MemÃrias da Cantoria: Palavra, Performance e PÃblico
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2009 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC |
Texto Completo: | http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=3049 |
Resumo: | Neste trabalho analiso quais significados a cantoria assume para cantadores e ouvintes, que sob a pressÃo de diferentes formas de comunicaÃÃo e de diversÃo dos âtempos modernosâ, direcionam suas experiÃncias e subjetividades para criaÃÃo e apreensÃo de uma arte que se realiza principalmente por meio da palavra cantada e improvisada ao som da viola. A cantoria, por meio da palavra, da voz do cantador parece possuir o poder de agir, de remexer as lembranÃas dos ouvintes, causando uma sensaÃÃo de prazer e identificaÃÃo com o que està sendo vivido e cantado. Para alcanÃar tais significados focalizo o percurso de maturaÃÃo do cantador, que ganha conformaÃÃo na certeza de possuir um âdomâ que agregado aos aspectos do ambiente social mais amplo desenvolve-se e consagra-se na aceitaÃÃo do pÃblico. PÃblico que à peÃa fundamental na criaÃÃo poÃtica da cantoria. Esses cantadores hoje circulam mais constantemente entre o universo rural e o urbano, mantendo contato com diferentes contextos, linguagens e meios de comunicaÃÃo. Implicando em mudanÃas e atualizaÃÃes no seu fazer poÃtico que, por sua vez, refletem-se na criaÃÃo de estratÃgias para a manutenÃÃo da sua relaÃÃo com o pÃblico, antes marcada predominantemente por uma relaÃÃo corpo-a-corpo e que hoje passa por mediaÃÃes como a do rÃdio, da televisÃo, do CD e DVD, o que aumenta significativamente o alcance da cantoria. As memÃrias de cantadores e ouvintes expressam deslocamentos e ressignificaÃÃes dessa arte, traduzindo um universo poÃtico que reÃne diferentes experiÃncias e tradiÃÃes. Dessa maneira, cantadores e ouvintes vÃo recriando e dando vida à cantoria por ela simbolizar sua forma de comunicaÃÃo com o mundo. Do sertÃo para a cidade, o percurso dos cantadores evoca similaridades que alcanÃam mesmo as geraÃÃes mais novas, os filhos dos sertanejos que viviam do trabalho na roÃa: a certeza de possuÃrem um dom, o convÃvio desde cedo com um universo lÃdico que encontrava nas cantorias, reisados, mamulengos, festas de padroeiras e sambas (forrÃs) seus principais representantes, os preconceitos e o combate ao estereÃtipo de vagabundo amplamente reproduzido no contexto social. Tudo o que, por fim, engendra uma disputa cultural vigente ainda hoje. |
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info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisMemÃrias da Cantoria: Palavra, Performance e PÃblicoMemories of the Cantoria: Word, Performance and Public2009-06-02Ismael de Andrade Pordeus JÃnior20684592720Maria Sulamita de Almeida Vieira05939100368Josà AntÃnio Machado da Silva Pais11111111111Francisco Gilmar Cavalcante de Carvalho04545966349http://lattes.cnpq.br/8585429185807402Elba Braga Ramalho0983486930441925343391http://lattes.cnpq.br/4170222428318949Simone Oliveira de CastroUniversidade Federal do CearÃPrograma de PÃs-GraduaÃÃo em SociologiaUFCBRCantoriaMemÃria Performance PÃblicoMemories Word Performance and Public ANTROPOLOGIANeste trabalho analiso quais significados a cantoria assume para cantadores e ouvintes, que sob a pressÃo de diferentes formas de comunicaÃÃo e de diversÃo dos âtempos modernosâ, direcionam suas experiÃncias e subjetividades para criaÃÃo e apreensÃo de uma arte que se realiza principalmente por meio da palavra cantada e improvisada ao som da viola. A cantoria, por meio da palavra, da voz do cantador parece possuir o poder de agir, de remexer as lembranÃas dos ouvintes, causando uma sensaÃÃo de prazer e identificaÃÃo com o que està sendo vivido e cantado. Para alcanÃar tais significados focalizo o percurso de maturaÃÃo do cantador, que ganha conformaÃÃo na certeza de possuir um âdomâ que agregado aos aspectos do ambiente social mais amplo desenvolve-se e consagra-se na aceitaÃÃo do pÃblico. PÃblico que à peÃa fundamental na criaÃÃo poÃtica da cantoria. Esses cantadores hoje circulam mais constantemente entre o universo rural e o urbano, mantendo contato com diferentes contextos, linguagens e