizeiros; Esperança city.; Medicinal plants; Healers; Farmácia

O Brasil se caracteriza por ser um país de grande diversidade, possuindo cerca de 20% da flora mundial, possibilitando uma rica diversidade de plantas medicinais que, muitas vezes, representam o único recurso terapêutico de muitas comunidades, e dessa forma, pessoas de todo o mundo, mantém a prática da fitoterapia caseira, tornando válidas informações terapêuticas que foram sendo acumuladas durante séculos. Este trabalho teve como objetivo fazer o levantamento etnobotânico das plantas medicinais comercializadas por raizeiros no município de Esperança-PB, tendo como intuito a preservação do conhecimento popular sobre o emprego das mesmas. Buscou-se também comparar as informações fornecidas pelos comerciantes com as descritas na literatura para as espécies medicinais abordadas, contribuindo assim, para a validação dos conhecimentos tradicionais. O estudo foi realizado na feira livre do município citado, após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, protocolo 12129713.4.0000.5182. A abordagem utilizada foi um questionário semi-estruturado, aplicado a sete raizeiros que permitiu constatar que o conhecimento destes referente às plantas medicinais foi adquirido por meio de parentes, passado de geração a geração. A pesquisa resultou em um total de 32 espécies, agrupadas em 23 famílias botânicas, destacando-se a família Lamiaceae como a de maior representatividade. As partes mais utilizadas para o preparo de remédios caseiros foram as folhas e as sementes. Quanto à forma de uso predominante, destacaram-se os chás obtidos pelos métodos de decocção e infusão. Dentre as espécies citadas, as indicações de uso predominaram para o tratamento de inflamações e dores em geral. Após comparação dos dados obtidos pelos raizeiros sobre as plantas medicinais com os descritos na literatura, verificou-se que 81,25% das informações sobre a forma de preparo, 84,37% sobre a parte do vegetal utilizado e 75,00% dos dados referentes às indicações terapêuticas, apresentavam concordância, demonstrando um grande saber dos entrevistados sobre plantas medicinais. Contudo, em alguns casos esse conhecimento era distante daquele relatado cientificamente, demonstrando as lacunas que a sabedoria popular e científica possuem. Observou-se a comercialização de plantas com potencial tóxico elevado, a exemplo da espirradeira e com potencial risco de extinção, como a aroeira, a sucupira e a quixaba, demonstrando a necessidade dos raizeiros em conhecer melhor as espécies com as quais trabalha e de conscientização quanto às boas práticas de conservação e armazenamento de plantas medicinais. Os estudos etnobotânicos são de grande valor por contribuírem com o conhecimento e a preservação da cultura local. A sabedoria popular, apesar de suas limitações, é útil e deve ser aproveitada por aqueles que constroem conhecimento dentro do método científico. Contudo, é importante informar-se melhor sobre as espécies que são utilizadas pela comunidade, pois a falta de conhecimento científico por parte dos raizeiros das propriedades tóxicas de algumas plantas medicinais pode resultar em graves riscos a saúde humana.