A integração de famílias autóctones no colonato do Limpopo em Moçambique 1959-1977
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
Texto Completo: | https://app.uff.br/riuff/handle/1/15845 |
Resumo: | Esta dissertação busca analisar um dos maiores projetos sócio-políticos do colonialismo tardio português na colônia de Moçambique, iniciado no imediato pós-Segunda Guerra Mundial. Tal projeto, construiu-se na região Sul da colônia, junto à margem direta do curso médio do rio Limpopo, a cerca de 100km da sua foz, por isso a designação – colonato do Limpopo. Por tratar-se de um empreendimento concebido na tentativa de responder ao discurso político de criação no ultramar de sociedades multi-raciais, essa pesquisa, que se baseou em fontes bibliográficas e orais, teve como enfoque o processo da integração das famílias negras no colonato. Para compreender a integração negra subdividimos a análise em: (i) o vale do Limpopo antes do colonato; (ii) regime jurídico-legislativo do colonato; (iii) política de integração das famílias negras no colonato e (iv) o colonato no imediato pós-independência. Essa estruturação permitiu-nos perceber que habitava na região do Limpopo, um campesinato tecnicamente móvel, que combinava a agricultura, a criação do gado bovino e o trabalho migratório de caráter sazonal para as minas e fazendas sul-africanas. Porém, com a implantação do colonato em 1953, houve uma reestruturação social com cerca de 3.000 famílias expropriadas das suas terras e obrigadas a reassentarem-se fora da reserva do colonato, portanto nas terras improdutivas do sequeiro. A tal sociedade multi-racial, inspirada na teoria do Lusotropicalismo, foi ensaiada em 1957, momento em que algumas famílias negras tiveram aceso à fruição de glebas de 2ha. A partir de 1959, um reduzido número de negros foi integrado em casal agrícola, teoricamente na mesma base jurídico-legislativa dos colonos brancos. A tardia integração das famílias negras, além de outros fatores, permitiu-nos concluir que a criação da sociedade multi-racial baseada no colonato foi uma farsa no Limpopo. Sua propaganda visava despistar a crítica internacional que no pós-guerra intensificou a discussão do fim dos impérios coloniais. Não obstante essas amarrações políticas, o vale do Limpopo, a par de outras regiões da colônia, forneceu homens ao movimento de libertação, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), que depois de 10 anos de luta, proclamou a independência, em 1975. Terminava assim, os cerca de 20 anos da vigência do colonato. E, o novo governo introduziu a sua gestão que se caracterizou pela nacionalização da terra e dos imóveis, o que forçou o abandono massivo dos brancos e a perda da propriedade da terra dos «colonos negros» e camponeses em fruição. Atualmente a região denomina-se Distrito de Chókwè, pertencente à Província de Gaza ao Sul de Moçambique |
id |
UFF-2_17b7094f0db9029e8145d4e85ce88c26 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:app.uff.br:1/15845 |
network_acronym_str |
UFF-2 |
network_name_str |
Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
repository_id_str |
2120 |
spelling |
A integração de famílias autóctones no colonato do Limpopo em Moçambique 1959-1977ColonatoExpropriaçãoReassentamentoIntegraçãoColonos brancos e negrosMachamba[roça] irrigadaHistória de MoçambiqueColonizaçãoAssentamento humanoNegroMoçambiqueSettlementExpropriationResettlementIntegrationWhite and black settlersIrrigated [machamba] countyEsta dissertação busca analisar um dos maiores projetos sócio-políticos do colonialismo tardio português na colônia de Moçambique, iniciado no imediato pós-Segunda Guerra Mundial. Tal projeto, construiu-se na região Sul da colônia, junto à margem direta do curso médio do rio Limpopo, a cerca de 100km da sua foz, por isso a designação – colonato do Limpopo. Por tratar-se de um empreendimento concebido na tentativa de responder ao discurso político de criação no ultramar de sociedades multi-raciais, essa pesquisa, que se baseou em fontes bibliográficas e orais, teve como enfoque o processo da integração das famílias negras no colonato. Para compreender a integração negra subdividimos a análise em: (i) o vale do Limpopo antes do colonato; (ii) regime jurídico-legislativo do colonato; (iii) política de integração das famílias negras no colonato e (iv) o colonato no imediato pós-independência. Essa estruturação permitiu-nos perceber que habitava na região do Limpopo, um campesinato tecnicamente móvel, que combinava a agricultura, a criação do gado bovino e o trabalho migratório de caráter sazonal para as minas e fazendas sul-africanas. Porém, com a implantação do colonato em 1953, houve uma reestruturação social com cerca de 3.000 famílias expropriadas das suas terras e obrigadas a reassentarem-se fora da reserva do colonato, portanto nas terras improdutivas do sequeiro. A tal sociedade multi-racial, inspirada na teoria do Lusotropicalismo, foi ensaiada em 1957, momento em que algumas famílias negras tiveram aceso à fruição de glebas de 2ha. A partir de 1959, um reduzido número de negros foi integrado em casal agrícola, teoricamente na mesma base jurídico-legislativa dos colonos