A ética alimentar nos banquetes bíblicos: passagem, comunhão e poder.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: VITORINO, Raquel Santos.
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
Texto Completo: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/9130
Resumo: Os ritos de comensalidades instituem uma forma de sociabilidade que funda nossa sociedade. Os banquetes durante a Idade Antiga oferecem elementos para reflexão sobre a passagem natureza-cultura operada via comensalidade no âmbito da culinária humana. A Bíblia, enquanto obra literária, um dos livros que junto com o Direito romano mais influenciou formação da cultura ocidental, deixa pistas para a compreensão dos movimentos que instituíram tal prática de sociabilidade em torno da comida, bem como nos ajuda a refletir como eles ecoam em nossas práticas ainda hoje. Assim, este trabalho tem como objetivo compreender a ética constitutiva de banquetes descritos no texto bíblico, tendo como corpus a Bíblia. A metodologia utilizada para análise do texto foi a análise temática proposta por Bauer e Gaskell (2002) para permitir uma reflexão sobre o livro e sobre o tema. Após a análise, percebe-se que o corpus atenta para três tipos de comportamento que regiam os atos de partilha de alimentos: (1) a ética da passagem, que serve como signo de uma mudança na vida coletiva ou individual como casamentos (Jacó e Raquel, Bodas de Canaã, Assuero e Ester), aniversários (Faraó e Herodes) e mortes (Páscoa e Nabal). A comensalidade media todo o rito, que, por sua vez, coloca ordem, classifica, estabelece as prioridades, dá sentido a esses marcos da vida social; (2) a ética da comunhão, que cria uma esfera de partilha de valores, conquistas, ideais (Última ceia), de cuidado em favor de alguém ou algum povo (milagre dos pães e intervenção de Ester), visando um fim político, ou seja, a construção de uma esfera de bem comum, em que os alimentos denotam um sinal de comunhão, seja de um pão físico, seja espiritual; e, por fim, (3) a ética do poder, partilhas que engendram relações de acordo (Abimeleque, Davi, Elizeu, Belsazar), de demonstração do poder via produção de imagens de fartura (Assuero) e que desenham distinção entre o soberano e seus súditos (todos). Portanto, pensar a alimentação envolve dar atenção não apenas ao componente de função e subsistência que repousa sob os alimentos, mas, envolve pensar os símbolos, a imaginação coletiva, a sociabilidade e todas as questões que perpassam o humano. O tema de ética alimentar nos banquetes bíblicos abriria mais possibilidades de estudos relacionados à cultura e sociabilidades.
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spelling A ética alimentar nos banquetes bíblicos: passagem, comunhão e poder.The food ethic at biblical banquets: passage, communion and power.Ética alimentaria en los banquetes bíblicos: paso, comunión y poder.BanquetesComensalidadeSociabilidadeCulturaBanquetsCommensalitySociabilityCultureNutriçãoOs ritos de comensalidades instituem uma forma de sociabilidade que funda nossa sociedade. Os banquetes durante a Idade Antiga oferecem elementos para reflexão sobre a passagem natureza-cultura operada via comensalidade no âmbito da culinária humana. A Bíblia, enquanto obra literária, um dos livros que junto com o Direito romano mais influenciou formação da cultura ocidental, deixa pistas para a compreensão dos movimentos que instituíram tal prática de sociabilidade em torno da comida, bem como nos ajuda a refletir como eles ecoam em nossas práticas ainda hoje. Assim, este trabalho tem como objetivo compreender a ética constitutiva de banquetes descritos no texto bíblico, tendo como corpus a Bíblia. A metodologia utilizada para análise do texto foi a análise temática proposta por Bauer e Gaskell (2002) para permitir uma reflexão sobre o livro e sobre o tema. Após a análise, percebe-se que o corpus atenta para três tipos de comportamento que regiam os atos de partilha de alimentos: (1) a ética da passagem, que serve como signo de uma mudança na vida coletiva ou individual como casamentos (Jacó e Raquel, Bodas de Canaã, Assuero e Ester), aniversários (Faraó e Herodes) e mortes (Páscoa e Nabal). A comensalidade media todo o rito, que, por sua vez, coloca ordem, classifica, estabelece as prioridades, dá sentido a esses marcos da vida social; (2) a ética da comunhão, que cria uma esfera de partilha de valores, conquistas, ideais (Última ceia), de cuidado em favor de alguém ou algum povo (milagre dos pães e intervenção de Ester), visando um fim político, ou seja, a construção de uma esfera de bem comum, em que os alimentos denotam um sinal de comunhão, seja de um pão físico, seja espiritual; e, por fim, (3) a ética do poder, partilhas que engendram relações de acordo (Abimeleque, Davi, Elizeu, Belsazar), de demonstração do poder via produção de imagens de fartura (Assuero) e que desenham distinção entre o soberano e seus súditos (todos). Portanto, pensar a alimentação envolve dar atenção não apenas ao componente de função e subsistência que repousa sob os alimentos, mas, envolve pensar os símbolos, a imaginação coletiva, a sociabilidade e todas as questões que perpassam o humano. O tema de ética alimentar nos banquetes bíblicos abriria mais possibilidades de estudos relacionados à cultura e sociabilidades.The commensality rites establish a form of sociability