A violência obstétrica na formação médica à luz das vivências e percepções de acadêmicos de medicina
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Trabalho de conclusão de curso |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Digital da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (RDU) |
Texto Completo: | https://repositorio.ufersa.edu.br/handle/prefix/12009 |
Resumo: | Introdução A violência obstétrica é uma realidade existente em diversos países do mundo e trata-se de um compilado de abusos e negligências realizadas por equipes de saúde com as mulheres durante o ciclo gravídico-puerperal. Inclui desde práticas ultrapassadas e desaconselhadas pela comunidade científica, até falas e julgamentos discriminatórios e ações sem consentimento, atitudes que colocam a gestante, parturiente e puérpera em situações de desrespeito e sofrimento, infringindo seu direito à saúde e gerando, por vezes, danos físicos e psicológicos irreparáveis. Atos de Violência Obstétrica podem ser assimilados ou contestados desde a formação médica, a depender de como conhecimentos, habilidades e atitudes são construídas. Objetivo O estudo objetivou analisar as percepções dos estudantes de medicina quanto às práticas de VO. Metodologia Para tal, foi realizada uma pesquisa qualitativa, a partir da realização de 14 entrevistas individuais com acadêmicos de medicina que estavam a cursar os 3 últimos anos da graduação, nas universidades públicas da cidade de Mossoró, Rio Grande do Norte: a Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA) e da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN), durante o período de julho de 2022 a abril de 2023. Resultados Estudantes de medicina têm vivenciado a prática profissional em cenários atravessados pela violência obstétrica. São cenários institucionais marcados pela não utilização de protocolos clínicos e/ou diretrizes terapêuticas, principalmente quanto à realização de cesarianas, pela institucionalização da banalização da dor e pela limitada autonomia das pacientes. A busca por produtividade, a formação tecnicista e desatualização técnica dos profissionais foram identificados como sendo os principais aspectos relacionados à Violência Obstétrica. Constatou-se que o tema é abordado de forma tímida na formação e que as competências construídas são insuficientes para que os futuros médicos e médicas possam reverter o cenário de violências obstétricas instituído. Considerações Finais. A Violência Obstétrica está institucionalizada nos cenários investigados, contribuindo para o cerceamento da autodeterminação e da autonomia da mulher sobre sua sexualidade e seu próprio corpo. A formação médica deve pautar a Violência Obstétrica de maneira que os profissionais saibam agir e sintam o dever de agir perante situações de Violência Obstétrica na sua prática médica futura. |
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A violência obstétrica na formação médica à luz das vivências e percepções de acadêmicos de medicinaCIENCIAS DA SAUDE::MEDICINAViolência obstétricaViolência contra a mulherAtenção à saúdeDireito à saúdeFormação profissional em saúdeObstetric violenceViolence against womenHealth careRight to healthProfessional health trainingIntrodução A violência obstétrica é uma realidade existente em diversos países do mundo e trata-se de um compilado de abusos e negligências realizadas por equipes de saúde com as mulheres durante o ciclo gravídico-puerperal. Inclui desde práticas ultrapassadas e desaconselhadas pela comunidade científica, até falas e julgamentos discriminatórios e ações sem consentimento, atitudes que colocam a gestante, parturiente e puérpera em situações de desrespeito e sofrimento, infringindo seu direito à saúde e gerando, por vezes, danos físicos e psicológicos irreparáveis. Atos de Violência Obstétrica podem ser assimilados ou contestados desde a formação médica, a depender de como conhecimentos, habilidades e atitudes são construídas. Objetivo O estudo objetivou analisar as percepções dos estudantes de medicina quanto às práticas de VO. Metodologia Para tal, foi realizada uma pesquisa qualitativa, a partir da realização de 14 entrevistas individuais com acadêmicos de medicina que estavam a cursar os 3 últimos anos da graduação, nas universidades públicas da cidade de Mossoró, Rio Grande do Norte: a Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA) e da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN), durante o período de julho de 2022 a abril de 2023. Resultados Estudantes de medicina têm vivenciado a prática profissional em cenários atravessados pela violência obstétrica. São cenários institucionais marcados pela não utilização de protocolos clínicos e/ou