Perda do filho, doaÃÃo de leite humano e luto familiar.

• Autor(a) principal: Rita Maria Viana RÃgo
• Data de Publicação: 2013
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC
• Texto Completo: http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=9961
• topic: PromoÃÃo da SaÃde; Grief; Nursing care; Maternal-child nursing; Milk, human; Health promotion; ENFERMAGEM

A morte constitui parte do ciclo de vida de cada ser humano, embora nem sempre este se encontre preparado para enfrentar; e quando se trata da morte de um filho, os pais necessitam da ajuda de profissionais que os acolham para a elaboraÃÃo do luto. O estudo teve como objetivos realizar acolhimento e acompanhamento do casal em luto pela perda de um filho; analisar os efeitos deste acompanhamento; elaborar, com as famÃlias participantes, tecnologia de acolhimento na elaboraÃÃo do luto pela perda do filho e verificar qual a decisÃo da mulher/mÃe em relaÃÃo ao destino de sua produÃÃo lÃctea apÃs a morte do filho recÃm-nascido (RN) ou quando a morte ocorreu intraÃtero. Realizou-se uma pesquisa-aÃÃo, pois se acredita que nesta metodologia o pesquisador vai alÃm de diagnÃstico situacional; este se insere no meio pesquisado, tem efetiva participaÃÃo e, consequentemente, existe a possibilidade de compreender a realidade para efetivas transformaÃÃes. Os resultados acontecem durante o caminhar, o que proporciona satisfaÃÃo para o pesquisador e participantes que se educam mutuamente; todos sÃo sujeitos atuantes e dispostos a pensarem juntos. Coordenou-se grupo de apoio/suporte do tipo semiaberto, com acolhimento de 14 casais em luto pela perda do filho. Quanto à frequÃncia das sessÃes grupais, reuniu-se uma vez por semana, aos sÃbados, no LaboratÃrio de PrÃticas Alternativas de SaÃde (LabPas), do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do CearÃ, durante nove meses, totalizando 30 encontros grupais. A duraÃÃo mÃdia de cada encontro foi de 90 minutos, perfazendo 2.700 minutos ou 45 horas de convivÃncia dos participantes da pesquisa, alÃm das visitas domiciliÃrias e contatos telefÃnicos. TrÃs etapas constituÃram o processo grupal - acolhimento, desenvolvimento e avaliaÃÃo. O acolhimento aconteceu por meio de relaxamento e tÃcnica de imaginaÃÃo criativa ancorada por um tema; o desenvolvimento foi conduzido por uma pergunta norteadora e a avaliaÃÃo realizada por meio de uma palavra ou frase. Os encontros foram finalizados por meio de um abraÃo coletivo. O perÃodo de coleta transcorreu entre 7 de janeiro e 29 de setembro de 2012. Os locais da pesquisa foram duas maternidades de grande porte, referÃncias do MunicÃpio de Fortaleza, capital do Estado do CearÃ/Brasil, que forneceram os telefones dos casais que perderam seus filhos RN, as residÃncias onde aconteceram as entrevistas. Avaliaram-se os 30 encontros grupais a partir de um diagrama que se idealizou com base em Loomis (1979). Os resultados foram analisados por meio de triangulaÃÃo dos dados, que permite utilizaÃÃo de diferentes tÃcnicas de coleta como a entrevista, a formaÃÃo de grupos e a observaÃÃo sistemÃtica. Reuniu-se inicialmente o que foi apreendido como aprendizado resultando em conhecimento e depois se apresentou uma proposta de tecnologia em acolhimento Ãs famÃlias que perderam seus filhos, o que certamente poderà servir como modelo de assistÃncia. Acredita-se que a PromoÃÃo da SaÃde deva ser representada pela pirÃmide da competÃncia, que se traduz em conhecimentos acumulados, habilidades e atitudes para uma presenÃa silenciosa, a escuta terapÃutica, o olhar no olho, a palavra oportuna e o abraÃo terapÃutico. Concorda-se com os diversos pensadores quando afirmam que o caminho se faz caminhando. Nesta tese, acolheram-se os casais que perderam seus filhos RNs ou que morreram no ventre de suas mÃes, para ajudÃ-los a acreditar que eles podem ressignificar as suas vidas. Os casais retornaram a se organizar, a cuidar-se e voltaram aos seus trabalhos; e em seus depoimentos percebeu-se que os encontros grupais contribuÃram para que eles acreditassem que um dia esta dor serà substituÃda por uma saudade sem dor, uma recordaÃÃo saudÃvel do filho amado que estarà no coraÃÃo destes pais. Nessa fase de elaboraÃÃo do luto, certamente, eles estarÃo revigorados e mais resistentes a possÃveis dores com as quais a vida surpreende a todos. Das 41 mÃes consultadas sobre qual destino dariam ao leite que produziam apÃs a morte de um filho RNs ou ainda em seu Ãtero, 21(71%), porcentagem significativa, afirmaram que gostariam de ter sido doadoras de leite, caso tivessem tido a oportunidade de escolha.