O discurso higienista sobre a família moderna: a mulher sadia.
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2010 |
Tipo de documento: | Artigo de conferência |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG |
Texto Completo: | http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/34162 |
Resumo: | Este estudo é um recorte da pesquisa de mestrado, intitulada “A centralidade da maternagem na relação pedagógica da educação infantil: o discurso de docentes e famílias usuárias de creche”, que teve como objetivo discutir a feminização do magistério, bem como a idéia da maternagem como norteadora da prática pedagógica na Educação Infantil, considerando o mito da mulher-mãe como educadora nata. A pesquisa molda-se como um estudo de caso, com abordagem qualitativa, realizado em uma creche estadual em Campina Grande-PB. Participaram da pesquisa dez professoras e dez integrantes de famílias usuárias da respectiva creche. Para discutirmos essa questão, necessário se fez caminharmos pela história da mulher, enfocando a construção do feminino como algo “natural”, onde discutimos os canais de inferiorização da mulher, ou seja, a construção do estatuto social da mulher eivado por estereótipos ou reducionismos, dentre eles, o discurso do médico higienista, que constitui-se o presente trabalho. O processo de urbanização e a consolidação do Estado Nacional no século XIX, implicava em uma nova organização da família (família burguesa), redefinindo o papel feminino no interior do lar, marcado pela valorização da maternidade e pela importância do amor familiar. Assim, os médicos chamados então de “higienistas”, “sanitaristas”, “higiênicos”, estabeleceram alianças com as famílias, visando, dentre outros interesses, um novo modelo de feminilidade, traduzido na questão esposa/dona-decasa/ mãe-de-família. O convencimento em voga sobre a existência de uma “natureza feminina”, expressa por fragilidade e afeto, legitimado pelo pensamento científico da época, levou estes médicos a discursos amedrontadores sobre as conseqüências maléficas de contrariar-se essa natureza. Para eles “desenvolver o cérebro, implicava em não nutrir o útero e, por isso, se o fizesse, ela não poderia mais servir à reprodução da espécie”. Os higienistas difundiram, ainda, a ideia de que “o cérebro do homem capacitava-o para as profissões intelectuais, enquanto o da mulher só lhe permitia exercer atividades domésticas”. Podemos ver que a nova ordem familiar produzida pela ordem médica investiu em conceitos que subestimaram e inferiorizaram a mulher, formando indivíduos domesticados de modo que todas as condutas que não correspondessem às exigências deste fossem consideradas antinaturais e anormais. Consideramos que o entendimento da condição da mulher é elucidativo para a compreensão de pontos da educação infantil. |
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