Manuscritos culinários: memórias, histórias, narrativas de si.
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2010 |
Tipo de documento: | Artigo de conferência |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG |
Texto Completo: | http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/34127 |
Resumo: | A cozinha e as atividades domésticas têm sido, historicamente, relacionadas às mulheres, como atributo natural de sua identidade. Assim como a leitura, a escrita é frequentemente um fruto proibido: mais do que o escrito proibido, é ao mundo calado e permitido das coisas que as mulheres confiam sua memória. A partir daí, no espaço privado, surgiu a tradição dos escritos privados, única escrita permitida às mulheres: cartas, diários, livros de anotações e cadernos de receita culinária, como narrativas de si que se constituem como um abrigo. A tradição de escrever cadernos de receita compõe a construção identitária feminina, revelando sua memória, sua história e criando uma narrativa de si. O presente artigo pretende observar como as receitas culinárias presentes nos manuscritos contam e recriam o mundo escrito pelas mulheres nos manuscritos culinários e inscrito na memória, analisando a presença dos discursos e subjetividades que constroem e constituem a narrativa de si da mulher. O estudo do percurso do manuscrito culinário ao longo do século XX e XXI demonstra a memória circunscrita na história feminina e também reflete as transformações pelas quais passa a história feminina: seus gostos, seus gestos, influência das novas mídias, das novas tecnologias, dos novos sabores, das novas identidades globalizadas, da nova cultura. Analisar os manuscritos culinários é revelar, a partir da comida, a memória social e lingüística da mulher: sua “autobiografia”, escrita a partir da vivência de suas narrativas recordadas. As comidas são signos motivadores da memória individual e coletiva que desenham uma cartografia dos costumes, da vida privada das famílias, mostrando a teia da circularidade dos saberes e as conexões com a memória e a história vivida pelas escritoras. A pesquisa é de base etnográfica, de natureza qualitativa, utilizando-se de cinco manuscritos culinários de mulheres moradoras da cidade de Nova Palmeira, Paraíba. A comida insere-se como um mito, revelando, assim, a memória feminina, contando as passagens da vida e das relações sociais. A comida é, portanto, uma narrativa mítica e simbólica, que representa os devaneios, memórias e sonhos não apenas daqueles que comem, mas daqueles que registram na escritura. A comida é o enredo das tradições culturais que denotam páginas da história vivida e atuada pelas mulheres. Da análise, percebe-se que esses manuscritos revelam as escolhas das mulheres que denotam uma prática e uma escrita de si, denotando memórias e narrativas. |
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Manuscritos culinários: memórias, histórias, narrativas de si.Culinary manuscripts: memories, stories, self-narratives.CulináriaManuscritos culináriosNarrativas de siEscrita de siReceitas culinárias e HistóriaManuscritos culináriosHistória feminina - culináriaHistória feminina - culináriaEtnografiaComidas e tradições culturaisNova Palmeira - PB - escritos culinários femininosCookingCulinary manuscriptsSelf-narrativesWriting yourselfCulinary recipes and historyCulinary manuscriptsWomen's story - cookingEthnographyFoods and cultural traditionsNova Palmeira - PB - feminine culinary writingsHistória.A cozinha e as atividades domésticas têm sido, historicamente, relacionadas às mulheres, como atributo natural de sua identidade. Assim como a leitura, a escrita é frequentemente um fruto proibido: mais do que o escrito proibido, é ao mundo calado e permitido das coisas que as mulheres confiam sua memória. A partir daí, no espaço privado, surgiu a tradição dos escritos privados, única escrita permitida às mulheres: cartas, diários, livros de anotações e cadernos de receita culinária, como narrativas de si que se constituem como um abrigo. A tradição de escrever cadernos de receita compõe a construção identitária feminina, revelando sua memória, sua história e criando uma narrativa de si. O presente artigo pretende observar como as receitas culinárias presentes nos manuscritos contam e recriam o mundo escrito pelas mulheres nos manuscritos culinários e inscrito na memória, analisando a presença dos discursos e subjetividades que constroem e constituem a narrativa de si da mulher. O estudo do percurso do manuscrito culinário ao longo do século XX e XXI demonstra a memória circunscrita na história feminina e também reflete as transformações pelas quais passa a história feminina: seus gostos, seus gestos, influência das novas mídias, das novas tecnologias, dos novos sabores, das novas identidades globalizadas, da nova cultura. Analisar os manuscritos culinários é revelar, a partir da comida, a memória social e lingüística da mulher: sua “autobiografia”, escrita