Viajando entre sereias: saÃde de transexuais e travestis na cidade de Fortaleza

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Juliana Vieira Sampaio
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC
Texto Completo: http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=11300
Resumo: O objetivo deste estudo foi investigar, na cidade de Fortaleza, as prÃticas que travestis e transexuais utilizam para produzir saÃde e como elas se relacionam com os saberes institucionalizados nesse campo. A saÃde no Brasil à dever do Estado e direito fundamental da populaÃÃo brasileira desde 1990, com a criaÃÃo do Sistema Ãnico de SaÃde (SUS). Apesar de ser um direito universal, algumas pesquisas assinalam um processo de exclusÃo da populaÃÃo trans dos serviÃos de saÃde por esta sofrer preconceito nestes espaÃos. Iniciamos nossa pesquisa realizando e registrando em diÃrio de campo visitas exploratÃrias a equipamentos de saÃde indicados como referÃncia no atendimento de travestis e transexuais na cidade de Fortaleza. Observamos que a norma sexual heteronormativa baseada no binarismo de gÃnero à o que geralmente organiza as aÃÃes do serviÃo pÃblico de saÃde quando o foco à essa populaÃÃo. Hà uma âre-patologizaÃÃoâ das sexualidades nÃo heterossexuais quando os serviÃos voltados para DST/aids e envolvidos no processo transexualizador tornam-se os principais espaÃos institucionalizados para a saÃde das trans. ApÃs as visitas exploratÃrias iniciais, comeÃamos a dialogar com travestis e transexuais por entendermos que a saÃde nÃo pode ser reduzida a um problema simples de gestÃo do Estado, uma vez que a saÃde atravessa todos os espaÃos e relaÃÃes. Realizamos, tambÃm, entrevistas semiestruturadas com quatro travestis e transexuais e algumas conversas informais nos ambientes percorridos durante a pesquisa. Esse material foi analisado na perspectiva foucaultiana de prÃticas discursivas, isto Ã, um conjunto de regras anÃnimas e localizadas no tempo e espaÃo que produzem condiÃÃes de exercÃcio da funÃÃo enunciativa. A partir dos relatos das trans, observamos como elas negociam com os espaÃos institucionalizados de saÃde e quais prÃticas sÃo indicadas como produtoras de saÃde por essa populaÃÃo. A falta de respeito ao uso do nome social foi uma das principais queixas das trans sobre o atendimento nos equipamentos de saÃde. Elas passam a utilizar como alternativa o atendimento em clÃnicas particulares ou os serviÃos de emergÃncia. Observamos que a produÃÃo de saÃde das trans geralmente està associada à construÃÃo de um corpo belo e feminino e para isso sÃo utilizadas diversas tecnologias, que muitas vezes sÃo apontadas pelo discurso oficial da saÃde como produtoras de doenÃas, como o uso de silicone industrial e a automedicaÃÃo de hormÃnios. ConcluÃmos que a principal demanda de saÃde de travestis e transexuais, a construÃÃo de um corpo belo e feminino, se afasta das normas e prÃticas que regem a atuaÃÃo do Estado na assistÃncia a essa populaÃÃo. Tal distanciamento à produzido, entre outras questÃes, pela adoÃÃo do Estado de uma noÃÃo heteronormativa e binÃria de sexo e gÃnero para construir suas aÃÃes, que finda por excluir os corpos que escapam e subvertem a norma sexual.