brancos. A tardia integração das famílias negras, além de outros fatores, permitiu-nos concluir que a criação da sociedade multi-racial baseada no colonato foi uma farsa no Limpopo. Sua propaganda visava despistar a crítica internacional que no pós-guerra intensificou a discussão do fim dos impérios coloniais. Não obstante essas amarrações políticas, o vale do Limpopo, a par de outras regiões da colônia, forneceu homens ao movimento de libertação, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), que depois de 10 anos de luta, proclamou a independência, em 1975. Terminava assim, os cerca de 20 anos da vigência do colonato. E, o novo governo introduziu a sua gestão que se caracterizou pela nacionalização da terra e dos imóveis, o que forçou o abandono massivo dos brancos e a perda da propriedade da terra dos «colonos negros» e camponeses em fruição. Atualmente a região denomina-se Distrito de Chókwè, pertencente à Província de Gaza ao Sul de MoçambiquePrograma de Estudantes-Convênio de Pós-Graduação - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e TecnológicoThis dissertation aims to analyze one of the biggest social-political projects about the delayed portuguese colonialism in the settlement of Mozambique, which begin immediately post World war II. This project can be seen in the South Region, close to the right riverside of the medium course of the Limpopo river, about 100km from its mouth, and therefore the designation – Limpopo colony. Since it was an undertaking conceived in the attempt to answer the politic argument of creation overseas of the multi-racial societies. This dissertation, which were based on bibliographic and oral sources, had emphasis on the process integration of black families of the settlement. In order to understand the black integration, we subdivided this analysis in: (i) The Limpopo valley before settlement; (ii) juridical-legislative system of the settlement; (iii) political integration of the black families in the settlement and (iv) the settlement in the immediate post-independence. This structuring allowed us to realize that the Limpopo region was inhabited by a technically mobile peasantry, which combined agriculture, cattle herd farming and the migratory work of seasonal character to the south-African mines and farms. However, with the settlement implantation in 1954, there was a social restructuring with about 3.000 families expropriated from their lands and obligated to resettle out of the settlement reservation, therefore on the unproductive dry lands. The multi-racial society, inspired in the theory of “Lusotropicalism”, was tested in 1957, when a few black families had access to usufruct of the rests of 2ha. From 1959, a reduced number of black people was integrated in agricultural couples, theoretically in the same juridical-legislative basis as the white settlers. A late integration of black families represented the analysis prelude of this process, beside others factor. This allowed us to conclude that the creation of a multi-racial society based on settlements was nothing but a fake in Limpopo, whose propaganda aimed to foil the international criticism that, in the post-war scenario, intensified the discussion about the end of the colonial empires. Nevertheless, these political moorings in the Limpopo valley, alongside other regions of the colony, provided men to the liberation movement, the Mozambique Liberation Front (FRELIMO) that after 10 years of struggle, proclaimed the independence in the settlement of Mozambique in 1975. It was the end of almost 20 years of validity of the settlement. In addition, the new government inserted its control restricting the properties nationalization, forcing the massive white dropout and property loss of the “black settlers”. The same happened to the peasants in usufruct of the lands. Nowadays, the region is called Chókwè District, which belongs to the Gaza Province, in South Mozambique147 f.NiteróiPinto, Marcelo Bittencourt IvairMarzano, Andrea BarbosaSaraiva, Luiz FernandoMatine, Manuel Henriques2020-11-10T16:34:47Z2020-11-10T16:34:47Z2015info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://app.uff.br/riuff/handle/1/15845Aluno de MestradoopenAccesshttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2022-08-01T16:45:04Zoai:app.uff.br:1/15845Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202024-08-19T11:00:00.858309Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
A integração de famílias autóctones no colonato do Limpopo em Moçambique 1959-1977 |
title |
A integração de famílias autóctones no colonato do Limpopo em Moçambique 1959-1977 |
spellingShingle |
A integração de famílias autóctones no colonato do Limpopo em Moçambique 1959-1977 Matine, Manuel Henriques Colonato Expropriação Reassentamento Integração Colonos brancos e negros Machamba[roça] irrigada História de Moçambique Colonização Assentamento humano Negro Moçambique Settlement Expropriation Resettlement Integration White and black settlers Irrigated [machamba] county |
title_short |
A integração de famílias autóctones no colonato do Limpopo em Moçambique 1959-1977 |
title_full |
