Subterfúgio e subversão: o fantástico no romance O Labirinto do Fauno (2019) e sua relação com a protagonista Ofélia.
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Trabalho de conclusão de curso |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG |
Texto Completo: | http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/37186 |
Resumo: | Guillermo del Toro é um dos renomes da fantasia e do terror no cinema, tendo como uma de suas obras de maior prestígio O labirinto do Fauno (2006), premiado com três Oscars. A genialidade de sua trama, entre outros fatores, se dá sobretudo pelo entrelaçamento da realidade histórica com a fantasia. Treze anos após seu lançamento, o longa-metragem ganhou uma adaptação em formato de romance, escrita por Cornelia Funke, provando sua atualidade e pertinência. O romance de 2019 proporciona uma expansão do universo do filme, tanto horizontalmente, através da adição de novos materiais, quanto verticalmente, através do aprofundamento subjetivo das personagens facilitado pelo gênero. Em nossa análise, nos voltamos para esse último ponto, especificamente, para a protagonista Ofélia. Posto isto, elegemos como objetivo geral de nossa pesquisa analisar as formas de intervenção do fantástico e seu impacto sobre a protagonista no romance O labirinto do Fauno (Del Toro e Funke, 2019), já como específicos, elencamos a) investigar os contrastes e semelhanças entre os planos da realidade e da fantasia e b) analisar a(s) subjetividade(s) da protagonista perante os planos dicotômicos que a perpassam. Entre os subsídios teóricos utilizados para tal, destacamos os estudos sobre contos de fada de Coelho (1987; 2012), bem como o percurso histórico traçado por Darnton (1986) desde a Europa pré-moderna aos irmãos Grimm; e duas concepções distintas de literatura fantástica, sendo elas a perspectiva mais tradicional e formalista de Todorov (1970) e a revisitação desta por um viés atualizado realizada por Roas (2014). Nesse percurso, percebemos que os planos da realidade e da fantasia — também denominados, respectivamente, Superfície e Reino Subterrâneo — são complementares na medida em que se edificam a partir de seus contrastes, e, ainda, que, embora estruturados a partir de estratégias narrativas distintas, possuem diversos pontos de tangência. A protagonista Ofélia, que se constitui como uma “ponte” entre esses dois mundos, vê-se dividida entre eles em duas personas, sendo Ofélia sua identidade correspondente à Superfície, e Moanna a do Reino Subterrâneo. Assim sendo, por um lado, o Reino Subterrâneo pode ser visto como uma alternativa de Ofélia para escapar do sofrimento que sua vida representa, um subterfúgio — em certos pontos, percebe-se que a narrativa assume um tom escapista, fazendo o leitor duvidar até mesmo de sua veracidade. Por outro lado, é através dele que Ofélia enfrenta seu medo do desconhecido e subverte os rótulos que lhe são incumbidos pelos adultos ao seu redor. Em suma, o fantástico em O labirinto do Fauno (2019) constitui-se, antes de tudo, como um espaço onde a protagonista entra em confronto com sua percepção sobre a realidade e sobre si mesma. |
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Subterfúgio e subversão: o fantástico no romance O Labirinto do Fauno (2019) e sua relação com a protagonista Ofélia.Subterfuge and subversion: the fantastic in the novel Pan's Labyrinth (2019) and its relationship with the protagonist Ofélia.Literatura Infanto-juvenilLiteratura FantásticaContos de FadasProtagonismo Infantil - O Labirinto do FaunoCrítica e Intepretação LiteráriaEstudos LiteráriosChildren's LiteratureFantasy LiteratureFairy TalesChildren's Protagonism – Pan's LabyrinthLiterary Criticism and InterpretationLiterary StudiesLetras - Língua PortuguesaGuillermo del Toro é um dos renomes da fantasia e do terror no cinema, tendo como uma de suas obras de maior prestígio O labirinto do Fauno (2006), premiado com três Oscars. A genialidade de sua trama, entre outros fatores, se dá sobretudo pelo entrelaçamento da realidade histórica com a fantasia. Treze anos após seu lançamento, o longa-metragem ganhou uma adaptação em formato de romance, escrita por Cornelia Funke, provando sua atualidade e pertinência. O romance de 2019 proporciona uma expansão do universo do filme, tanto horizontalmente, através da adição de novos materiais, quanto verticalmente, através do aprofundamento subjetivo das personagens facilitado pelo gênero. Em nossa análise, nos voltamos para esse último ponto, especificamente, para a protagonista Ofélia. Posto isto, elegemos como objetivo geral de nossa pesquisa analisar as formas de intervenção do fantástico e seu impacto sobre a protagonista