id UFC_6860cee11c389a9f8e329e2a141081f3
oai_identifier_str oai:www.teses.ufc.br:7654
network_acronym_str UFC
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC
spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisViajando entre sereias: saÃde de transexuais e travestis na cidade de FortalezaTRAVELLING BETWEEN MERMAIDS: Health transsexuals and transvestites in Fortaleza.2014-02-10Idilva Maria Pires Germano24390631349http://lattes.cnpq.br/6885356541227389 Ricardo Pimentel MÃllo12743860200http://lattes.cnpq.br/9026097374517495 Benedito Medrado-Dantas63880768587http://lattes.cnpq.br/3188365001747186 02681088380http://lattes.cnpq.br/9556200287516417Juliana Vieira SampaioUniversidade Federal do CearÃPrograma de PÃs-GraduaÃÃo em PsicologiaUFCBRTravestis. Transexuais. SaÃde. GÃneroTravestites. Transsexuals. Health. Gender.PSICOLOGIAO objetivo deste estudo foi investigar, na cidade de Fortaleza, as prÃticas que travestis e transexuais utilizam para produzir saÃde e como elas se relacionam com os saberes institucionalizados nesse campo. A saÃde no Brasil à dever do Estado e direito fundamental da populaÃÃo brasileira desde 1990, com a criaÃÃo do Sistema Ãnico de SaÃde (SUS). Apesar de ser um direito universal, algumas pesquisas assinalam um processo de exclusÃo da populaÃÃo trans dos serviÃos de saÃde por esta sofrer preconceito nestes espaÃos. Iniciamos nossa pesquisa realizando e registrando em diÃrio de campo visitas exploratÃrias a equipamentos de saÃde indicados como referÃncia no atendimento de travestis e transexuais na cidade de Fortaleza. Observamos que a norma sexual heteronormativa baseada no binarismo de gÃnero à o que geralmente organiza as aÃÃes do serviÃo pÃblico de saÃde quando o foco à essa populaÃÃo. Hà uma âre-patologizaÃÃoâ das sexualidades nÃo heterossexuais quando os serviÃos voltados para DST/aids e envolvidos no processo transexualizador tornam-se os principais espaÃos institucionalizados para a saÃde das trans. ApÃs as visitas exploratÃrias iniciais, comeÃamos a dialogar com travestis e transexuais por entendermos que a saÃde nÃo pode ser reduzida a um problema simples de gestÃo do Estado, uma vez que a saÃde atravessa todos os espaÃos e relaÃÃes. Realizamos, tambÃm, entrevistas semiestruturadas com quatro travestis e transexuais e algumas conversas informais nos ambientes percorridos durante a pesquisa. Esse material foi analisado na perspectiva foucaultiana de prÃticas discursivas, isto Ã, um conjunto de regras anÃnimas e localizadas no tempo e espaÃo que produzem condiÃÃes de exercÃcio da funÃÃo enunciativa. A partir dos relatos das trans, observamos como elas negociam com os espaÃos institucionalizados de saÃde e quais prÃticas sÃo indicadas como produtoras de saÃde por essa populaÃÃo. A falta de respeito ao uso do nome social foi uma das principais queixas das trans sobre o atendimento nos equipamentos de saÃde. Elas passam a utilizar como alternativa o atendimento em clÃnicas particulares ou os serviÃos de emergÃncia. Observamos que a produÃÃo de saÃde das trans geralmente està associada à construÃÃo de um corpo belo e feminino e para isso sÃo utilizadas diversas tecnologias, que muitas vezes sÃo apontadas pelo discurso oficial da saÃde como produtoras de doenÃas, como o uso de silicone industrial e a automedicaÃÃo de hormÃnios. ConcluÃmos que a principal demanda de saÃde de travestis e transexuais, a construÃÃo de um corpo belo e feminino, se afasta das normas e prÃticas que regem a atuaÃÃo do Estado na assistÃncia a essa populaÃÃo. Tal distanciamento à produzido, entre outras questÃes, pela adoÃÃo do Estado de uma noÃÃo heteronormativa e binÃria de sexo e gÃnero para construir suas aÃÃes, que finda por excluir os corpos que escapam e subvertem a norma sexual.The aim of this study was to investigate practices that transvestites and transsexuals in Fortaleza (CearÃ-Brazil) use to produce health and how they relate to institutionalized knowledge in this field. Health in Brazil is duty of the state and fundamental right of the population since 1990, when the Unified Health System (Sistema Ãnico de SaÃde SUS) was created. Despite being a universal right some studies indicate a process of exclusion of trans people from health services due to the prejudice they suffer in those places. We began our research by exploratory visits to health facilities indicated as references in the care of transvestites and transsexuals in Fortaleza, which were registered in a field diary. We observed that the heteronormative