Os canais de reprodução da financeirização ao nível das firmas não-financeiras: as particularidades do caso brasileiro após o plano real.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Centeno, Vinicius da Silva
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: http://app.uff.br/riuff/handle/1/27147
Resumo: Esta dissertação oferece uma interpretação acerca da forma pela qual a singularidade do processo de financeirização no Brasil, resultante do contexto macroeconômico e institucional que se configurou a partir do Plano Real, moldou os canais de reprodução da financeirização no âmbito das empresas não-financeiras (ENF). Após apresentar o estatuto teórico da agenda de pesquisa em financeirização, foram sistematizadas as principais implicações da financeirização das empresas a partir de três canais de reprodução identificados na bibliografia internacional, que são: i) estratégia corporativa voltada a maximizar o valor do acionista (MSV); ii) aplicação de recursos em ativos financeiros; iii) endividamento e fragilidade financeira. No limite, a principal consequência decorrente da financeirização no âmbito das firmas não-financeiras se refere ao constrangimento do investimento produtivo, o que implica em efeitos deletérios ao funcionamento da economia e no agregado da atividade econômica como um todo. No caso particular do Brasil, observou-se que o arcabouço institucional implementado partir dos anos 1990, que sustenta os moldes do funcionamento do capitalismo brasileiro, foi construído a fim de atender aos interesses da riqueza financeira. A construção de indicadores agregados de financeirização captou um crescimento expressivo e contínuo dos ativos financeiros não-monetários em relação ao estoque de capital fixo produtivo. As reformas liberalizantes, a ausência de controle de capitais e as regras fiscais de ajuste pelo resultado têm sua expressão na austeridade fiscal e nas taxas reais de juros historicamente elevadas, condições que sustentam o padrão de acumulação financeira desde o Plano Real e da implementação do tripé macroeconômico. Assim, entende-se que a singularidade do processo de financeirização no Brasil moldou os canais de reprodução da financeirização das firmas com características que diferem do observado em países desenvolvidos. A partir de um exercício empírico utilizando dados contábeis de 487 grandes empresas não-financeiras de capital aberto no Brasil nos anos 2010, analisou-se o comportamento das companhias em uma economia financeirizada. A análise dos resultados identifica características da maior atratividade e importância dos investimentos de portfólio e da fragilidade financeira enquanto canais de reprodução da financeirização das firmas não-financeiras no Brasil. Por outro lado, argumenta-se que a gestão corporativa voltada a priorizar o acionista, característica marcante da financeirização em economias com mercados de ações amplos, não é uma estratégia corporativa disseminada no Brasil, estando restrita a um grupo pequeno de grandes empresas.
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Após apresentar o estatuto teórico da agenda de pesquisa em financeirização, foram sistematizadas as principais implicações da financeirização das empresas a partir de três canais de reprodução identificados na bibliografia internacional, que são: i) estratégia corporativa voltada a maximizar o valor do acionista (MSV); ii) aplicação de recursos em ativos financeiros; iii) endividamento e fragilidade financeira. No limite, a principal consequência decorrente da financeirização no âmbito das firmas não-financeiras se refere ao constrangimento do investimento produtivo, o que implica em efeitos deletérios ao funcionamento da economia e no agregado da atividade econômica como um todo. No caso particular do Brasil, observou-se que o arcabouço institucional implementado partir dos anos 1990, que sustenta os moldes do funcionamento do capitalismo brasileiro, foi construído a fim de atender aos interesses da riqueza financeira. A construção de indicadores agregados de financeirização captou um crescimento expressivo e contínuo dos ativos financeiros não-monetários em relação ao estoque de capital fixo produtivo. As reformas liberalizantes, a ausência de controle de capitais e as regras fiscais de ajuste pelo resultado têm sua expressão na austeridade fiscal e nas taxas reais de juros historicamente elevadas, condições que sustentam o padrão de acumulação financeira desde o Plano Real e da implementação do tripé macroeconômico. Assim, entende-se que a singularidade do processo de financeirização no Brasil moldou os canais de reprodução da financeirização das firmas com características que diferem do observado em países desenvolvidos. A partir de um exercício empírico utilizando dados contábeis de 487 grandes empresas não-financeiras de capital aberto no Brasil nos anos 2010, analisou-se o comportamento das companhias em uma economia financeirizada. A análise dos resultados identifica características da maior atratividade e importância dos investimentos de portfólio e da fragilidade financeira enquanto canais de reprodução da financeirização das firmas não-financeiras no Brasil. Por outro lado, argumenta-se que a gestão corporativa voltada a priorizar o acionista, característica marcante da financeirização em economias com mercados de ações amplos, não é uma estratégia corporativa disseminada no Brasil, estando restrita a um grupo pequeno de grandes empresas.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorThis master's thesis offers an interpretation of the way in which the uniqueness of the financialization process in Brazil, stemmed from the macroeconomic and institutional context set from the Real Plan, shaped the financialization reproduction channels within the scope of non-financial companies (NFC). After presenting the theoretical foundations of the financialization research agenda, the main implications of the financialization of NFCs were systematized by three channels identified in the international bibliography, which are: i) corporate strategy aimed at maximizing shareholder value (MSV); ii) crowd out of investment in fixed assets towards financial assets; iii) indebtedness and financial fragility. The main consequence resulting from financialization of non-financial firms refers to the constraint of productive investment, which implies deleterious effects on the functioning of the economy and on the aggregate of economic activity in general. In the particular case of Brazil, it was observed that the institutional arrangement implemented since the 1990s, which shapes the functioning of Brazilian capitalism, was built in order to serve the interests of finance. The construction of aggregate financialization indicators captured an expressive and continuous growth of non-monetary financial assets in relation to the productive capital stock. The liberalizing reforms, the absence of capital control and the fiscal rules of adjustment by the result have their expression in the fiscal austerity and in the historically high real interest rates, conditions that support the pattern of financial accumulation since the Real Plan and the implementation of the macroeconomic "tripod". Thus, it is understood that the singularity of the financialization process in Brazil shaped the channels by which financialization is reproduced within firms with features that differ from those observed in developed countries. From an empirical exercise using balance-sheet data from 487 large publicly traded non-financial companies in Brazil in the years 2010, the behavior of companies in a financialized economy was analyzed. The analysis of the results identifies characteristics of the greater attractiveness and importance of portfolio investments and financial fragility as channels of financialization of non-financial firms in Brazil. On the other hand, it is argued that corporate management aimed at prioritizing the shareholder, a hallmark of financialization in economies with developed stock markets, is not a corporate strategy disseminated in Brazil, being restricted to a small group of large companies.164 f.Feijó, Carmem Aparecidahttp://lattes.cnpq.br/9040659895653917http://lattes.cnpq.br/6611397102924115Centeno, Vinicius da Silva2022-12-01T22:56:14Z2022-12-01T22:56:14Z2021info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfCENTENO, Vinicius da Silva. Os canais de reprodução da financeirização ao nível das firmas não-financeiras: As particularidades do caso brasileiro após o plano real. 2021. 164 f. Dissertação (Mestrado em Economia ) – Programa de Pós-Graduação em Economia, Faculdade de Economia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2021.http://app.uff.br/riuff/handle/1/27147CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2022-12-02T13:55:55Zoai:app.uff.br:1/27147Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202024-08-19T11:01:17.388062Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false
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