that sling our society. The banquet during the Old Age offer elements for reflection about passing nature-culture operated through commensality in the scope of human culinary. And the Bible, while a literary work, of the works together with the Roman Law most influenced the formation of Occident culture, leaves clues for understanding the movements that have instituted such practice of sociability around food, well as helps us to reflect how they echo in our practices still today. Thus, this study aims to understand the constitutive ethics banquet described in the biblical text, with the corpus the Bible. The methodology used for analysis of the text was the thematic analysis proposed by Bauer and Gaskell (2002), to allow a reflection about the book and the theme. After the analysis one realizes that the corpus attentive to three types of behavior which governed the acts of sharing of food: (1) the ethics of passage, which serves like sign of a change in the collective or individual life as weddings (Jacob and Rachel, of Canaan Wedding, Ahasuerus and Esther), birthdays (Pharaoh and Herod) and deaths (Easter and Nabal). The commensality measured whole the rite, which in turn, puts order, classifies, sets the priorities, gives meaning to these landmarks of social life; (2) the ethics of communion, which creates a sphere of sharing of values, achievements, ideals (Last Supper), care in favor of someone or some people (miracle of the loaves and Esther's intervention), seeking a political end, or is, the construction of a common good sphere, where food show a sign of communion, be a physical bread, be spiritual; and, finally, (3) the ethics of power, sharing that engender relations agreement (Abimelech, David, Elizeu, Belshazzar), demonstration of power Through the production of abundance of images (Ahasuerus) and drawing the distinction between the sovereign and their subjects (all). Therefore, think the feeding involves giving attention not only to the function component and subsistence which rests under the the food, but involves thinking the symbols, the collective imagination, the sociability, in short, all the issues that permeates human. The theme of feed ethics biblical feasts would open more possibilities for studies related to culture and sociability.Los ritos de comensalidad instituyen una forma de sociabilidad que funda nuestra sociedad. Los banquetes durante la Edad Antigua ofrecen elementos de reflexión sobre el pasaje naturaleza-cultura operado a través de la comensalidad en el ámbito de la cocina humana. La Biblia, como obra literaria, uno de los libros que, junto con el Derecho Romano, más influyó en la formación de la cultura occidental, deja pistas para la comprensión de los movimientos que instituyeron tal práctica de sociabilidad en torno a la comida, además de ayudarnos a reflexionar sobre cómo resuenan en nuestras prácticas aún hoy. Así, este trabajo tiene como objetivo comprender la ética constitutiva de los banquetes descritos en el texto bíblico, teniendo como corpus la Biblia. La metodología utilizada para analizar el texto fue el análisis temático propuesto por Bauer y Gaskell (2002) para permitir una reflexión sobre el libro y sobre el tema. Tras el análisis, se puede observar que el corpus presta atención a tres tipos de comportamiento que regían los actos de compartir alimentos: (1) la ética del paso, que sirve como signo de un cambio en la vida colectiva o individual como los matrimonios (Jacó y Raquel, Bodas de Canaán, Asuero y Ester), cumpleaños (Faraón y Herodes) y defunciones (Pascua y Nabal). La comensalidad mediatiza todo el rito, el cual, a su vez, ordena, clasifica, establece prioridades, da sentido a estos hitos de la vida social; (2) la ética de la comunión, que crea un ámbito de compartir valores, logros, ideales (Última Cena), de cuidado a favor de alguien o de algunas personas (milagro de los panes e intervención de Ester), apuntando a un fin político , es decir, la construcción de un ámbito de bien común, en el que los alimentos denotan un signo de comunión, sea pan físico o espiritual; y, finalmente, (3) la ética del poder, participaciones que engendran relaciones de acuerdo (Abimelec, David, Elizeu, Belsasar), de demostración de poder a través de la producción de imágenes de abundancia (Asuero) y que distinguen entre el soberano y sus súbditos (todos). Por lo tanto, pensar en la comida implica prestar atención no solo al componente de función y subsistencia que descansa bajo la comida, sino que también implica pensar en los símbolos, el imaginario colectivo, la sociabilidad y todas las cuestiones que permean lo humano. El tema de la ética alimentaria en los banquetes bíblicos abriría más posibilidades para estudios relacionados con la cultura y la sociabilidad.Universidade Federal de Campina GrandeBrasilCentro de Educação e Saúde - CESUFCGSILVA, Michelle Cristine de Medeiros.MEDEIROS, Michellehttp://lattes.cnpq.br/1788932483645882LIMA, Hermano Machado Ferreira.FEITOSA, Izayana Pereira.VITORINO, Raquel Santos.20152019-11-13T10:41:01Z2019-11-132019-11-13T10:41:01Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesishttp://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/9130VITORINO, Raquel Santos. A ética alimentar nos banquetes bíblicos: passagem, comunhão e poder. 2015. 69 fl. 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