Memorial de redonda: reinvenÃÃo e luta na produÃÃo da saÃde dos povos do mar

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Cleilton da Paz Bezerra
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC
Texto Completo: http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=10217
Resumo: O fenÃmeno da interculturalidade como marca dos processos expansivos da globalizaÃÃo tem se revestido de diversas faces na vida coletiva dos povos do mar. A comunidade de Redonda, no municÃpio de Icapuà â CE, tem sido cenÃrio onde tais processos expÃem um alto grau de conflitualidade nas lutas do lugar, construÃdas, nas Ãltimas dÃcadas, pelo direito à terra, à pesca artesanal, à educaÃÃo, à saÃde e a uma lÃgica ambiental distinta daquela trajada pelo turismo. O objetivo deste trabalho foi compreender transformaÃÃes na vida coletiva percebidas pelos povos do mar de Redonda, na interface cultura, educaÃÃo, saÃde e ambiente. Realizou-se uma pesquisa etnogrÃfica, recorrendo-se Ãs descriÃÃes densas com referÃncia em Geertz. Fez-se uso ainda da produÃÃo de autobiografias com base nas narrativas dos sujeitos do lugar: pescadores, marisqueiras, agricultores (as), os mais idosos, as juventudes e a crianÃada do mar, num concerto de vozes plurais. Percebeu-se que a ocupaÃÃo e o povoamento do lugar levaram a formaÃÃo de uma comunidade constituÃda por parentes, que passaram a viver da agricultura familiar, da pesca artesanal e da prÃtica do escambo. A singular interaÃÃo terra-mar fecundou em simbolismos e rituais de cuidado e cura, pautados numa relaÃÃo parceira com a natureza. Os primeiros espaÃos-tempos trouxeram um modo de viver em que a dimensÃo coletiva se sobressaia, no uso do espaÃo comum e nas prÃticas solidÃrias de cuidado. Os lugares de memÃria, com alicerces fincados nos ideÃrios das comunidades eclesiais de base, sÃo tomados como sÃmbolos da resistÃncia do lugar, em que a crenÃa e a religiosidade funcionam como reduto de utopia e, ante as situaÃÃes-limite, provocaram deslocamentos rumo ao inÃdito-viÃvel. A conflitualidade que tem envolvido a pesca da lagosta transformou o mar em espaÃo de competiÃÃo, guerra e morte. Um turismo degradante investe em submeter a relaÃÃo sociedade-natureza aos interesses capitalÃsticos e, por entre-lugares, onde as vulnerabilidades insurgem multifacetadas, as drogas deslizam sorrateiras, compondo um cenÃrio de guerra velada que se aprofunda com a guerra de velas. Observou-se, contudo, que os movimentos populares do lugar produzem um saber sobre saÃde e ensaiam a reinvenÃÃo da resistÃncia mediante a arte. O Grupo Flor do Sol descobre na cenopoesia o empoderamento de sujeitos e a reafirmaÃÃo da diferenÃa Ãtnica e cultural de Redonda. Nas rodas à beira-mar, a educaÃÃo popular, como produÃÃo de saber advindo da arte, desconstrÃi visÃes acabadas de mundo, dentre elas, as que reproduzem as desigualdades nas relaÃÃes de gÃnero e as injustiÃas ambientais. à assim que, nas cenas do teatro, a crÃtica social e a utopia revelam-se como promoÃÃo à saÃde dos povos do mar. Pela via institucional, a esperanÃa ganha, no atual contexto, o tom das redes de atenÃÃo à saÃde e se infiltra nos territÃrios vivos a procura da multidimensionalidade com que esses povos expÃem sua forma de produzir saÃde. Nas teias de significados que tecem a cultura, reafirma-se a produÃÃo da saÃde enquanto produÃÃo da vida. Este estudo evidenciou, portanto, transformaÃÃes que se dÃo na dialÃtica entre ajustamento e resistÃncia e reverberam nas condiÃÃes de vida e saÃde dos povos do mar.
