Resistir e vencer pela força espiritual dos antigos : conflito de territorialidades na demarcação da terra indígena Guarani Mbya de Mato Preto

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Vedovatto, Marjana
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: http://app.uff.br/riuff/handle/1/29118
Resumo: A presente dissertação de mestrado busca demonstrar os conflitos de territorialidades presentes na demarcação da Terra Indígena Guarani de Mato Preto, situada na Região Norte do estado do Rio Grande do Sul, onde temos uma configuração agrária baseada na “agricultura familiar”, com uma estrutura fundiária de pequenos e médios lotes, superposta a territorialidades originárias associadas a ecossistemas integrantes do Bioma Mata Atlântica. Em termos ambientais, a região em estudo situa-se na bacia hidrográfica do Alto Uruguai, ecossistema de Floresta Ombrófila Mista em zona de encontro com a Floresta Estacional Decidual. A colonização efetuada sobre territórios indígenas nesta área ocorreu via ação governamental no início do século XX. Na ocasião foram inseridos nessas terras “colonos”, descendentes de imigrantes europeus. Neste caso, trabalharemos com a questão da usurpação territorial indígena ocorrida na época, os impactos ambientais e sociais pós-colonização agrícola e o conflito atual perante a retomada Guarani de seu território tradicional. O conflito é analisado a partir das territorialidades distintas, pela diferenciação de modos de vida e formas de ver, entender e se relacionar com o mundo. A partir disso, inicia-se a discussão sobre as estratégias moderno-coloniais multi-escalares contra o modo de ser indígena e a demarcação de suas terras. Abordamos a paralisação da demarcação e os principais recursos discursivos, técnicos e ideológicos que compõe estas estratégias, culminando em uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos órgãos responsáveis pelas demarcações de Terras Indígenas e Quilombolas (FUNAI E INCRA). Concomitante a isso, atenta-se para o fato da constante articulação e resistência Guarani na luta por reconhecimento de seu povo e de sua cultura a partir da sua sabedoria e força espiritual ancestral na retomada de seus territórios e na defesa de seus direitos originários, compreendido por nós como uma resistência “anticolonial”. Para isso, buscamos utilizar como catalisador das discussões o conceito de territorialidade, que aplicado ao caso, trata do conflito para além da disputa pela terra, revelando questões ontológicas e epistêmicas, bem como as ações resultantes de cada matriz de racionalidade na formação territorial segundo suas formas de grafar o espaço.
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A colonização efetuada sobre territórios indígenas nesta área ocorreu via ação governamental no início do século XX. Na ocasião foram inseridos nessas terras “colonos”, descendentes de imigrantes europeus. Neste caso, trabalharemos com a questão da usurpação territorial indígena ocorrida na época, os impactos ambientais e sociais pós-colonização agrícola e o conflito atual perante a retomada Guarani de seu território tradicional. O conflito é analisado a partir das territorialidades distintas, pela diferenciação de modos de vida e formas de ver, entender e se relacionar com o mundo. A partir disso, inicia-se a discussão sobre as estratégias moderno-coloniais multi-escalares contra o modo de ser indígena e a demarcação de suas terras. Abordamos a paralisação da demarcação e os principais recursos discursivos, técnicos e ideológicos que compõe estas estratégias, culminando em uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos órgãos responsáveis pelas demarcações de Terras Indígenas e Quilombolas (FUNAI E INCRA). Concomitante a isso, atenta-se para o fato da constante articulação e resistência Guarani na luta por reconhecimento de seu povo e de sua cultura a partir da sua sabedoria e força espiritual ancestral na retomada de seus territórios e na defesa de seus direitos originários, compreendido por nós como uma resistência “anticolonial”. Para isso, buscamos utilizar como catalisador das discussões o conceito de territorialidade, que aplicado ao caso, trata do conflito para além da disputa pela terra, revelando questões ontológicas e epistêmicas, bem como as ações resultantes de cada matriz de racionalidade na formação territorial segundo suas formas de grafar o espaço.La presente disertación de maestría busca demostrar los conflictos de territorialidades presentes en la demarcación de la Tierra Indígena Guaraní de Mato Preto, situada en la Región Norte del estado de Rio Grande do Sul, donde tenemos una configuración agraria basada en la "agricultura familiar", con una estructura agraria de pequeños y medianos lotes, superpuesta a territorialidades originarias asociadas a ecosistemas integrantes del Bioma Mata Atlántica. En términos ambientales, la región en estudio se sitúa en la cuenca hidrográfica del Alto Uruguay, ecosistema de Bosque Ombrófilo Mixto en zona de encuentro con el Bosque Estacional Decidual. La colonización efectuada sobre territorios indígenas en esta área ocurrió vía acción gubernamental a principios del siglo XX. En la ocasión fueron insertados en esas tierras "colonos", descendientes de inmigrantes europeos. En este caso, trabajaremos con la cuestión de la usurpación territorial indígena ocurrida en la época, los impactos ambientales y sociales pos-colonización agrícola y el conflicto actual ante la retomada Guaraní de su territorio tradicional. El conflicto es analizado a partir de las territorialidades distintas, por la diferenciación de modos de vida y formas de ver, entender y relacionarse con el mundo. A partir de eso, se inicia la discusión sobre las estrategias moderno-coloniales multi-escalares contra el modo de ser indígena y la demarcación de sus tierras. Abordamos la paralización de la demarcación y los principales recursos discursivos, técnicos e ideológicos que componen estas estrategias, culminando en una CPI (Comisión Parlamentar de Inquérito) de los órganos responsables de las demarcaciones de Tierras Indígenas y Quilombolas (FUNAI E INCRA). Concomitante a eso, se atenta al hecho de la constante articulación y resistencia guaraní en la lucha por el reconocimiento de su pueblo y de su cultura a partir de su sabiduría y fuerza espiritual ancestral en la reanudación de sus territorios y en la defensa de sus derechos originarios, por nosotros como una resistencia "anticolonial". Para esto, buscamos utilizar como catalizador de las discusiones el concepto de territorialidad, que aplicado al caso, trata del conflicto más allá de la disputa por la tierra, revelando cuestiones ontológicas y epistémicas, así como las acciones resultantes de cada matriz de racionalidad en la formación territorial según sus respectivas formas de grabar el espacio.180 p.Costa, Rogério Haesbaert daCruz, Valter do CarmoSilveira, Dilermando Cattaneo daFreitas, Ana Elisa de CastroVedovatto, Marjana2023-06-14T20:06:03Z2023-06-14T20:06:03Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfVEDOVATTO, Marjana. Resistir e vencer pela força espiritual dos antigos : conflito de territorialidades na demarcação da terra indígena Guarani Mbya de Mato Preto. 2017. 180 f. 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