sexual norm based on binary gender usually organizes the actions of the public health service when the focus is this population. There is re-pathologization of non-heterosexual sexualities when the services directed to STD/aids and involved in transsexuality process become the main institutionalized spaces for the health of trans people. After initial exploratory visits we talked to transvestites and transsexuals because we believe that health cannot be reduced to a simple problem of state management, since health pervades all space and relationships. We conducted semi-structured research interviews with four transvestites and transsexuals and also had informal conversations in the spaces visited during research. This material was analyzed in Foucauldian perspective of discursive practices, that is, a set of anonymous rules located in time and space that produce conditions for exercising the enunciative function. From the reports of our trans interviewees we observe how they deal with the institutionalized spaces of health and which practices are selected as producers of health for this population. The disrespect towards the use of social name was one of the main complaints about the care in health facilities, lending them to alternative care at private clinics or emergency services. We observed that the production of trans health is generally associated with the construction of a beautiful female body and the utilization of several technologies, which are often identified by the official discourse of health as producers of disease, such as the use of silicone industrial and self-medication of hormones. We conclude that the main demand of health transvestites and transsexuals, the construction of a beautiful female body, is far from the way the State has acted to assist this population. Among other reasons this distance is produced as the result of the adoption of a binary and heteronormative notion of sex and gender by the State, which ends up excluding the bodies that escape and subvert the sexual norm.CoordenaÃÃo de AperfeiÃoamento de Pessoal de NÃvel Superiorhttp://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=11300application/pdfinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCinstname:Universidade Federal do Cearáinstacron:UFC2019-01-21T11:24:28Zmail@mail.com -
dc.title.pt.fl_str_mv Viajando entre sereias: saÃde de transexuais e travestis na cidade de Fortaleza
dc.title.alternative.en.fl_str_mv TRAVELLING BETWEEN MERMAIDS: Health transsexuals and transvestites in Fortaleza.
title Viajando entre sereias: saÃde de transexuais e travestis na cidade de Fortaleza
spellingShingle Viajando entre sereias: saÃde de transexuais e travestis na cidade de Fortaleza
Juliana Vieira Sampaio
Travestis. Transexuais. SaÃde. GÃnero
Travestites. Transsexuals. Health. Gender.
PSICOLOGIA
title_short Viajando entre sereias: saÃde de transexuais e travestis na cidade de Fortaleza
title_full Viajando entre sereias: saÃde de transexuais e travestis na cidade de Fortaleza
title_fullStr Viajando entre sereias: saÃde de transexuais e travestis na cidade de Fortaleza
title_full_unstemmed Viajando entre sereias: saÃde de transexuais e travestis na cidade de Fortaleza
title_sort Viajando entre sereias: saÃde de transexuais e travestis na cidade de Fortaleza
author Juliana Vieira Sampaio
author_facet Juliana Vieira Sampaio
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Idilva Maria Pires Germano
dc.contributor.advisor1ID.fl_str_mv 24390631349
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/6885356541227389
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Ricardo Pimentel MÃllo
dc.contributor.referee1ID.fl_str_mv 12743860200
dc.contributor.referee1Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/9026097374517495
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Benedito Medrado-Dantas
dc.contributor.referee2ID.fl_str_mv 63880768587
dc.contributor.referee2Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/3188365001747186
dc.contributor.authorID.fl_str_mv 02681088380
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/9556200287516417
dc.contributor.author.fl_str_mv Juliana Vieira Sampaio
contributor_str_mv Idilva Maria Pires Germano
Ricardo Pimentel MÃllo
Benedito Medrado-Dantas
dc.subject.por.fl_str_mv Travestis. Transexuais. SaÃde. GÃnero
topic Travestis. Transexuais. SaÃde. GÃnero
Travestites. Transsexuals. Health. Gender.
PSICOLOGIA
dc.subject.eng.fl_str_mv Travestites. Transsexuals. Health. Gender.