meios de comunicaÃÃo. Implicando em mudanÃas e atualizaÃÃes no seu fazer poÃtico que, por sua vez, refletem-se na criaÃÃo de estratÃgias para a manutenÃÃo da sua relaÃÃo com o pÃblico, antes marcada predominantemente por uma relaÃÃo corpo-a-corpo e que hoje passa por mediaÃÃes como a do rÃdio, da televisÃo, do CD e DVD, o que aumenta significativamente o alcance da cantoria. As memÃrias de cantadores e ouvintes expressam deslocamentos e ressignificaÃÃes dessa arte, traduzindo um universo poÃtico que reÃne diferentes experiÃncias e tradiÃÃes. Dessa maneira, cantadores e ouvintes vÃo recriando e dando vida à cantoria por ela simbolizar sua forma de comunicaÃÃo com o mundo. Do sertÃo para a cidade, o percurso dos cantadores evoca similaridades que alcanÃam mesmo as geraÃÃes mais novas, os filhos dos sertanejos que viviam do trabalho na roÃa: a certeza de possuÃrem um dom, o convÃvio desde cedo com um universo lÃdico que encontrava nas cantorias, reisados, mamulengos, festas de padroeiras e sambas (forrÃs) seus principais representantes, os preconceitos e o combate ao estereÃtipo de vagabundo amplamente reproduzido no contexto social. Tudo o que, por fim, engendra uma disputa cultural vigente ainda hoje. In this work, I analyze what meanings the singing assumes for singers and listeners who, under the pressure of different forms of communication and amusement in the âmodern timesâ, address their experiences and subjectivities for the creation and understanding of an art that takes place mainly through the sung and improvised words to the sound of the viola. The singing, through words, of the singerâs voice seems to have the power to act, to shuffle the memories of the listeners, causing a sensation of pleasure and identification with what is being lived and sung. To reach those meanings, I focus on the maturation route of the singer, who gains configuration by being sure that he/she has a âgiftâ, which added to aspects of the broader social atmosphere, becomes developed and acclaimed before the publicâs acceptance. The public is a fundamental piece in the poetic creation of the singing. Nowadays, those singers circulate more often between the rural and urban universes, having contact with different contexts, languages, and communication means. Thus, causing changes and updates in their poetic performance, which in turn is reflected in the creation of strategies to keep his/her relationship with the public, which used to be more of a body-to-body contact, going through other mediations, such as the radio, TV, CD, and DVD that increase the reach of singing significantly. The memories of singers and listeners express displacements and re-meanings of that art, translating a poetic universe that gathers different experiences and traditions. Thus, singers and listeners go recreating and giving life to singing; because it symbolizes his/her form of communication with the world. From the countryside to the city, the singersâ route evokes similarities that reach even the youngest generations: the children of country parents who used to make a living on plantations certainly own a âgiftâ, and have long lived with a universe of entertainment full of singings, reisados, puppets, patron saint parties and sambas (forrÃs) as the main representatives, prejudices and combats to the wandererâs stereotype thoroughly reproduced in the social context. And at last, it engenders a cultural dispute that is effective until the present time. Conselho Nacional de Desenvolvimento CientÃfico e TecnolÃgicohttp://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=3049application/pdfinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCinstname:Universidade Federal do Cearáinstacron:UFC2019-01-21T11:16:27Zmail@mail.com - |
