A dialética da invenção: o entre-lugar como cosmos em A Máquina Voadora, de Bráulio Tavares.

• Autor(a) principal: NÓBREGA, Davi Ferreira Alves da.
• Data de Publicação: 2018
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
• Texto Completo: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/28677
• topic: Bráulio Tavares - crítica e interpretação; Crítica literária - Bráulio Tavares; Ficção científica - literatura brasileira; Literatura brasileira contemporânea; Narrativas de ficção científica; Literatura paraibana - romance; Romance paraibano - A Máquina Voadora - Bráulio Tavares; Bráulio Tavares - criticism and interpretation; Literary Criticism - Bráulio Tavares; Science fiction - Brazilian literature; Contemporary Brazilian Literature; Science fiction narratives; Paraiba Literature - Romance; Romance from Paraiba - The Flying Machine - Bráulio Tavares; Literatura

As narrativas de ficção científica historicamente põem em questão as tênues fronteiras entre as noções de realidade e ficção. É desta maneira que, pelos caminhos da ficção científica, o ato de narrar se configura como um instrumento discursivo de poder que permite o sujeito questionar as percepções acerca do real em seus arredores, por meio da imaginação e da ciência. Ao verificar-se uma condição de marginalidade das manifestações literárias do gênero no Brasil, em relação à produção e publicação de obras de estética realista, nosso percurso de investigação da ficção científica brasileira traça, portanto, uma trajetória de retirada dos textos de ficção científica do gueto literário formado pela estigmatização destas narrativas. A presente monografia busca ler o romance A máquina voadora, do escritor paraibano Bráulio Tavares, entendendo, junto à obra, que a ação de retirar a ficção científica brasileira do gueto consequentemente passa pela análise, interpretação e compreensão de suas narrativas. Traçado um panorama histórico do gênero no Brasil, com base em Tavares (1986), Causo (2002), Ginway (2005), entre outras pesquisas, percebe-se a produção destes textos literários dentro de uma encruzilhada entre as culturas populares e eruditas, aspecto de interculturalidade que perpassa a obra de Bráulio Tavares. Para ler A máquina voadora, ancoramo-nos nos estudos acerca da hibridez cultural feitos por García Canclini (2008); nas discussões de Santiago (2000) sobre o entre-lugar; nas perspectivas acerca da memória de Sarlo (2007) e Halbwachs (1990) e em análises da literatura contemporânea e da escrita de ficção científica feitas por Resende (2008), Ludmer (2010), Tavares (2005), Matangrano e García (2014), Roberts (2018), entre outros autores dedicados a pensar as relações entre a contemporaneidade e a literatura. Os sentidos construídos com os elementos da narrativa romanesca apontam para o simbolismo que envolve a máquina voadora, como uma invenção narrativa forjada pelo entre-lugar do popular e o erudito, a ficção e a realidade, a crítica e a criação, a ciência e a arte. Com a conclusão desta pesquisa e nossos objetivos contemplados, abrimos espaço para novos olhares acerca do passado, presente e futuro da ficção científica brasileira, compreendendo-a enquanto um cosmos narrativo em constante transformação pela dinâmica dos atos de narrar e inventar.