A resistência à transposição do Rio São Francisco na Paraíba: histórias de luta em defesa da terra, das águas e dos povos do Nordeste.

• Autor(a) principal: TERTO, Severino Santos.
• Data de Publicação: 2010
• Outros Autores: SILVA, Flávio José Rocha da., MENEZES, Ana Célia Silva., BRUM, Delires Maria., COMBLIN, José., COSTA, José Jonas Duarte da., ALVES, Gilson., BARBOSA, José Etham de Lucena., LIMA FILHO, Gilberto Queiroz de., CALADO, Alder Júlio Freire.
• Tipo de documento: Livro
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
• Texto Completo: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/34803
• topic: Ciências Sociais.; Rio São Francisco; Transposição do Rio São Francisco; Resistência à transposição do Rio São Francisco; Mulher e o semiárido; Dom Luiz Cappio - greve de fome; Política hídrica - transposição do Rio São Francisco; Projeto de transposição do Rio São Francisco; Movimento contrário à transposição do Rio São Francisco; Frente Paraibana em Defesa da Terra, das Águas e dos Povos do Nordeste; São Francisco River; Transposition of the São Francisco River; Resistance to the transposition of the São Francisco River; Woman and the semiarid; Dom Luiz Cappio - hunger strike; Water policy - transposition of the São Francisco River; São Francisco River transposition project; Movement against the transposition of the São Francisco River; Paraibana Front in Defense of the Land, Waters and Peoples of the Northeast

A oposição contra o projeto da transposição do rio São Francisco, capitaneada por varias comunidades indígenas e tradicionais e pelos movimentos e pastorais sociais, esta inserida no contexto do Ecologismo dos Pobres, tão bem descrito pelo economista ecológico Joan Martinez Alier. São pessoas que, em um primeiro momento, não se denominariam ecologistas (no sentido dos que percebem a interação entre todas as coisas), mas que na pratica sabem desta interação e da sua relação com o “Bem Viver” de humanos e não humanos. Na Paraíba, esta oposição também e exercida não pelos filhos da classe media alta que foram influenciados pelo ambientalismo do Norte, mas por pessoas que estão em contato com os problemas do cotidiano dos mais pobres. Problemas como a concentração da terra e da água, por exemplo. São os “Severinos” de Joao Cabral de Melo Neto que perceberam que, no Nordeste, não e a falta de água que gera a fome, mas a concentração da mesma, junto com uma situação fundiária injusta há séculos. Se assim não o fosse, não haveria fome nos mangues paraibanos ou nas margens dos rios e das grandes barragens. Mais uma vez as oligarquias nordestinas estão avidas por mais um mega projeto orçado em bilhões e pago pelos cofres públicos. Mais uma vez os mais pobres pagarão para que a elite intenacional e brasileira possa cumprir a seu destino de aniquiladora do meio ambiente através do agro e do hidronegócio. A novidade e que agora esta elite oligárquica esta aliada com parte da hierarquia da Igreja Católica (que nas ultimas décadas cumpriu o seu papel profético de denunciar as injusti9as sócio ambientais), de partidos de “esquerda”, de algumas lideranças sindicais e da omissão de parte dos movimentos sociais. E um momento de transição na nossa historia. Momento este que mostra como a ideologia do capitalismo, alicerçada na competição e no acúmulo, conseguiu entranhar-se nas células desses políticos e lideranças. Outros momentos difíceis já foram vivenciados neste pais pelos mais pobres no passado. Quem não se lembra da Ditadura Militar e o seu poderio. Ou os anos Collor de Mello e os de Fernando Henrique Cardoso no poder. Hoje eles são renegados pela própria elite a que serviram. Assim acontecera com os que apoiam os megaprojetos da transposição e das grandes barragens neste pais, como tem nos contado a historia dos oprimidos e das oprimidas. Este livro e para lembrar às gerações futuras que muitas pessoas não se calaram. Que tantas outras foram as ruas e outras tantas prestaram solidariedade aos que agiram (o que também e uma forma de agir). Mas e, acima de tudo, para que a chama da esperança por um “Outro Mundo Possível” mantenha-se acesa, mesmo quando tudo parece retroceder e quem gerou esperança no passado entregou-se a engrenagem do modelo de desenvolvimento que esta acabando com a nossa “Casa Comum”. Este livro e também para homenagear os militantes anônimos que participaram das palestras, debates, vídeo-conferências, protestos, passeatas, mutirões, visitas aos atingidos, formações, encontros, etc. E a prova maior de que a solidariedade com os outros humanos e com a Mae Terra continua mais viva do que nunca e que, por isso mesmo, como dizia o companheiro Argentino, seguiremos “Hasta lá vitória. Siempre! ”