no romance O labirinto do Fauno (Del Toro e Funke, 2019), já como específicos, elencamos a) investigar os contrastes e semelhanças entre os planos da realidade e da fantasia e b) analisar a(s) subjetividade(s) da protagonista perante os planos dicotômicos que a perpassam. Entre os subsídios teóricos utilizados para tal, destacamos os estudos sobre contos de fada de Coelho (1987; 2012), bem como o percurso histórico traçado por Darnton (1986) desde a Europa pré-moderna aos irmãos Grimm; e duas concepções distintas de literatura fantástica, sendo elas a perspectiva mais tradicional e formalista de Todorov (1970) e a revisitação desta por um viés atualizado realizada por Roas (2014). Nesse percurso, percebemos que os planos da realidade e da fantasia — também denominados, respectivamente, Superfície e Reino Subterrâneo — são complementares na medida em que se edificam a partir de seus contrastes, e, ainda, que, embora estruturados a partir de estratégias narrativas distintas, possuem diversos pontos de tangência. A protagonista Ofélia, que se constitui como uma “ponte” entre esses dois mundos, vê-se dividida entre eles em duas personas, sendo Ofélia sua identidade correspondente à Superfície, e Moanna a do Reino Subterrâneo. Assim sendo, por um lado, o Reino Subterrâneo pode ser visto como uma alternativa de Ofélia para escapar do sofrimento que sua vida representa, um subterfúgio — em certos pontos, percebe-se que a narrativa assume um tom escapista, fazendo o leitor duvidar até mesmo de sua veracidade. Por outro lado, é através dele que Ofélia enfrenta seu medo do desconhecido e subverte os rótulos que lhe são incumbidos pelos adultos ao seu redor. Em suma, o fantástico em O labirinto do Fauno (2019) constitui-se, antes de tudo, como um espaço onde a protagonista entra em confronto com sua percepção sobre a realidade e sobre si mesma.Guillermo del Toro is one of the most renowned directors of fantasy and horror cinema, with one of his most prestigious works being Pan's Labyrinth (2006), which won three Oscars. The genius of its plot, among other factors, is due above all to the interweaving of historical reality with fantasy. Thirteen years after its release, the feature film was adapted into a novel by Cornelia Funke, proving its relevance and relevance. The 2019 novel provides an expansion of the film's universe, both horizontally, through the addition of new material, and vertically, through the subjective deepening of the characters facilitated by the genre. In our analysis, we focus on this last point, specifically, on the protagonist Ophelia. Therefore, we chose as the general objective of our research to analyze the forms of intervention of the fantastic and their impact on the protagonist in the novel Pan's Labyrinth (Del Toro and Funke, 2019). As specific objectives, we list a) investigating the contrasts and similarities between the planes of reality and fantasy and b) analyzing the protagonist's subjectivity(ies) in the face of the dichotomous planes that permeate her. Among the theoretical subsidies used for this, we highlight the studies on fairy tales by Coelho (1987; 2012), as well as the historical path traced by Darnton (1986) from pre-modern Europe to the Brothers Grimm; and two distinct conceptions of fantasy literature, namely the more traditional and formalist perspective of Todorov (1970) and the revisiting of this from an updated perspective carried out by Roas (2014). In this journey, we realize that the planes of reality and fantasy — also called, respectively, Surface and Underground Kingdom — are complementary insofar as they are built on their contrasts, and, furthermore, that, although structured based on distinct narrative strategies, they have several points of tangency. The protagonist Ophelia, who acts as a “bridge” between these two worlds, finds herself divided between them into two personas, with Ophelia being her identity corresponding to the Surface, and Moanna that of the Underground Kingdom. Thus, on the one hand, the Underground Kingdom can be seen as an alternative for Ophelia to escape the suffering that her life represents, a subterfuge — at certain points, one realizes that the narrative takes on an escapist tone, making the reader doubt even its veracity. On the other hand, it is through it that Ophelia faces her fear of the unknown and subverts the labels that are given to her by the adults around her. In short, the fantastic in Pan's Labyrinth (2019) is, above all, a space where the protagonist comes into conflict with her perception of reality and herself.Universidade Federal de Campina GrandeBrasilCentro de Humanidades - CHUFCGTAVARES, Márcia.TAVARES, M.http://lattes.cnpq.br/1904168802083424NEVES, Ana Lúcia Maria de Souza.NEVES, A. L. M. S.http://lattes.cnpq.br/9109484291102170VITAL, Egberto G. Lima.VITAL, Egberto G. Lima.http://lattes.cnpq.br/1061662935368112RAMOS, Francyelle Loiola.2024-05-312024-08-08T15:12:27Z2024-08-082024-08-08T15:12:27Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesishttp://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/37186RAMOS, Francyelle Loiola. Subterfúgio e subversão: o fantástico no romance O Labirinto do Fauno (2019) e sua relação com a protagonista Ofélia. 