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In this work, I analyze what meanings the singing assumes for singers and listeners who, under the pressure of different forms of communication and amusement in the âmodern timesâ, address their experiences and subjectivities for the creation and understanding of an art that takes place mainly through the sung and improvised words to the sound of the viola. The singing, through words, of the singerâs voice seems to have the power to act, to shuffle the memories of the listeners, causing a sensation of pleasure and identification with what is being lived and sung. To reach those meanings, I focus on the maturation route of the singer, who gains configuration by being sure that he/she has a âgiftâ, which added to aspects of the broader social atmosphere, becomes developed and acclaimed before the publicâs acceptance. The public is a fundamental piece in the poetic creation of the singing. Nowadays, those singers circulate more often between the rural and urban universes, having contact with different contexts, languages, and communication means. Thus, causing changes and updates in their poetic performance, which in turn is reflected in the creation of strategies to keep his/her relationship with the public, which used to be more of a body-to-body contact, going through other mediations, such as the radio, TV, CD, and DVD that increase the reach of singing significantly. The memories of singers and listeners express displacements and re-meanings of that art, translating a poetic universe that gathers different experiences and traditions. Thus, singers and listeners go recreating and giving life to singing; because it symbolizes his/her form of communication with the world. From the countryside to the city, the singersâ route evokes similarities that reach even the youngest generations: the children of country parents who used to make a living on plantations certainly own a âgiftâ, and have long lived with a universe of entertainment full of singings, reisados, puppets, patron saint parties and sambas (forrÃs) as the main representatives, prejudices and combats to the wandererâs stereotype thoroughly reproduced in the social context. And at last, it engenders a cultural dispute that is effective until the present time. |
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Neste trabalho analiso quais significados a cantoria assume para cantadores e ouvintes, que sob a pressÃo de diferentes formas de comunicaÃÃo e de diversÃo dos âtempos modernosâ, direcionam suas experiÃncias e subjetividades para criaÃÃo e apreensÃo de uma arte que se realiza principalmente por meio da palavra cantada e improvisada ao som da viola. A cantoria, por meio da palavra, da voz do cantador parece possuir o poder de agir, de remexer as lembranÃas dos ouvintes, causando uma sensaÃÃo de prazer e identificaÃÃo com o que està sendo vivido e cantado. Para alcanÃar tais significados focalizo o percurso de maturaÃÃo do cantador, que ganha conformaÃÃo na certeza de possuir um âdomâ que agregado aos aspectos do ambiente social mais amplo desenvolve-se e consagra-se na aceitaÃÃo do pÃblico. PÃblico que à peÃa fundamental na criaÃÃo poÃtica da cantoria. Esses cantadores hoje circulam mais constantemente entre o universo rural e o urbano, mantendo contato com diferentes contextos, linguagens e meios de comunicaÃÃo. Implicando em mudanÃas e atualizaÃÃes no seu fazer poÃtico que, por sua vez, refletem-se na criaÃÃo de estratÃgias para a manutenÃÃo da sua relaÃÃo com o pÃblico, antes marcada predominantemente por uma relaÃÃo corpo-a-corpo e que hoje passa por mediaÃÃes como a do rÃdio, da televisÃo, do CD e DVD, o que aumenta significativamente o alcance da cantoria. As memÃrias de cantadores e ouvintes expressam deslocamentos e ressignificaÃÃes dessa arte, traduzindo um universo poÃtico que reÃne diferentes experiÃncias e tradiÃÃes. Dessa maneira, cantadores e ouvintes vÃo recriando e dando vida à cantoria por ela simbolizar sua forma de comunicaÃÃo com o mundo. Do sertÃo para a cidade, o percurso dos cantadores evoca similaridades que alcanÃam mesmo as geraÃÃes mais novas, os filhos dos sertanejos que viviam do trabalho na roÃa: a certeza de possuÃrem um dom, o convÃvio desde cedo com um universo lÃdico que encontrava nas cantorias, reisados, mamulengos, festas de padroeiras e sambas (forrÃs) seus principais representantes, os preconceitos e o combate ao estereÃtipo de vagabundo amplamente reproduzido no contexto social. Tudo o que, por fim, engendra uma disputa cultural vigente ainda hoje. |
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