diretrizes terapêuticas, principalmente quanto à realização de cesarianas, pela institucionalização da banalização da dor e pela limitada autonomia das pacientes. A busca por produtividade, a formação tecnicista e desatualização técnica dos profissionais foram identificados como sendo os principais aspectos relacionados à Violência Obstétrica. Constatou-se que o tema é abordado de forma tímida na formação e que as competências construídas são insuficientes para que os futuros médicos e médicas possam reverter o cenário de violências obstétricas instituído. Considerações Finais. A Violência Obstétrica está institucionalizada nos cenários investigados, contribuindo para o cerceamento da autodeterminação e da autonomia da mulher sobre sua sexualidade e seu próprio corpo. A formação médica deve pautar a Violência Obstétrica de maneira que os profissionais saibam agir e sintam o dever de agir perante situações de Violência Obstétrica na sua prática médica futura.Introduction: Obstetric violence is a reality in several countries around the world and it is a compilation of abuses and negligence carried out by health teams with women during the pregnancy-puerperal cycle. It ranges from outdated practices advised against by the scientific community, to discriminatory speeches and judgments and actions without consent, attitudes that place pregnant women, parturients and puerperal women in situations of disrespect and suffering, infringing their right to health and sometimes causing physical damage and irreparable psychological. Acts of Obstetric Violence can be assimilated or contested since medical training, depending on how knowledge, skills and attitudes are constructed. Objective: The study aimed to analyze the experiences of medical students regarding VO practices. Methodology: To this end, a qualitative research was carried out, based on 14 individual interviews with medical students who were attending the last 3 years of graduation, at public universities in the city of Mossoró, Rio Grande do Norte: the Federal Rural University of the Semi-arid Region (UFERSA) and the State University of Rio Grande do Norte (UERN), from July 2022 to April 2023. Results: Medical students have experienced professional practice in scenarios crossed by obstetric violence. These are institutional scenarios marked by the non-use of clinical protocols and/or therapeutic guidelines, mainly regarding the performance of cesarean sections, by the institutionalization of the trivialization of pain and by the limited autonomy of patients. The search for productivity, technical training and technical outdatedness of professionals were identified as the main aspects related to Obstetric Violence. It was found that the subject is approached timidly in training and that the skills built are insufficient for future doctors to reverse the established scenario of obstetric violence. Final considerations: Obstetric Violence is institutionalized in the investigated scenarios, contributing to the restriction of women's self-determination and autonomy over their sexuality and their own bodies. Medical training should guide Obstetric Violence so that professionals know how to act and feel the duty to act in situations of Obstetric Violence in their future medical practice.49 f.Centro de Ciências Biológicas e da Saúde - CCBSBrasilUFERSAUniversidade Federal Rural do Semi- ÁridoSilva, Jennifer do Vale eSilva, Jennifer do Vale eSouza, Lázaro Fabrício de FrançaRodrigues, Hugo Marcus Aguiar de MeloSouto, Rafaella2024-11-06T20:18:20Z2024-11-06T20:18:20Z2023-05-05info:eu-repo/semantics/bachelorThesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionpdfapplication/pdfSOUTO, Rafaella Dutra. A violência obstétrica na formação médica à luz das vivências e percepções de acadêmicos de medicina. 2023. 49 f. TCC (Graduação em Medicina) - Universidade Federal Rural do Semiarido, Mossoró, 2023.https://repositorio.ufersa.edu.br/handle/prefix/12009Mossoróinfo:eu-repo/semantics/openAccessUFERSAAttribution-ShareAlike 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/br/porreponame:Repositório Digital da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (RDU)instname:Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)instacron:UFERSA2024-11-11T20:38:19Zoai:repositorio.ufersa.edu.br:prefix/12009Repositório Institucionalhttps://repositorio.ufersa.edu.br/PUBhttps://repositorio.ufersa.edu.br/server/oai/requestrepositorio@ufersa.edu.br || admrepositorio@ufersa.edu.bropendoar:2024-11-11T20:38:19Repositório Digital da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (RDU) - Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)false |
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