Outras histórias de mulheres: violência, crime e prisão em Campina Grande.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: SILVA, Vanuza Souza.
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
Texto Completo: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/33993
Resumo: Em Minhas Histórias das Mulheres Michele Perrot deixa uma dica para o pesquisador atento, a autora enfatiza no final de seu livro o fato de haver muitos ditos e escritos sobre as mulheres, no entanto alerta a autora, ainda há silêncios sobre as histórias das mulheres carcerárias. Dessa deixa da autora francesa vou me apropriar nesse momento para escrever sobre a história das mulheres, não a mulher que zela, que limpa, que escreve, mas a mulher que viola, rouba, alicia, mata. Se ainda é possível falar de silêncios sobre a história das mulheres, esse silêncio é percebido quando o tema é a mulher que se institui como autora da violência. Comuns são trabalhos que pensam a mulher enquanto objeto do que agride e violenta. Este texto pretende pensar as relações de gênero no espaço da Penitenciária Feminina de Campina grande, pensar os códigos de gênero, de feminino, de amizade, que são criados no interior da prisão. Se a prisão, pensando com Foucault institui os códigos disciplinares que vigiam o cotidiano da prisão, inspirada em Gilles Deleuze, quero pensar as imanências, existência que pluraliza a vida e a própria prisão. A Penitenciária Feminina do Serrotão data de 1998, o que implica dizer que esta data é um dos acontecimentos importante para se pensar um saber jurídico que vai se especializando no corpo e na violência de autoria feminina. A análise sobre as condições históricas que tornaram possível a construção de espaço de saber e poder sobre a mulher prisioneira, é também parte dessa pesquisa que analisará não somente o cotidiano, mas a própria história institucional daquele espaço. Que papéis de gênero são exercidos na prisão? Como as mulheres prisioneiras se definem antes do crime e depois da convivência na prisão? Que aprendizados essas mulheres criam quando limitadas no espaço prisional? Se o gênero é performático, se aprendemos a ser homens e mulheres, se os sexos biológicos não são determinantes nos papéis sociais, como as mulheres prisioneiras vivenciam os códigos de gênero? Este texto pretende contribuir não apenas com a história das mulheres, de gênero, da violência em Campina Grande, mas principalmente tentar compreender à luz das histórias de vidas das apenadas, porque estas mulheres optam pelo caminho do crime e das margens. A maioria das presas não tem o ensino médio, sendo a maioria filha de mães solteiras, tendo pouco acesso a leituras. Estes signos são dados importantes para pensarmos também por que os sujeitos que não se envolvem com o ensino, com a educação inclusive escolar, acabam optando pela violência, crime, prisão, inclusive as mulheres.
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