SOBRE O SORRISO E A IGNORÂNCIA: SENDAS DO ENSINO DE LITERATURA
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Contexto: Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras |
Texto Completo: | https://periodicos.ufes.br/contexto/article/view/43367 |
Resumo: | Neste artigo, apresentamos uma reflexão sobre dois aspectos que se configuram no ensino de literatura como sendas, termo que é tanto caminho estreito quanto hábito, costume. O sorriso e a ignorância são elementos fundamentais a assentar o trajeto que une leitor e texto, mas podem passar desapercebidos precisamente por estarem tão enraizados em nossas práticas de leitura. No entanto, quando a pandemia revira todo o conhecido, ambos ficam expostos como rastros de um cotidiano desaparecido. Nas aulas de literatura remotas, sentimos falta do sorriso oculto pelas máscaras e pelas câmeras desligadas e das dúvidas antes compartilhadas nos encontros e intervalos. A ausência daquilo que parecia secundário e natural nas aulas passou a exigir um novo modo de pensar a literatura, de ensinar e, além disso, de fazer pesquisa na área. Para refletir sobre isso, dialogamos especialmente com O mestre ignorante de Jacques Rancière (2002) e On Not Knowing: How to Love and Other Essays de Emily Ogden (2022) de modo a propor uma leitura de O filho de mil homens de Valter Hugo Mãe (2011), obra que ocupou lugar central nas aulas ocorridas durante a pandemia. A partir desse recorte, defendemos o sorriso e a ignorância como valiosas manifestações de vulnerabilidade e instrumentos de leitura tanto do texto quanto da vida. PALAVRAS-CHAVE: Ensino. Ignorância. Sorriso. Valter Hugo Mãe. ON SMILE AND IGNORANCE: PATHS OF LITERATURE TEACHING ABSTRACT: In this paper, it is presented a reflection on two aspects that are configured in the teaching of literature as "sendas”, a term that is both a narrow path and a habit, a custom. The smile and ignorance are fundamental elements that establish the path that unites reader and text, but they can go unnoticed precisely because they are so rooted in our reading practices. However, when the pandemic overturns everything known, both are exposed as traces of a disappeared everyday life. In remote literature classes, we miss the smile hidden by masks and off cameras and the doubts previously shared in meetings and breaks. The absence of what seemed secondary and natural in the classroom began to demand a new way of thinking about literature, the role of the teacher and, moreover, the way of doing research in the area. To reflect on this, we dialogue especially with The Ignorant Schoolmaster by Jacques Rancière (2002) and On Not Knowing: How to Love and Other Essays by Emily Ogden (2022) in order to propose a reading of O filho de mil homens by Valter Hugo Mãe (2011), a book that occupied a central place in the classes that took place during the pandemic. From this perspective, we defend the smile and ignorance as valuable manifestations of vulnerability and tools for reading both the text and life. KEYWORDS: Teaching. Ignorance. Smile. Valter Hugo Mãe. |
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SOBRE O SORRISO E A IGNORÂNCIA: SENDAS DO ENSINO DE LITERATURANeste artigo, apresentamos uma reflexão sobre dois aspectos que se configuram no ensino de literatura como sendas, termo que é tanto caminho estreito quanto hábito, costume. O sorriso e a ignorância são elementos fundamentais a assentar o trajeto que une leitor e texto, mas podem passar desapercebidos precisamente por estarem tão enraizados em nossas práticas de leitura. No entanto, quando a pandemia revira todo o conhecido, ambos ficam expostos como rastros de um cotidiano desaparecido. Nas aulas de literatura remotas, sentimos falta do sorriso oculto pelas máscaras e pelas câmeras desligadas e das dúvidas antes compartilhadas nos encontros e intervalos. A ausência daquilo que parecia secundário e natural nas aulas passou a exigir um novo modo de pensar a literatura, de ensinar e, além disso, de fazer pesquisa na área. Para refletir sobre isso, dialogamos especialmente com O mestre ignorante de Jacques Rancière (2002) e On Not Knowing: How to Love and Other Essays de Emily Ogden (2022) de modo a propor uma leitura de O filho de mil homens de Valter Hugo Mãe (2011), obra que ocupou lugar central nas aulas ocorridas durante a pandemia. A partir desse recorte, defendemos o sorriso e a ignorância como valiosas manifestações de vulnerabilidade e instrumentos de leitura tanto do texto quanto da vida. PALAVRAS-CHAVE: Ensino. Ignorância. Sorriso. Valter Hugo Mãe. ON SMILE AND IGNORANCE: PATHS OF LITERATURE TEACHING ABSTRACT: In this paper, it is presented a reflection on two aspects that are configured in the teaching of literature as "sendas”, a term that is both a narrow path and a habit, a custom. The smile and ignorance are fundamental elements that establish the path that unites reader and text, but they can go unnoticed precisely because they are so rooted in our reading practices. However, when the pandemic overturns everything known, both are exposed