Vocalizações defensivas da lagartixa Hemidactylus agrius (Gekkota, Gekkonidae) no semiárido brasileiro

• Autor(a) principal: Alves, Maria Eduarda Lima
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Digital da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (RDU)
• Texto Completo: https://repositorio.ufersa.edu.br/handle/prefix/9227
• topic: CNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS::ECOLOGIA; Bioacústica; Distress Call; Comunicação defensiva; Comportamento antipredatório; Caatinga; Hemidactylus agrius

Lagartos da linhagem Gekkota podem apresentar um vasto repertório para comunicação acústica inter e intraespecífica. No contexto antipredatório, os cantos podem assustar ou intimidar o predador, evitando a predação (canto de alerta) ou ainda comunicar para outros lagartos sobre o risco de predação (canto de alarme). Além do pouco conhecimento sobre como os cantos antipredatórios podem beneficiar os lagartos, muitas espécies sequer possuem seus cantos defensivos descritos. Como é o caso da lagartixa Hemidactylus agrius (Gekkota, Gekkonidae), que ocorre amplamente na Caatinga. Nesse sentido, o objetivo deste estudo foi descrever as vocalizações defensivas da lagartixa Hemidactylus agrius em contexto que simula a predação. Os lagartos foram capturados em campo e gravados em laboratório, sendo estimulados de forma padronizada por um mesmo pesquisador, girando o corpo do indivíduo continuamente em torno do eixo longitudinal com a ponta dos dedos. Cada gravação foi analisada quanto a parâmetros acústicos temporais e espectrais. Utilizamos a mediana como medida de tendência central para descrever os cantos. Registramos um total de 405 cantos emitidos por 23 indivíduos. Hemidactylus agrius possui um repertório acústico de defesa formado por seis tipos de cantos simples modulados e não modulados, além de cantos complexos formado pela combinação de notas semelhantes às dos cantos simples. Os cantos simples e complexos apresentaram diferenças principalmente relacionadas a duração, sendo os cantos complexos mais longos. As frequências fundamental e dominante foram semelhantes entre simples e complexos, mas a fundamental foi significativamente maior em cantos formados por pulsos (claramente contáveis) simples. A amplitude de frequência diferiu entre os diferentes tipos e entre outros lagartos do gênero Hemidactylus, sugerimos assim que o canto possa servir para uma comunicação mais direcionada ou ser um canto de alarme. Apesar de algumas diferenças, as estruturas espectrais dos cantos de H. agrius apresentaram semelhanças com vocalizações defensivas de outros gecos. Utilizando uma amostragem robusta e sistematizada, encontramos que Hemidactylus agrius possui um diversificado repertório de cantos defensivos e contribuímos para a ampliação do conhecimento sobre a comunicação acústica para os lagartos do semiárido brasileiro e lagartos Gekkota como todo.