ExposiÃÃo a agrotÃxicos e fertilizantes quÃmicos: agravos à saÃde dos trabalhadores no agronegÃcio do abacaxi, em Limoeiro do Norte-CE

• Autor(a) principal: Severino Ferreira Alexandre
• Data de Publicação: 2009
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC
• Texto Completo: http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=7901
• topic: pesticides; occupational health; fertilizers; Pesticides; SAUDE COLETIVA

O uso intensivo de agrotÃxicos e fertilizantes ocasiona danos ambientais e intoxicaÃÃo humana. Em humanos, essa intoxicaÃÃo se manifesta por vÃrios sinais e sintomas. No municÃpio de Limoeiro do Norte-CE, os trabalhadores do agronegÃcio do abacaxi queixam-se de problemas de saÃde devido à exposiÃÃo aos agroquÃmicos em suas atividades laborais. O objetivo deste estudo à caracterizar os agravos à saÃde humana entre os trabalhadores do agronegÃcio do abacaxi expostos ao uso de agrotÃxico-fertilizantes quÃmicos no municÃpio de Limoeiro do Norte, localizado no Vale do Jaguaribe-CE. Trata-se de um estudo transversal, descritivo, com amostragem intencional, composta de 75 pessoas mobilizadas por redes sociais, utilizando abordagem metodolÃgica quantitativa e qualitativa. Realizou-se a aplicaÃÃo de um formulÃrio estruturado, contendo dados socioeconÃmicos, hÃbitos de vida, histÃria pregressa familiar, caracterizaÃÃo do trabalho, exposiÃÃo do trabalhador, orientaÃÃes para o trabalhador em Ãrea de uso de agrotÃxicos e medidas de controle do risco adotadas pela empresa, relaÃÃes de trabalho, caracterizaÃÃo clÃnico-toxicolÃgica, histÃria clÃnica e exame fÃsico. O processamento dos dados ocorreu no Ele info 6, versÃo 6.04 d, e a anÃlise, no Stata, versÃo 9, considerando intervalo de confianÃa de 95% e valor de P < 0,05. Pela complexidade do objeto em estudo, realizou-se abordagem qualitativa, efetivando-se uma visita a uma empresa do agronegÃcio e dois grupos focais. Para interpretaÃÃo dos sentidos atribuÃdos pelos informantes ao fenÃmeno investigado, foi realizada uma leitura aprofundada das falas nos grupos focais. A amostra à caracterizada por adultos jovens, do sexo masculino, com faixa etÃria entre 19 e 43 anos, renda familiar de 1 a 2 salÃrios mÃnimos em 80,3%. Houve negatividade de 88,0% e de 44,0% para o uso de tabaco e bebida alcoÃlica respectivamente. Cerca de 50,6% dos trabalhadores rurais entrevistados tinham mais de 13 anos de atividade laboral na agricultura e, destes, 82,6% eram assalariados, tendo de 1 a 4 anos na empresa. Entre os entrevistados, 94,6% afirmaram contato com os agrotÃxicos/fertilizantes, sendo que 56,6% consideraram ser indireto. A quase totalidade (98,6%) considerou que o contato poderia causar mal à saÃde, 68,0% nÃo souberam dizer a qual agrotÃxico foram expostos, e 48,0% a qual fertilizante. Dos trabalhadores, 64,0% afirmaram ter algum problema de saÃde, sendo que 34,7% referem de 1-4 sintomas e 18,7% entre 5 e 8 sintomas. Os problemas de saÃde relacionados a sintomas gerais foram 67,0%: 63,0% neurolÃgicos e 59,0% oculares. A cefaleia foi referida por 31,0%, e o ardor ocular, por 45,0%. Os exames de colinesterase plasmÃtica apresentaram-se todos normais; as alteraÃÃes das provas de funÃÃes hepÃticas foram de 53,0%; 13,0% de TGO, 23,5% da TGP e 14,7% de Gama GT. Para a Gama GT, foram observados valores de 107 U/L a 329 U/L em dois trabalhadores. Os valores da FA acima do normal foram em 19,0% dos exames analisados. Entre as bilirrubinas, destacou-se a BD, com 13,0% acima dos valores considerados normais. Clinicamente, foram encontradas doenÃas da pele em 28,0% da amostragem; queixas respiratÃrias em 11,0%; queixas osteomusculares em 18,0% e hipertensÃo de grau leve em 6,7%. As queixas clÃnicas associadas aos sinais e sintomas referidos e alteraÃÃes de alguns exames laboratoriais dos entrevistados sÃo de intoxicaÃÃo crÃnicas e/ou agudas. Portanto a exposiÃÃo a agrotÃxico e a fertilizantes pode causar agravos à saÃde dos trabalhadores do agronegÃcio do abacaxi em Limoeiro do Norte-CE. Estudos prospectivos visando a mensurar o impacto dos agroquÃmicos na vida dos trabalhadores e no sistema de saÃde se fazem necessÃrios.