a partir da vivência de suas narrativas recordadas. As comidas são signos motivadores da memória individual e coletiva que desenham uma cartografia dos costumes, da vida privada das famílias, mostrando a teia da circularidade dos saberes e as conexões com a memória e a história vivida pelas escritoras. A pesquisa é de base etnográfica, de natureza qualitativa, utilizando-se de cinco manuscritos culinários de mulheres moradoras da cidade de Nova Palmeira, Paraíba. A comida insere-se como um mito, revelando, assim, a memória feminina, contando as passagens da vida e das relações sociais. A comida é, portanto, uma narrativa mítica e simbólica, que representa os devaneios, memórias e sonhos não apenas daqueles que comem, mas daqueles que registram na escritura. A comida é o enredo das tradições culturais que denotam páginas da história vivida e atuada pelas mulheres. Da análise, percebe-se que esses manuscritos revelam as escolhas das mulheres que denotam uma prática e uma escrita de si, denotando memórias e narrativas.Universidade Federal de Campina GrandeBrasilUFCG20102024-01-26T10:12:26Z2024-01-262024-01-26T10:12:26Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/conferenceObjecthttp://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/34127SANTOS, Maíra Cordeiro dos. Manuscritos culinários: memórias, histórias, narrativas de si. In: II Colóquio Internacional de História: fontes históricas, ensino e história da educação. GT 06: Gêneros híbridos na construção da narrativa histórica: cartas, memórias, autobiografias, diários e fotografias. Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), 2º, 2010. Anais [...]. Campina Grande - PB, 2010. p. 969-980. ISSN: 2179 2010. Disponível em: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/34127porSANTOS, Maíra Cordeiro dos.info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCGinstname:Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)instacron:UFCG2024-01-26T10:13:00Zoai:localhost:riufcg/34127Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://bdtd.ufcg.edu.br/PUBhttp://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/oai/requestbdtd@setor.ufcg.edu.br || bdtd@setor.ufcg.edu.bropendoar:48512024-01-26T10:13Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG - Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)false |
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A cozinha e as atividades domésticas têm sido, historicamente, relacionadas às mulheres, como atributo natural de sua identidade. Assim como a leitura, a escrita é frequentemente um fruto proibido: mais do que o escrito proibido, é ao mundo calado e permitido das coisas que as mulheres confiam sua memória. A partir daí, no espaço privado, surgiu a tradição dos escritos privados, única escrita permitida às mulheres: cartas, diários, livros de anotações e cadernos de receita culinária, como narrativas de si que se constituem como um abrigo. A tradição de escrever cadernos de receita compõe a construção identitária feminina, revelando sua memória, sua história e criando uma narrativa de si. O presente artigo pretende observar como as receitas culinárias presentes nos manuscritos contam e recriam o mundo escrito pelas mulheres nos manuscritos culinários e inscrito na memória, analisando a presença dos discursos e subjetividades que constroem e constituem a narrativa de si da mulher. O estudo do percurso do manuscrito culinário ao longo do século XX e XXI demonstra a memória circunscrita na história feminina e também reflete as transformações pelas quais passa a história feminina: seus gostos, seus gestos, influência das novas mídias, das novas tecnologias, dos novos sabores, das novas identidades globalizadas, da nova cultura. Analisar os manuscritos culinários é revelar, a partir da comida, a memória social e lingüística da mulher: sua “autobiografia”, escrita a partir da vivência de suas narrativas recordadas. As comidas são signos motivadores da memória individual e coletiva que desenham uma cartografia dos costumes, da vida privada das famílias, mostrando a teia da circularidade dos saberes e as conexões com a memória e a história vivida pelas escritoras. A pesquisa é de base etnográfica, de natureza qualitativa, utilizando-se de cinco manuscritos culinários de mulheres moradoras da cidade de Nova Palmeira, Paraíba. A comida insere-se como um mito, revelando, assim, a memória feminina, contando as passagens da vida e das relações sociais. A comida é, portanto, uma narrativa mítica e simbólica, que representa os devaneios, memórias e sonhos não apenas daqueles que comem, mas daqueles que registram na escritura. A comida é o enredo das tradições culturais que denotam páginas da história vivida e atuada pelas mulheres. Da análise, percebe-se que esses manuscritos revelam as escolhas das mulheres que denotam uma prática e uma escrita de si, denotando memórias e narrativas. |
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