2024. 72 f. Monografia (Licenciatura em Letras - Língua Portuguesa) - Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Humanidades, Campina Grande, Paraíba, Brasil, 2024.porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCGinstname:Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)instacron:UFCG2024-08-08T15:12:27Zoai:localhost:riufcg/37186Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://bdtd.ufcg.edu.br/PUBhttp://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/oai/requestbdtd@setor.ufcg.edu.br || bdtd@setor.ufcg.edu.bropendoar:48512024-08-08T15:12:27Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG - Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)false |
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Subterfúgio e subversão: o fantástico no romance O Labirinto do Fauno (2019) e sua relação com a protagonista Ofélia. RAMOS, Francyelle Loiola. Literatura Infanto-juvenil Literatura Fantástica Contos de Fadas Protagonismo Infantil - O Labirinto do Fauno Crítica e Intepretação Literária Estudos Literários Children's Literature Fantasy Literature Fairy Tales Children's Protagonism – Pan's Labyrinth Literary Criticism and Interpretation Literary Studies Letras - Língua Portuguesa |
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Guillermo del Toro é um dos renomes da fantasia e do terror no cinema, tendo como uma de suas obras de maior prestígio O labirinto do Fauno (2006), premiado com três Oscars. A genialidade de sua trama, entre outros fatores, se dá sobretudo pelo entrelaçamento da realidade histórica com a fantasia. Treze anos após seu lançamento, o longa-metragem ganhou uma adaptação em formato de romance, escrita por Cornelia Funke, provando sua atualidade e pertinência. O romance de 2019 proporciona uma expansão do universo do filme, tanto horizontalmente, através da adição de novos materiais, quanto verticalmente, através do aprofundamento subjetivo das personagens facilitado pelo gênero. Em nossa análise, nos voltamos para esse último ponto, especificamente, para a protagonista Ofélia. Posto isto, elegemos como objetivo geral de nossa pesquisa analisar as formas de intervenção do fantástico e seu impacto sobre a protagonista no romance O labirinto do Fauno (Del Toro e Funke, 2019), já como específicos, elencamos a) investigar os contrastes e semelhanças entre os planos da realidade e da fantasia e b) analisar a(s) subjetividade(s) da protagonista perante os planos dicotômicos que a perpassam. Entre os subsídios teóricos utilizados para tal, destacamos os estudos sobre contos de fada de Coelho (1987; 2012), bem como o percurso histórico traçado por Darnton (1986) desde a Europa pré-moderna aos irmãos Grimm; e duas concepções distintas de literatura fantástica, sendo elas a perspectiva mais tradicional e formalista de Todorov (1970) e a revisitação desta por um viés atualizado realizada por Roas (2014). Nesse percurso, percebemos que os planos da realidade e da fantasia — também denominados, respectivamente, Superfície e Reino Subterrâneo — são complementares na medida em que se edificam a partir de seus contrastes, e, ainda, que, embora estruturados a partir de estratégias narrativas distintas, possuem diversos pontos de tangência. A protagonista Ofélia, que se constitui como uma “ponte” entre esses dois mundos, vê-se dividida entre eles em duas personas, sendo Ofélia sua identidade correspondente à Superfície, e Moanna a do Reino Subterrâneo. Assim sendo, por um lado, o Reino Subterrâneo pode ser visto como uma alternativa de Ofélia para escapar do sofrimento que sua vida representa, um subterfúgio — em certos pontos, percebe-se que a narrativa assume um tom escapista, fazendo o leitor duvidar até mesmo de sua veracidade. Por outro lado, é através dele que Ofélia enfrenta seu medo do desconhecido e subverte os rótulos que lhe são incumbidos pelos adultos ao seu redor. Em suma, o fantástico em O labirinto do Fauno (2019) constitui-se, antes de tudo, como um espaço onde a protagonista entra em confronto com sua percepção sobre a realidade e sobre si mesma. |
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