Tomando partido do cólera: epidemia e política no jornal O Araripe (1855-1864).

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: ALEXANDRE, Jucieldo Ferreira.
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
Texto Completo: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/37068
Resumo: Em maio de 1855, o cólera-morbo atingiu o Brasil. Doença infectocontagiosa, causada pela ingestão de água ou alimentos contaminados pela bactéria Vibrio cholerae - descoberta em 1883, pelo médico alemão Robert Koch (1843-1910), o mesmo que descobriu, um ano antes, o agente causador de outra doença símbolo do século XIX, a tuberculose -, nos casos mais graves, ao se instalar no intestino humano, o vibrião colérico causa, após um período típico de incubação de um a quatro dias, uma profusa diarreia aquosa e vômitos, com considerável perda de sais minerais e água, que pode chegar a uma média de 1,5 litros por hora. A desidratação brutal faz com que a pele perca a elasticidade, surgem olheiras profundas e as mãos ficam enrugadas. Na sequência, ocorre a algidez – o resfriamento do corpo –, queda da pressão arterial, supressão da secreção urinária e colapso circulatório. Nas ocorrências em que esses sintomas se apresentam, a letalidade pode superar 50%. A reposição imediata dos sais e líquidos perdidos pela diarreia é a forma mais eficiente de tratamento dos doentes, e, quando bem administrada, pode reduzir a letalidade para menos de 1% (ROUQUAYROL, 1999, 257). Contudo, em meados do século XIX, período pesquisado neste artigo, apenas se especulava as formas de contágio e tratamento adequado para combater sua manifestação, a despeito da terrível marcha que fazia pelo mundo, percorrendo o Oriente e o Ocidente, sendo “responsável por trinta ou quarenta milhões de mortes durante o século XIX, em todas as latitudes” (SOURNIA & RUFFIE, 1986, 124). No Brasil, o foco inicial de contaminação se deu no Pará, a partir da chegada de uma embarcação que transportava colonos portugueses vindos da cidade do Porto. Logo a doença se espalhou para outros pontos do Império. Entre 1855 e 1856, o Ceará ficou sitiado pela peste, já que as províncias da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, suas vizinhas, sofriam com o impacto da epidemia. Não obstante esse cerco, o Ceará não foi vitimado nesse biênio, o que acabou ocorrendo nos anos de 1862 e 1864.
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