“Não extrativismo” epistêmico: desafios à investigação científica crítica
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Antropolítica (Online) |
Texto Completo: | https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/41818 |
Resumo: | A partir da crítica pós-colonial, ganharam espaço as etnografias enfocando outras vozes, subjetividades e perspectivas, apoiadas, principalmente, em propostas teóricas sociais oriundas de paisagens distantes dos centros europeus e norte-americanos de produção de saber. Essas epistemologias do Sul global têm em comum partirem do testemunho e da experiência de marginalidade, subalternidade e subjugação, de onde emergem novos sujeitos políticos, nova autoridade discursiva e representação cultural. Essa perspectiva desafia as narrativas hegemônicas e amplia o interesse no uso da memória e história oral como metodologia de pesquisa, promovendo um crescente interesse em estabelecer as relações entre história, memória, saber e poder. Assim, são ampliadas as reflexões acerca das responsabilidades éticas e políticas da etnografia e do trabalho de campo, ao mesmo tempo em que se veem transformadas asrelações autor/objeto/leitor, uma vez que os “sujeitos de pesquisa” passam, eles próprios, a pesquisar, escrever e reclamam ser representados na “história”. O extrativismo como característica das sociedades formadas na lógica do imperialismo, capitalismo, colonialismo e patriarcado, que subjugou povos como recursos a serem explorados, se estende ao saber e a ciência moderna tem suas origens no “extrativismo epistêmico”. Tal constatação torna ainda maior o desafio de realizar investigação científica e produzir conhecimento crítico assumindo viver responsavelmente o compromisso de que a alternativa ao extrativismo é a reciprocidade profunda, o que implica um intercâmbio justo nas relações entreseres humanos e nas relações entre humanos e não humanos. |
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