As fantásticas histórias de trancoso: práticas e representações sobre as botijas no Alto Sertão da Paraíba (1940-1950).

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: CEZÁRIO, Danilo de Sousa.
Data de Publicação: 2010
Outros Autores: WANDERLEY, Helmara Giccelli Formiga.
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
Texto Completo: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/34017
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo principal analisar as narrativas produzidas sobre os “tesouros encantados”, popularmente chamados de “botijas”, na zona rural da antiga sede da cidade de São José de Piranhas, no Alto Sertão do Estado da Paraíba, nas proximidades de Cajazeiras, entre os anos de 1940 e 1950, período este marcado por mudanças de ordem política, econômica e social naquele “pedaço”, uma vez que a população da pequena aldeia foi obrigada, a deixar suas residências, suas experiências, sociabilidades e laços de solidariedade, por motivo da construção do açude de Boqueirão (Engenheiro Ávidos). Todavia, tais pessoas não deixaram para trás somente riquezas culturais, também, contam os antigos moradores, foram deixados lá, tesouros materiais e acorrentados a eles, a alma dos seus “donos”. Tais histórias, ao mesmo tempo em que intrigam as pessoas que experienciam o “achamento” ou o encantamento de tais riquezas, provocando espanto, surpresas, alegrias, sabores, ou mesmo, dissabores, também revelam a pluralidade cultural brasileira, focalizando a riqueza do nosso folclore e a influência da religião cristã no país, especialmente nas regiões sertanejas. É importante destacar que o estudo do universo fantástico das botijas, por sua condição cultural e material, é atravessado por duas figuras principais, quais sejam: o avarento, e o merecedor, conforme pode ser percebido a partir do estudo A botija encantada e o mundo do avarento, da historiadora Maria do Socorro Cipriano (2010). Destarte, a botija, tomada como algo maravilhoso, seria um tesouro encantado, escondido, em vida, por uma pessoa que poderia, ou não, viver em um mundo de avareza. Assim sendo, por tratar-se de um universo fantástico, as representações sobre os tesouros enterrados e os rituais de desentesouramento nos chegam através dos folhetos produzidos por poetas da região, de contos e, especialmente, da oralidade das pessoas que vivenciaram aquele tipo de ocorrência. Nesta perspectiva, desejamos analisar as representações sobre os entesouramentos construídas pelos grupos nomeados como populares, bem como aquelas representações construídas pelos grupos nomeados como elites, de forma a perceber como tais discursos ora se aproximam, ora se distanciam, construindo uma pluralidade de memórias sobre as botijas encantadas. Para a pesquisa a que nos propomos, é muito pertinente uma aproximação com o conceito de circularidade cultural do Carlo Guinzburg; na mesma medida também far-se-á necessário o uso dos conceitos de práticas e representações do historiador Roger Chartier; além de um diálogo com as idéias de invenções e apropriações de Michel de Certeau
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Práticas e representações - Roger Chartier
Invenções e apropriações - Michel de Certeau
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