Economia criativa no CearÃ: um estudo da institucionalizaÃÃo do campo do humor

• Autor(a) principal: Bruno Chaves Correia Lima
• Data de Publicação: 2012
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC
• Texto Completo: http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=14400
• topic: processo de institucionalizaÃÃo; economia criativa; campo do humor; institutionalization process; creative economy; comedy field; ADMINISTRACAO DE EMPRESAS

O objetivo deste trabalho à analisar o processo de institucionalizaÃÃo da economia criativa do humor no Estado do CearÃ, à luz da teorizaÃÃo de Tolbert e Zucker (1999), que apresenta o processo sendo composto de trÃs fases: habitualizaÃÃo, objetivaÃÃo e sedimentaÃÃo. Foram utilizados tambÃm como referÃncia o modelo dos nÃveis de enlaces interorganizacionais, de Holanda (2003), e os indicadores de grau de institucionalizaÃÃo propostos por Scott (1995) e Dimaggio e Powel (2001). Os estudos organizacionais nas Ãltimas dÃcadas destacam a Teoria Institucional como abordagem centrada nas influÃncias do ambiente nas formas e nas estruturas de diferentes organizaÃÃes, especialmente naquelas que trazem em seu Ãmago a valorizaÃÃo de aspectos intangÃveis, simbÃlicos e culturais, tais como as que compÃem a economia criativa. No CearÃ, o humor se configura como um relevante campo da economia e cultura local cujo processo de institucionalizaÃÃo se configura como um salutar objeto de estudo. Para alcance do objetivo proposto, foi realizada uma pesquisa de naturezas qualitativa e quantitativa; exploratÃria e descritiva, quanto aos fins; e documental e de campo quanto aos meios. AlÃm de entrevistas realizadas com amostra nÃo-aleatÃria de quinze representantes organizacionais que compÃem o campo, foram respondidos questionÃrios por 67,4% dos humoristas em atividade no CearÃ. Os resultados da pesquisa indicam que o humor no Cearà tem raÃzes histÃricas que remontam aos sÃculos XVIII e XIX e foi protagonizado por diferentes cenÃrios â especialmente a PraÃa do Ferreira - e tipos populares que, por meio da irreverÃncia em um cotidiano de dificuldades, reforÃaram a vertente humorÃstica da imagem âCearà Molequeâ. A formaÃÃo do campo do humor como um negÃcio da economia criativa cearense se deu por meio do estÃmulo de forÃas de mercado e por situaÃÃes eventuais que emergiram hÃbitos sociais irreverentes da juventude alencarina na dÃcada de 1980. Nesse contexto, indivÃduos e organizaÃÃes inovaram e adotaram arranjos e estruturas comuns, especialmente em bares e restaurantes, caracterizando a fase de habitualizaÃÃo. No transcorrer das dÃcadas seguintes, com a atuaÃÃo consensual dos atores do campo monitorado, o padrÃo de estruturas bem sucedidas foi difundido, entretanto sem teorizaÃÃo formal. A partir da dÃcada de 2000, as concorrÃncias e as disputas por espaÃos geraram formaÃÃes de grupos, aumento dos enlaces interorganizacionais e da Ãrea geogrÃfica de ocorrÃncia do humor, alÃm do surgimento de novas e recentes estruturas organizacionais, tais como associaÃÃes, sindicato, fÃrum, teatros e museu temÃticos, dentre outras. Tais caracterÃsticas associadas Ãs dificuldades de comunicaÃÃo e teorizaÃÃo no campo indicam que essa economia criativa està entre as fases de objetificaÃÃo e sedimentaÃÃo do seu processo de institucionalizaÃÃo. Os resultados dos questionÃrios confirmaram esse grau intermediÃrio do processo, pois seis dos sete indicadores de institucionalizaÃÃo obtiveram mÃdias inclusas no intervalo central. Por fim, ressalta-se que o humor, enraizado na cultura do povo cearense, se configura como uma atividade da economia criativa que cresce em nÃmero e enlaces de atores do campo, mediante recentes estruturas interorganizacionais que geram divergÃncias entre grupos e visam a ampliaÃÃo de espaÃo mercadolÃgico junto ao pÃblico cearense e turista.