A integração de famílias autóctones no colonato do Limpopo em Moçambique 1959-1977 |
title_fullStr |
A integração de famílias autóctones no colonato do Limpopo em Moçambique 1959-1977 |
title_full_unstemmed |
A integração de famílias autóctones no colonato do Limpopo em Moçambique 1959-1977 |
title_sort |
A integração de famílias autóctones no colonato do Limpopo em Moçambique 1959-1977 |
author |
Matine, Manuel Henriques |
author_facet |
Matine, Manuel Henriques |
author_role |
author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
Pinto, Marcelo Bittencourt Ivair Marzano, Andrea Barbosa Saraiva, Luiz Fernando |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Matine, Manuel Henriques |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Colonato Expropriação Reassentamento Integração Colonos brancos e negros Machamba[roça] irrigada História de Moçambique Colonização Assentamento humano Negro Moçambique Settlement Expropriation Resettlement Integration White and black settlers Irrigated [machamba] county |
topic |
Colonato Expropriação Reassentamento Integração Colonos brancos e negros Machamba[roça] irrigada História de Moçambique Colonização Assentamento humano Negro Moçambique Settlement Expropriation Resettlement Integration White and black settlers Irrigated [machamba] county |
description |
Esta dissertação busca analisar um dos maiores projetos sócio-políticos do colonialismo tardio português na colônia de Moçambique, iniciado no imediato pós-Segunda Guerra Mundial. Tal projeto, construiu-se na região Sul da colônia, junto à margem direta do curso médio do rio Limpopo, a cerca de 100km da sua foz, por isso a designação – colonato do Limpopo. Por tratar-se de um empreendimento concebido na tentativa de responder ao discurso político de criação no ultramar de sociedades multi-raciais, essa pesquisa, que se baseou em fontes bibliográficas e orais, teve como enfoque o processo da integração das famílias negras no colonato. Para compreender a integração negra subdividimos a análise em: (i) o vale do Limpopo antes do colonato; (ii) regime jurídico-legislativo do colonato; (iii) política de integração das famílias negras no colonato e (iv) o colonato no imediato pós-independência. Essa estruturação permitiu-nos perceber que habitava na região do Limpopo, um campesinato tecnicamente móvel, que combinava a agricultura, a criação do gado bovino e o trabalho migratório de caráter sazonal para as minas e fazendas sul-africanas. Porém, com a implantação do colonato em 1953, houve uma reestruturação social com cerca de 3.000 famílias expropriadas das suas terras e obrigadas a reassentarem-se fora da reserva do colonato, portanto nas terras improdutivas do sequeiro. A tal sociedade multi-racial, inspirada na teoria do Lusotropicalismo, foi ensaiada em 1957, momento em que algumas famílias negras tiveram aceso à fruição de glebas de 2ha. A partir de 1959, um reduzido número de negros foi integrado em casal agrícola, teoricamente na mesma base jurídico-legislativa dos colonos brancos. A tardia integração das famílias negras, além de outros fatores, permitiu-nos concluir que a criação da sociedade multi-racial baseada no colonato foi uma farsa no Limpopo. Sua propaganda visava despistar a crítica internacional que no pós-guerra intensificou a discussão do fim dos impérios coloniais. Não obstante essas amarrações políticas, o vale do Limpopo, a par de outras regiões da colônia, forneceu homens ao movimento de libertação, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), que depois de 10 anos de luta, proclamou a independência, em 1975. Terminava assim, os cerca de 20 anos da vigência do colonato. E, o novo governo introduziu a sua gestão que se caracterizou pela nacionalização da terra e dos imóveis, o que forçou o abandono massivo dos brancos e a perda da propriedade da terra dos «colonos negros» e camponeses em fruição. Atualmente a região denomina-se Distrito de Chókwè, pertencente à Província de Gaza ao Sul de Moçambique |
publishDate |
2015 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2015 2020-11-10T16:34:47Z 2020-11-10T16:34:47Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/masterThesis |
format |
masterThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://app.uff.br/riuff/handle/1/15845 Aluno de Mestrado |
url |
https://app.uff.br/riuff/handle/1/15845 |
identifier_str_mv |
Aluno de Mestrado |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
openAccess http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/ CC-BY-SA info:eu-repo/semantics/openAccess |
rights_invalid_str_mv |
openAccess http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/ CC-BY-SA |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Niterói |
publisher.none.fl_str_mv |
Niterói |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) instname:Universidade Federal Fluminense (UFF) instacron:UFF |
instname_str |
Universidade Federal Fluminense (UFF) |
instacron_str |
UFF |
institution |
UFF |
reponame_str |
Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
collection |
Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF) |
repository.mail.fl_str_mv |
riuff@id.uff.br |
_version_ |
1811823631838216192 |