dc.subject.cnpq.fl_str_mv PSICOLOGIA
dc.description.sponsorship.fl_txt_mv CoordenaÃÃo de AperfeiÃoamento de Pessoal de NÃvel Superior
dc.description.abstract.por.fl_txt_mv O objetivo deste estudo foi investigar, na cidade de Fortaleza, as prÃticas que travestis e transexuais utilizam para produzir saÃde e como elas se relacionam com os saberes institucionalizados nesse campo. A saÃde no Brasil à dever do Estado e direito fundamental da populaÃÃo brasileira desde 1990, com a criaÃÃo do Sistema Ãnico de SaÃde (SUS). Apesar de ser um direito universal, algumas pesquisas assinalam um processo de exclusÃo da populaÃÃo trans dos serviÃos de saÃde por esta sofrer preconceito nestes espaÃos. Iniciamos nossa pesquisa realizando e registrando em diÃrio de campo visitas exploratÃrias a equipamentos de saÃde indicados como referÃncia no atendimento de travestis e transexuais na cidade de Fortaleza. Observamos que a norma sexual heteronormativa baseada no binarismo de gÃnero à o que geralmente organiza as aÃÃes do serviÃo pÃblico de saÃde quando o foco à essa populaÃÃo. Hà uma âre-patologizaÃÃoâ das sexualidades nÃo heterossexuais quando os serviÃos voltados para DST/aids e envolvidos no processo transexualizador tornam-se os principais espaÃos institucionalizados para a saÃde das trans. ApÃs as visitas exploratÃrias iniciais, comeÃamos a dialogar com travestis e transexuais por entendermos que a saÃde nÃo pode ser reduzida a um problema simples de gestÃo do Estado, uma vez que a saÃde atravessa todos os espaÃos e relaÃÃes. Realizamos, tambÃm, entrevistas semiestruturadas com quatro travestis e transexuais e algumas conversas informais nos ambientes percorridos durante a pesquisa. Esse material foi analisado na perspectiva foucaultiana de prÃticas discursivas, isto Ã, um conjunto de regras anÃnimas e localizadas no tempo e espaÃo que produzem condiÃÃes de exercÃcio da funÃÃo enunciativa. A partir dos relatos das trans, observamos como elas negociam com os espaÃos institucionalizados de saÃde e quais prÃticas sÃo indicadas como produtoras de saÃde por essa populaÃÃo. A falta de respeito ao uso do nome social foi uma das principais queixas das trans sobre o atendimento nos equipamentos de saÃde. Elas passam a utilizar como alternativa o atendimento em clÃnicas particulares ou os serviÃos de emergÃncia. Observamos que a produÃÃo de saÃde das trans geralmente està associada à construÃÃo de um corpo belo e feminino e para isso sÃo utilizadas diversas tecnologias, que muitas vezes sÃo apontadas pelo discurso oficial da saÃde como produtoras de doenÃas, como o uso de silicone industrial e a automedicaÃÃo de hormÃnios. ConcluÃmos que a principal demanda de saÃde de travestis e transexuais, a construÃÃo de um corpo belo e feminino, se afasta das normas e prÃticas que regem a atuaÃÃo do Estado na assistÃncia a essa populaÃÃo. Tal distanciamento à produzido, entre outras questÃes, pela adoÃÃo do Estado de uma noÃÃo heteronormativa e binÃria de sexo e gÃnero para construir suas aÃÃes, que finda por excluir os corpos que escapam e subvertem a norma sexual.
dc.description.abstract.eng.fl_txt_mv The aim of this study was to investigate practices that transvestites and transsexuals in Fortaleza (CearÃ-Brazil) use to produce health and how they relate to institutionalized knowledge in this field. Health in Brazil is duty of the state and fundamental right of the population since 1990, when the Unified Health System (Sistema Ãnico de SaÃde SUS) was created. Despite being a universal right some studies indicate a process of exclusion of trans people from health services due to the prejudice they suffer in those places. We began our research by exploratory visits to health facilities indicated as references in the care of transvestites and transsexuals in Fortaleza, which were registered in a field diary. We observed that the heteronormative sexual norm based on binary gender usually organizes the actions of the public health service when the focus is this population. There is re-pathologization of non-heterosexual sexualities when the services directed to STD/aids and involved in transsexuality process become the main institutionalized spaces for the health of trans people. After initial exploratory visits we talked to transvestites and transsexuals because we believe that health cannot be reduced to a simple problem of state management, since health pervades all space and relationships. We conducted semi-structured research interviews with four transvestites and transsexuals and also had informal conversations in the spaces visited during research. This material was analyzed in Foucauldian perspective of discursive practices, that is, a set of anonymous rules located in time and space that produce conditions for exercising the enunciative function. From the reports of our trans interviewees we observe how they deal with the institutionalized spaces of health and which practices are selected as producers of health for this population. The disrespect towards the use of social name was one of the main complaints about the care in health facilities, lending them to alternative care at private clinics or emergency services. We observed that the production of trans health is generally associated with the construction of a beautiful female body and the utilization of several technologies, which are often identified by the official discourse of health as producers of disease, such as the use of silicone industrial and self-medication of hormones. We conclude that the main demand of health transvestites and transsexuals, the construction of a beautiful female body, is far from the way the State has acted to assist this population. Among other reasons this distance is produced as the result of the adoption of a binary and heteronormative notion of sex and gender by the State, which ends up excluding the bodies that escape and subvert the sexual norm.