as traces of a disappeared everyday life. In remote literature classes, we miss the smile hidden by masks and off cameras and the doubts previously shared in meetings and breaks. The absence of what seemed secondary and natural in the classroom began to demand a new way of thinking about literature, the role of the teacher and, moreover, the way of doing research in the area. To reflect on this, we dialogue especially with The Ignorant Schoolmaster by Jacques Rancière (2002) and On Not Knowing: How to Love and Other Essays by Emily Ogden (2022) in order to propose a reading of O filho de mil homens by Valter Hugo Mãe (2011), a book that occupied a central place in the classes that took place during the pandemic. From this perspective, we defend the smile and ignorance as valuable manifestations of vulnerability and tools for reading both the text and life. KEYWORDS: Teaching. Ignorance. Smile. Valter Hugo Mãe.Programa de Pós-Graduação em Letras da UFES2023-12-29info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://periodicos.ufes.br/contexto/article/view/4336710.47456/contexto.v2i44.43367Contexto - Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFES; v. 2 n. 44 (2023): Literatura e leitura na pandemia de covid-19; 76-91Contexto; Vol. 2 No. 44 (2023): Literatura e leitura na pandemia de covid-19; 76-91Contexto; Vol. 2 Núm. 44 (2023): Literatura e leitura na pandemia de covid-19; 76-912358-95661519-0544reponame:Contexto: Revista do Programa de Pós-Graduação em Letrasinstname:Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)instacron:UFESporhttps://periodicos.ufes.br/contexto/article/view/43367/29287Copyright (c) 2023 Patricia Trindade Nakagomehttps://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/info:eu-repo/semantics/openAccessNakagome, Patricia Trindade2023-12-29T12:22:03Zoai:periodicos.ufes.br:article/43367Revistahttps://periodicos.ufes.br/contexto/indexPUBhttps://periodicos.ufes.br/contexto/oairevistacontexto.ppgl@gmail.com2358-95662358-9566opendoar:2023-12-29T12:22:03Contexto: Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras - Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)false |
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Neste artigo, apresentamos uma reflexão sobre dois aspectos que se configuram no ensino de literatura como sendas, termo que é tanto caminho estreito quanto hábito, costume. O sorriso e a ignorância são elementos fundamentais a assentar o trajeto que une leitor e texto, mas podem passar desapercebidos precisamente por estarem tão enraizados em nossas práticas de leitura. No entanto, quando a pandemia revira todo o conhecido, ambos ficam expostos como rastros de um cotidiano desaparecido. Nas aulas de literatura remotas, sentimos falta do sorriso oculto pelas máscaras e pelas câmeras desligadas e das dúvidas antes compartilhadas nos encontros e intervalos. A ausência daquilo que parecia secundário e natural nas aulas passou a exigir um novo modo de pensar a literatura, de ensinar e, além disso, de fazer pesquisa na área. Para refletir sobre isso, dialogamos especialmente com O mestre ignorante de Jacques Rancière (2002) e On Not Knowing: How to Love and Other Essays de Emily Ogden (2022) de modo a propor uma leitura de O filho de mil homens de Valter Hugo Mãe (2011), obra que ocupou lugar central nas aulas ocorridas durante a pandemia. A partir desse recorte, defendemos o sorriso e a ignorância como valiosas manifestações de vulnerabilidade e instrumentos de leitura tanto do texto quanto da vida. PALAVRAS-CHAVE: Ensino. Ignorância. Sorriso. Valter Hugo Mãe. ON SMILE AND IGNORANCE: PATHS OF LITERATURE TEACHING ABSTRACT: In this paper, it is presented a reflection on two aspects that are configured in the teaching of literature as "sendas”, a term that is both a narrow path and a habit, a custom. The smile and ignorance are fundamental elements that establish the path that unites reader and text, but they can go unnoticed precisely because they are so rooted in our reading practices. However, when the pandemic overturns everything known, both are exposed as traces of a disappeared everyday life. In remote literature classes, we miss the smile hidden by masks and off cameras and the doubts previously shared in meetings and breaks. The absence of what seemed secondary and natural in the classroom began to demand a new way of thinking about literature, the role of the teacher and, moreover, the way of doing research in the area. To reflect on this, we dialogue especially with The Ignorant Schoolmaster by Jacques Rancière (2002) and On Not Knowing: How to Love and Other Essays by Emily Ogden (2022) in order to propose a reading of O filho de mil homens by Valter Hugo Mãe (2011), a book that occupied a central place in the classes that took place during the pandemic. From this perspective, we defend the smile and ignorance as valuable manifestations of vulnerability and tools for reading both the text and life. KEYWORDS: Teaching. Ignorance. Smile. Valter Hugo Mãe. |
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