Os processos inquisitoriais das mouriscas marroquinas Joana Fernandes e Isabel Afonso (1556-1557).
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Data de Publicação: | 2019 |
Outros Autores: | , |
Tipo de documento: | Artigo de conferência |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG |
Texto Completo: | http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/35307 |
Resumo: | Ainda no século XIII, foram iniciadas as atividades do Tribunal do Santo Ofício. Foi uma instituição criada com o objetivo fiscalizar e reprimir as práticas religiosas que desviassem dos doutrinamentos católicos. Ao sinal de qualquer desvio de conduta e práticas contrárias aos dogmas católicos, as pessoas eram acusadas e julgadas por terem cometido um crime contra a fé. A investigação inquisitorial perpetuou em toda Europa e também no além-mar. Uma pessoa podia ser acusada de heresia, bruxaria ou simplesmente por manter costumes das suas religiões não-católicas. Na Península Ibérica, seu auge se deu na rigidez à perseguição, o que era devido ao quadro crescente de aversão às presenças das culturas dos judeus e dos muçulmanos, que ingressaram nos espaços iberos em um momento anterior.O Santo Ofício atuava em todo o mundo atlântico e passou a perseguir os povos oriundos de África de origem muçulmana, que eram levados forçadamente para serem escravizados tanto no Brasil quanto em Portugal. Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo analisar a atuação do Santo Ofício através dos processos inquisitoriais de Joana Fernandes e Isabel Afonso, ambas mulheres mouras oriundas do Marrocos, que foram levadas para Setúbal/Portugal, onde eram cativas e passaram a ser acusadas de islamismo entre os anos de 1556 e 1557, respectivamente. Seus processos se assemelham muito entre acusação e sentença, e foram selecionados para análise por estarem no mesmo recorte local e temporal. Além do mais, a partir das trajetórias dessas mulheres, é possível problematizar acerca das práticas oriundas da África muçulmana e como Joana e Isabel se agenciavam diante uma sociedade excludente e punitiva, para dar continuidades e ressignificados as suas crenças. É possível ainda, a partir dos documentos, discutir sobre uma possível relação entre o discurso inquisitorial e a figura feminina, consubstanciados ainda na naturalidade e estado social, o que influenciava diretamente na elaboração das penas por parte dos inquisidores. Por fim, verificamos que Inquisição foi uma ferramenta de controle dos poderes régios, que mesmo com a repreensão sofrida por estas mulheres, elas recriaram seus espaços dentro da sociedade colonial para continuarem, mesmo que secretamente, a praticar sua religião. |
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Os processos inquisitoriais das mouriscas marroquinas Joana Fernandes e Isabel Afonso (1556-1557).The inquisitorial processes of the Moroccan Moors Joana Fernandes and Isabel Afonso (1556-1557).Processos inquisitoriaisInquisiçãoTribunal da inquisiçãoTribunal do Santo OfícioJoana Fernandes - processo inquisitorialIsabel Afonso - processo inquisitorialMulheres e inquisiçãoMouriscas e inquisiçãoMouros e inquisiçãoMulheres marroquinas - inquisiçãoSanto Ofício - inquisiçãoInquisitorial processesInquisitionCourt of the InquisitionCourt of the Holy OfficeJoana Fernandes - inquisitorial processIsabel Afonso - inquisitorial processWomen and inquisitionMoors and inquisitionMoors and inquisitionMoroccan women - inquisitionHoly Office - inquisitionHistória.Ainda no século XIII, foram iniciadas as atividades do Tribunal do Santo Ofício. Foi uma instituição criada com o objetivo fiscalizar e reprimir as práticas religiosas que desviassem dos doutrinamentos católicos. Ao sinal de qualquer desvio de conduta e práticas contrárias aos dogmas católicos, as pessoas eram acusadas e julgadas por terem cometido um crime contra a fé. A investigação inquisitorial perpetuou em toda Europa e também no além-mar. Uma pessoa podia ser acusada de heresia, bruxaria ou simplesmente por manter costumes das suas religiões não-católicas. Na Península Ibérica, seu auge se deu na rigidez à perseguição, o que era devido ao quadro crescente de aversão às presenças das culturas dos judeus e dos muçulmanos, que ingressaram nos espaços iberos em um momento anterior.O Santo Ofício atuava em todo o mundo atlântico e passou a perseguir os povos oriundos de África de origem muçulmana, que eram levados forçadamente para serem escravizados tanto no Brasil quanto em Portugal. Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo analisar a atuação do Santo Ofício através dos processos inquisitoriais de Joana Fernandes e Isabel Afonso, ambas mulheres mouras oriundas do Marrocos, que foram levadas para Setúbal/Portugal, onde eram cativas e passaram a ser acusadas de islamismo entre os anos de 1556 e 1557, respectivamente. Seus processos se assemelham muito entre acusação e sentença, e foram selecionados para análise por estarem no mesmo recorte local e temporal. Além do mais, a partir das trajetórias dessas mulheres, é possível problematizar acerca das práticas oriundas da África muçulmana e como Joana e Isabel se agenciavam diante uma sociedade excludente e punitiva, para dar continuidades e ressignificados as suas crenças. É possível ainda, a partir dos documentos, discutir sobre uma possível relação entre o discurso inquisitorial e a figura feminina, consubstanciados ainda na naturalidade e estado social, o que influenciava diretamente na elaboração das penas por parte dos inquisidores. Por fim, verificamos que Inquisição foi uma ferramenta de controle dos poderes régios, que mesmo com a repreensão sofrida por estas mulheres, elas recriaram seus espaços dentro da sociedade colonial para continuarem, mesmo que secretamente, a praticar sua religião.Universidade Federal de Campina GrandeBrasilUFCG20192024-04-02T17:56:58Z2024-04-022024-04-02T17:56:58Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/conferenceObjecthttp://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/35307ARRUDA, Bárbara Ribeiro; ARAÚJO, Lana Camila Gomes de; MARCOS, João. Os processos inquisitoriais das mouriscas marroquinas Joana Fernandes e Isabel Afonso (1556-1557). In: III Seminário Nacional Fontes Documentais e Pesquisa Histórica - Cultura, Poder, Sociedade e Identidade. GT 17 - Desvelar os Monstros, dar Voz aos Intolerados … Inquisição e Religiosidades no Mundo Ibérico e Colonial. Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), 3º, 2019. Anais [...]. Campina Grande - PB, 2019. p. 961-967. ISSN: 2176 4514. Disponível em: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/35307porARRUDA, Bárbara Ribeiro.ARAÚJO, Lana Camila Gomes de.MARCOS, João.info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCGinstname:Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)instacron:UFCG2024-04-02T17:57:23Zoai:localhost:riufcg/35307Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://bdtd.ufcg.edu.br/PUBhttp://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/oai/requestbdtd@setor.ufcg.edu.br || bdtd@setor.ufcg.edu.bropendoar:48512024-04-02T17:57:23Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG - Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)false |
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