A dor que ninguÃm vÃ: âcorpos docilizadosâ com episÃdios reacionais hansÃnicos

• Autor(a) principal: Thayza Miranda Pereira
• Data de Publicação: 2013
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC
• Texto Completo: http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=9464
• topic: hansenâs disease; social stigma; leprosy; qualitative research; SAUDE COLETIVA

A hansenÃase à uma doenÃa estigmatizada de alto poder incapacitante atribuÃdo em parte aos episÃdios reacionais hansÃnicos. A relevÃncia do tema consiste na premÃncia em diagnosticar e tratar os episÃdios reacionais hansÃnicos, eventos inflamatÃrios agudos no curso de uma doenÃa crÃnica, que pode acometer os indivÃduos antes da hansenÃase, durante o tratamento e apÃs a alta. Tem-se como objetivo compreender a vivÃncia dos corpos com episÃdio reacional hansÃnico no Ãmbito individual, familiar e comunitÃrio. Parte-se do pressuposto que os episÃdios reacionais marcam a vida das pessoas contribuindo para o estigma e o isolamento social. Constituindo-se numa investigaÃÃo de carÃter qualitativo, desenvolvida à luz da fenomenologia existencial, este estudo teve como cenÃrio o centro de referÃncia em hansenÃase no municÃpio de Floriano no PiauÃ. Foram realizadas nove entrevistas fenomenolÃgicas, em abril de 2012, sendo quatro com mulheres e cinco com homens que vivem ou viveram tal experiÃncia. Para desvelar o fenÃmeno da vivÃncia com episÃdios reacionais, elaborou-se a questÃo norteadora: âComo à para vocà ter tido hansenÃase e apresentado episÃdio reacionalâ (considerando a sua vida pessoal, familiar e comunitÃria)? Desse modo, as falas dos sujeitos-colaboradores foram analisadas na perspectiva dos estudiosos da fenomenologia existencial. A anÃlise das descriÃÃes permitiu identificar as unidades temÃticas: corpos doÃdos â a descoberta da hansenÃase; corpos rachados â vivÃncia e transformaÃÃo do corpo com episÃdio reacional hansÃnico; corpos quebrados â a incerteza da cura pela sequela; corpos ressignificados â mudanÃa na vida apÃs o episÃdio reacional hansÃnico; corpos sentidos â vivÃncia na famÃlia e comunidade; corpos disciplinados â vivÃncia no serviÃo de saÃde. A compreensÃo do fenÃmeno culminou com o pressuposto elaborado, possibilitando desvelar algumas facetas que significam para os sujeitos-colaboradores transformaÃÃes no seu mundo, ocasionadas pela manutenÃÃo dos episÃdios reacionais, pelas incapacidades fÃsicas instaladas e pelas limitaÃÃes funcionais repercutidas nas atividades laborais e nos aspectos socioeconÃmicos da existÃncia mundana, fortalecendo, assim, o estigma social que permeia a hansenÃase/episÃdios reacionais. Revelou tambÃm a autonomia do cuidado de si enfatizado pelo conhecimento da doenÃa e pelas suas implicaÃÃes; o apoio familiar e comunitÃrio indispensÃvel no modo de lidar com o adoecer e a possibilidade de ressignificar os encontros produtores de vida entre profissionais de saÃde e pessoas acometidas pela hansenÃase/episÃdios reacionais, considerando-se os saberes e as prÃticas existencialmente construÃdas.