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spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisMemorial de redonda: reinvenÃÃo e luta na produÃÃo da saÃde dos povos do marMemorial Round: reinvention and fight in the production of health of the people of the sea2013-03-27Ãngela Maria Bessa Linhares13659154334http://lattes.cnpq.br/8381361724149467 Maria Rocineide Ferreira da Silva43673570315 http://lattes.cnpq.br/6463145896403157Ana Lucia Aguiar Lopes Leandrohttp://lattes.cnpq.br/484498988223299764234444391http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4204352U4Cleilton da Paz Bezerra Universidade Federal do CearÃPrograma de PÃs-GraduaÃÃo em SaÃde PÃblicaUFCBRculture health education artSAUDE COLETIVAO fenÃmeno da interculturalidade como marca dos processos expansivos da globalizaÃÃo tem se revestido de diversas faces na vida coletiva dos povos do mar. A comunidade de Redonda, no municÃpio de Icapuà â CE, tem sido cenÃrio onde tais processos expÃem um alto grau de conflitualidade nas lutas do lugar, construÃdas, nas Ãltimas dÃcadas, pelo direito à terra, à pesca artesanal, à educaÃÃo, à saÃde e a uma lÃgica ambiental distinta daquela trajada pelo turismo. O objetivo deste trabalho foi compreender transformaÃÃes na vida coletiva percebidas pelos povos do mar de Redonda, na interface cultura, educaÃÃo, saÃde e ambiente. Realizou-se uma pesquisa etnogrÃfica, recorrendo-se Ãs descriÃÃes densas com referÃncia em Geertz. Fez-se uso ainda da produÃÃo de autobiografias com base nas narrativas dos sujeitos do lugar: pescadores, marisqueiras, agricultores (as), os mais idosos, as juventudes e a crianÃada do mar, num concerto de vozes plurais. Percebeu-se que a ocupaÃÃo e o povoamento do lugar levaram a formaÃÃo de uma comunidade constituÃda por parentes, que passaram a viver da agricultura familiar, da pesca artesanal e da prÃtica do escambo. A singular interaÃÃo terra-mar fecundou em simbolismos e rituais de cuidado e cura, pautados numa relaÃÃo parceira com a natureza. Os primeiros espaÃos-tempos trouxeram um modo de viver em que a dimensÃo coletiva se sobressaia, no uso do espaÃo comum e nas prÃticas solidÃrias de cuidado. Os lugares de memÃria, com alicerces fincados nos ideÃrios das comunidades eclesiais de base, sÃo tomados como sÃmbolos da resistÃncia do lugar, em que a crenÃa e a religiosidade funcionam como reduto de utopia e, ante as situaÃÃes-limite, provocaram deslocamentos rumo ao inÃdito-viÃvel. A conflitualidade que tem envolvido a pesca da lagosta transformou o mar em espaÃo de competiÃÃo, guerra e morte. Um turismo degradante investe em submeter a relaÃÃo sociedade-natureza aos interesses capitalÃsticos e, por entre-lugares, onde as vulnerabilidades insurgem multifacetadas, as drogas deslizam sorrateiras, compondo um cenÃrio de guerra velada que se aprofunda com a guerra de velas. Observou-se, contudo, que os movimentos populares do lugar produzem um saber sobre saÃde e ensaiam a reinvenÃÃo da resistÃncia mediante a arte. O Grupo Flor do Sol descobre na cenopoesia o empoderamento de sujeitos e a reafirmaÃÃo da diferenÃa Ãtnica e cultural de Redonda. Nas rodas à beira-mar, a educaÃÃo popular, como produÃÃo de saber advindo da arte, desconstrÃi visÃes acabadas de mundo, dentre elas, as que reproduzem as desigualdades nas relaÃÃes de gÃnero e as injustiÃas ambientais. à assim que, nas cenas do teatro, a crÃtica social e a utopia revelam-se como promoÃÃo à saÃde dos povos do mar. Pela via institucional, a esperanÃa ganha, no atual contexto, o tom das redes de atenÃÃo à saÃde e se infiltra nos territÃrios vivos a procura da multidimensionalidade com que esses povos expÃem sua forma de produzir saÃde. Nas teias de significados que tecem a cultura, reafirma-se a produÃÃo da saÃde enquanto produÃÃo da vida. Este estudo evidenciou, portanto, transformaÃÃes que se dÃo na dialÃtica entre ajustamento e resistÃncia e reverberam nas condiÃÃes de vida e saÃde dos povos do mar.The intercultural nature of the expansive processes of globalization is reflected in many aspects of the collective life of the peoples of the sea. In the community of Redonda, Icapuà (CearÃ, Northeastern Brazil), these processes have over the past decades raised the level of conflict over land rights, subsistence fishing, education and health and placed the aboriginal environmental outlook at odds with the dictates of tourism. The purpose of this study was to understand the transformations in collective life as perceived by the peoples of the sea in Redonda with regard to the interface between culture, education, health and environment. The research was ethnographic, with in-depth descriptions based on Geertz. Autobiographies were produced from the narratives of the local residents, including fishermen, shellfish gatherers, farmers, seniors, youths and children. The early settlement of Redonda produced a community consisting of closely related families living off subsistence agriculture, fishing and barter. The unique land/sea interaction of Redonda led to the emergence of a treasury of symbolism and rituals of care and cure in harmony with nature. Originally, life in the community emphasized the collective dimension, the use of common space and solidary practices of care. Underpinned by the principles of the basic ecclesial communities, the local sites of memory have become symbols of resistance where belief and religiosity provide a setting for utopian thought and, under extreme circumstances, a movement towards the novel-but-feasible. Tensions involving lobster fishing have transformed the sea into a battle field of competition, war and death. A degrading form of tourism attempts to submit to capitalist interests the relation between society and nature while multifaceted vulnerabilities are deepened as drug addiction encroaches insidiously on the community, creating a scenario of silent war reinforced by the conflicts at sea. However, local popular movements are producing a body of health knowledge and entertaining the prospect of reinventing resistance through art. The drama troupe âFlor do Solâ has found in stage poetry a form of empowerment and reaffirmation of the ethnic and cultural uniqueness of Redonda. In gatherings by the seashore, popular education, such as the production of knowledge through art, deconstructs prefabricated world views tied up with gender inequalities and environmental injustice. On stage, social critique and utopia are expressed in the form of health promotion for the peoples of the sea. Institutionally, in the present context, hope acquires the characteristics of the public health care networks and infiltrates the living territories in search for the multidimensionality which distinguishes the health production of the peoples of the sea. In the web of meaning with which culture is woven, the production of health is reaffirmed as production of life. The study reveals the transformations which occur in the dialectic between adjustment and resistance and which reverberate in the conditions of life of the peoples of the sea.http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=10217application/pdfinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCinstname:Universidade Federal do Cearáinstacron:UFC2019-01-21T11:23:13Zmail@mail.com -
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