description O objetivo deste estudo foi investigar, na cidade de Fortaleza, as prÃticas que travestis e transexuais utilizam para produzir saÃde e como elas se relacionam com os saberes institucionalizados nesse campo. A saÃde no Brasil à dever do Estado e direito fundamental da populaÃÃo brasileira desde 1990, com a criaÃÃo do Sistema Ãnico de SaÃde (SUS). Apesar de ser um direito universal, algumas pesquisas assinalam um processo de exclusÃo da populaÃÃo trans dos serviÃos de saÃde por esta sofrer preconceito nestes espaÃos. Iniciamos nossa pesquisa realizando e registrando em diÃrio de campo visitas exploratÃrias a equipamentos de saÃde indicados como referÃncia no atendimento de travestis e transexuais na cidade de Fortaleza. Observamos que a norma sexual heteronormativa baseada no binarismo de gÃnero à o que geralmente organiza as aÃÃes do serviÃo pÃblico de saÃde quando o foco à essa populaÃÃo. Hà uma âre-patologizaÃÃoâ das sexualidades nÃo heterossexuais quando os serviÃos voltados para DST/aids e envolvidos no processo transexualizador tornam-se os principais espaÃos institucionalizados para a saÃde das trans. ApÃs as visitas exploratÃrias iniciais, comeÃamos a dialogar com travestis e transexuais por entendermos que a saÃde nÃo pode ser reduzida a um problema simples de gestÃo do Estado, uma vez que a saÃde atravessa todos os espaÃos e relaÃÃes. Realizamos, tambÃm, entrevistas semiestruturadas com quatro travestis e transexuais e algumas conversas informais nos ambientes percorridos durante a pesquisa. Esse material foi analisado na perspectiva foucaultiana de prÃticas discursivas, isto Ã, um conjunto de regras anÃnimas e localizadas no tempo e espaÃo que produzem condiÃÃes de exercÃcio da funÃÃo enunciativa. A partir dos relatos das trans, observamos como elas negociam com os espaÃos institucionalizados de saÃde e quais prÃticas sÃo indicadas como produtoras de saÃde por essa populaÃÃo. A falta de respeito ao uso do nome social foi uma das principais queixas das trans sobre o atendimento nos equipamentos de saÃde. Elas passam a utilizar como alternativa o atendimento em clÃnicas particulares ou os serviÃos de emergÃncia. Observamos que a produÃÃo de saÃde das trans geralmente està associada à construÃÃo de um corpo belo e feminino e para isso sÃo utilizadas diversas tecnologias, que muitas vezes sÃo apontadas pelo discurso oficial da saÃde como produtoras de doenÃas, como o uso de silicone industrial e a automedicaÃÃo de hormÃnios. ConcluÃmos que a principal demanda de saÃde de travestis e transexuais, a construÃÃo de um corpo belo e feminino, se afasta das normas e prÃticas que regem a atuaÃÃo do Estado na assistÃncia a essa populaÃÃo. Tal distanciamento à produzido, entre outras questÃes, pela adoÃÃo do Estado de uma noÃÃo heteronormativa e binÃria de sexo e gÃnero para construir suas aÃÃes, que finda por excluir os corpos que escapam e subvertem a norma sexual.
publishDate 2014
dc.date.issued.fl_str_mv 2014-02-10
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
status_str publishedVersion
format masterThesis
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=11300
url http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=11300
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal do CearÃ
dc.publisher.program.fl_str_mv Programa de PÃs-GraduaÃÃo em Psicologia
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFC
dc.publisher.country.fl_str_mv BR
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal do CearÃ
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC
instname:Universidade Federal do Ceará
instacron:UFC
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC
instname_str Universidade Federal do Ceará
instacron_str UFC
institution UFC
repository.name.fl_str_mv -
repository.mail.fl_str_mv mail@mail.com
_version_ 1643295183710715904